Trambiques
sexuais.
Shameless é um drama intenso com toques
cômicos de humor negro e, dividindo os 53 minutos do episódio entre tantos
personagens, a história não dá descanso ao espectador. O preço, contudo, é que
certas situações poderiam ser bem melhor exploradas. De qualquer modo, são
cenas rápidas em que muito acontece e, ao término do episódio, parece que vemos
vários capítulos emocionantes em um só.
Como sempre, enganações
e trapaças fazem parte da realidade dos personagens de Shameless e dessa vez o tema predominante teve a ver com sexo.
A começar por
Fiona. Ao fazer compras em um mercado, a caixa tem um ataque de nervos e se
demite porque o gerente fica insistindo que ela tire seu intervalo. Mas por que
será que o gerente estaria tão ansioso pelo intervalo da funcionária? E o que a
faria ficar assim tão transtornada? Já, já saberemos.
Fiona,
percebendo a oportunidade, candidata-se imediatamente ao emprego. Tudo vai bem
até que o gerente canalha começa fazer sugestões do tipo “você tem que saber
lidar com as carnes, principalmente as salsichas”, coisas desse tipo. Ou seja,
deixa entendido, que Fiona só conseguirá o emprego se fizer sexo oral com ele.
Uma atitude nojenta, mas em termos de história não chegou a surpreender
consideramos o que já se viu em Shameless.
E parece que tudo terminou bem, pois, elaborando uma armadilha com a ajuda de
Veronica, Fiona consegue provas incriminadoras contra o gerente safado e o
chantageia para conseguir o emprego. Mas esse assunto vai ter seus
desdobramentos.
A trama mais interessante
envolveu Lip. Quando Fiona e Debbie voltavam para casa de ônibus, um pervertido
praticou uma cena repugnante, deixando a pequena Debbie chocada. Lip se revolta
e, pesquisando o banco de dados dos ex-presos por ofensas sexuais, descobre que
um tal de Blake Collins mora ali perto. Foi o suficiente para se formar uma
pequena multidão pronta para um linchamento. Só que chegando à casa do tal de
Blake constatam que ele, na verdade, é ela. E não ajudou o fato de Blake ser
interpretada pela bela e meiga Justine Lupe. Trata-se de uma professorinha que
seduziu um aluno menor de idade. E ao ver aquele “anjinho”, a multidão se
dispersa sem jeito.
É normal que uma
clássica fantasia sexual masculina evolva uma mulher tão linda e delicada quanto
ela no quesito iniciação sexual, mas ao mesmo tempo Blake deixa claro seu
caráter, ao dizer que não apenas “transou” com seu aluno, mas o amava e amar
não é crime, e ela pagou por seu “erro”. Ou seja, a ex-professora parece muito
bem ainda ser uma predadora sexual e não aparenta se arrepender do fato.
Lip, decidido a
provar que isso é verdade, finge que é um adolescente inocente e se oferece a
aparar sua cerca viva (o que dá origem ao título do episódio), tira a camisa,
após a jardinagem, pede limonada, etc. Ora, Lip pode tecnicamente ser um menor,
mas sabemos que ele é adulto faz tempo. De qualquer modo, a loira cai na
armadilha de Lip e, enquanto corrige sua gramática e lhe promete ensinar um
mundo de coisas, os dois têm relações íntimas. E eu diria até que os dois
formam um belo casal, embora fique uma situação pra lá de estranha, numa
mistura de cena engraçada com perturbadora.
No final, Lip
fica completamente envolvido e até chega a ensinar a sua namorada Mandy algumas
coisinhas que aprendeu com a “fessora”, mas quando Mandy vê que Lip está depilado
lá embaixo (ele aparou a cerca dela e ela, a dele), resolve ameaçar a predadora
sexual de morte mostrando-lhe sua futura cova, forçando que ela se mude.
Os outros
Gallaghers também estiveram bastante ocupados. Ian tem que lidar com seu
triângulo amoroso, com a volta do namorado (que não admite que é gay) e o pai
de Jimmy. Este, por sua vez, tem que aturar os chiliques da mimada “esposa”
brasileira, gritando impropérios misturados em inglês e português, enquanto
eles compram um vestido de noiva e tiram fotos para provar seu “casamento”. E
até a vizinha Veronica tem que aturar a (tecnicamente) esposa do “namorido”
Kevin, que lhe promete arrancar o divórcio finalmente.
Ocorre que a tal
da esposa tem uma surpresa: um menino que pode, ou não, ser filho de Kevin. Mas
tudo não passa de armação, pois o guri nem filho dela é. E quem sai no lucro é
Debbie, que consegue um namoradinho. E Veronica, quando fica sabendo que a
esposa é uma tremenda mentirosa, arma o barraco e a força a assinar os papéis
do divórcio.
E
não esqueçamos de Frank, pois ele sempre apronta. Dessa vez, convence a
desesperada Sheila a deixá-lo levar Hymie ao médico para tomar as vacinas
enquanto ela descansa. Frank espeta o braço do menino com um alfinete e põe-lhe
um esparadrapo no braço para fingir que o garoto recebeu as vacinas para ficar
com o dinheiro, enquanto dá um de seus incoerentes discursos no bar sobre
conspirações do governo e como vacinas transmitem AIDS e autismo. O que eu
gostaria de saber é como as pessoas ainda confiam no Frank e deixam com que ele
lide com o dinheiro dos outros, pois esse homem não tem um pingo de honestidade
no corpo.
Ah, e Frank
ainda tenta lucrar com a síndrome de Down de Hymie ao tentar conseguir doações
de uma instituição que ajuda crianças com câncer. Ao saber que a instituição só
ajuda crianças à beira da morte, Frank convence seu filho Carl de que ele tem
câncer e raspa seu cabelo, em mais uma “cerca” aparada no episódio. E Carl,
como sabemos, não é exatamente um pensador, acredita em na história do pai. Mas
tudo o que Frank, para seu desapontamento, consegue é um acampamento de férias
para Carl. Quando pensamos que Frank atingiu o limite do deplorável, ele faz
algo ainda pior.
Ao final do
episódio o que mais me chamou atenção foi a trama de Lip e da professorinha. No
Brasil é comum adolescentes abaixo de 18 anos namorarem pessoas mais velhas e a
lei e os costumes americanos são mais rígidos nesse respeito. Mas por outro
lado, segundo a letra da lei, o maior de idade pratica estupro presumido lá e
cá. Você acha que seria assim um crime tão grande uma professora jovem ter
relações com um aluno? E com adolescente maduro como o Lip? O que achou do comportamento
dela no episódio? E as outras tramas aonde nos levarão? Deixe sua opinião nos
comentários.
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