Para quem está precisando de sugestões do que assistir, agora que as férias chegaram, uma ótima pedida é a série inglesa Downton Abbey.

Em seu caminho para a 4ª temporada, a série inglesa só me surpreendeu. Devo admitir que minha demora para ver o piloto estava relacionada à preguiça em saber que a história era constituída de muitos personagens e, portanto, de possíveis núcleos descartáveis que só serviriam para preencher espaço. Mas foi exatamente o oposto.

A série se passa no início do século XX, em 1912 e está, atualmente, em 1920. Sendo assim, a história se desenrola na aristocracia inglesa e suas inúmeras tradições, postas em questão com o decorrer do tempo, especialmente depois da 1ª Guerra Mundial, marco para muitas mudanças e alterações no rumo das tramas.

A propósito, é muito bacana ver os valores daquela época e compará-los com os atuais, percebendo as mudanças e os também os resquícios de determinadas formas de pensamento. Um dos destaques são as irmãs Crawleys, especialmente Sybil e Edith, que colocam em cheque a posição da mulher na sociedade da época, gerando discussões sobre o voto feminino, o trabalho fora de casa e profissões que não poderiam ser desempenhadas por mulheres de família, como o jornalismo.

Outra virtude de Downton Abbey é manter a maioria das tramas interessantes, uma vez que os personagens deixam o espectador intrigado para saber as verdadeiras motivações que desencadearam certas ações e atitudes. Os poucos episódios de cada temporada também ajudam a manter os mistérios e a não cair na rotina da reciclagem de tramas. Além disso, os personagens não são planos ou arbitrários. Durante o passar dos anos, são perceptíveis mudanças aqui e ali, propiciadas pelos mais diversos acontecimentos, porém ninguém é desfigurado ou comete atitudes aleatórias sem que um conjunto de fatores não tenha sido construído.

E aqueles que acham que a série se constitui apenas de fofocas e desavenças entre senhores e criados, podem se surpreender com os assuntos explorados pela trama: desde a homossexualidade até a questão da divisão hierárquica. E, para quebrar o gelo, as divertidas adaptações do pessoal de Downton às inovações tecnológicas, como a eletricidade e o telefone, assim como os comentários mais do que sinceros da prima Violet, interpretada por ninguém menos que Maggie Smith.

Não preciso dizer que a fotografia e o figurino são impecáveis, né? E os atores pra lá de competentes, como provam as premiações no Emmy e no Globo de Ouro. Claro que algumas histórias passam quase despercebidas, mas são a minoria e nada que estrague o desenvolvimento da série como um todo. Então aproveitem que as temporadas são constituídas de oito episódios e mais dois especiais de Natal e corram para assistir. Vale a pena!

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