Como você qualificaria Homeland? Impecável? “Pulou o tubarão”? E como os personagens principais mudaram desde a primeira temporada? Veja agora.

Pelo menos para mim, Homeland ofereceu uma temporada muito gratificante em termos de televisão. Houve um ritmo intenso, surpresas constantes, reviravoltas inesperadas a todo o momento. Porém há quem diga que isso teve um custo: o realismo e a plausibilidade da história.

Por um lado, Homeland se tornou o show imperdível em grande parte devido à disposição dos roteiristas em despedaçar as convenções narrativas usadas em séries de TV. Outro programa teria esperado até o meio da temporada para que o segredo de Brody (o fato de estar trabalhando com os terroristas) fosse revelado; Homeland o fez no segundo episódio. Outro programa teria deixado para Brody se tornar um agente duplo no final da temporada; Homeland o fez no quinto episódio. Outro programa teria tornado a trama de destruir a célula de Abu Nazir o elemento central da história; Homeland chegou a esse clímax a três episódios do final. 

O ritmo massacrante da história, aliado às performances impecáveis dos intérpretes de Brody, Carrie e Saul, sem dúvida contribuiu para uma experiência eletrizante. Mas, infelizmente, isso significou que personagens secundários foram relegados a um papel de apêndice e frequentemente ficamos desejando que as cenas com eles, em particular os da família de Brody, terminassem logo para que voltássemos à trama principal.

Nada disso seria um grande problema se estivéssemos sendo apresentados à série nessa temporada. Ocorre que a primeira foi magistral e a comparação é inevitável. Inevitável também foi o fato de que o show deveria mudar e evoluir de um ano para outro. A questão que resta, então, é considerar: o show mudou para melhor?

E, afinal de contas, será que Homelandjumped the shark”? Há quem diga que o sequestro de Carrie ou a morte de Walden foi a gota d’água. Outros críticos apontam o momento em que Brody matou o alfaiate para poder falar ao telefone com a mulher. E ainda tem os que escolhem o final da primeira temporada, quando Brody desiste de se explodir e resolve se tornar um político para vingar a morte de Isa. Acho que qualquer um desses momentos é ótima escolha.

Por fim, vejamos o que aconteceu com os personagens que mais mudaram da primeira para a segunda temporada.

1. Nicholas Brody


Como começa (1ª Temporada) – Uma figura perturbada. Ex-prisioneiro de guerra, é alvo de uma suspeita: será ele um terrorista, uma vítima ou um herói?

Como termina (2ª Temporada) – Fugitivo, perseguido por um ato hediondo de terror que ele pode ou não ter causado. (Eu diria que não, mas em se tratando de Homeland, nunca se sabe.)

Veredito - Brody foi o personagem mais inconstante de todo o programa. Foi amante, apaixonado, muçulmano praticante, terrorista, homem com uma vingança, assassino, político, pai, marido, agente duplo, fugitivo... O que o enredo exigiu, ele fez. E o espectador ficou um tanto (bastante) perdido.

2. Carrie Mathison


Como começa (1ª Temporada) – Agente da CIA com um grande segredo: é bipolar. Trata-se com remédios dados pela irmã médica e esconde sua condição. É ótima agente, mas faz coisas doidas e fora da lei para desvendar uma ameaça terrorista (que só ela vê). É a única que suspeita que Brody seja um terrorista.

Como termina (2ª Temporada) – Sua condição de bipolaridade está tratada, ela é ótima agente e séria candidata a uma promoção. Mas tem novo segredo: ajudou Brody a fugir, está apaixonada por ele e é a única a acreditar que ele seja inocente.

Veredito - A bipolaridade oculta era a marca pessoal da personagem, algo que a tornava única. Ao resolver isso, ficou mais convencional. Sua “loucura” ainda a torna interessante, como quando fica obsessiva para revolver um caso e passa por cima de sues chefes. Mas sinto falta da Carrie totalmente descontrolada. Em vez disso temos a Carrie fazendo loucuras por amor, o que é um pouco difícil de digerir às vezes.

3. Abu Nazir


Como começa (1ª Temporada) – É figura misteriosa, visivelmente inspirada em Osama Bin Laden, espécie de inimigo público número 1.

Como termina (2ª Temporada) – Termina morto, e possivelmente por trás de um grande atentado.

Veredito – A trajetória de Abu Nazir foi a menos plausível de todas. Era uma espécie de mentor de terrorismo internacional, mas viajou para os EUA onde se comportou como um líder de célula terrorista de baixo nível, sendo abatido como um gangster comum. Andou pelas ruas dos EUA, raptou uma agente de seu carro, foi pego pelas câmeras de uma loja de conveniência usando cartão de crédito falso. E degolou agentes nas sobras de túneis abandonados. Imagine o Bin Laden fazendo tudo isso. Ah, e assassinou o Vice-presidente dos EUA por Wi-Fi, ou GPS, ou coisa assim. E pode ter planejado em detalhes o atentado à CIA mesmo depois de sua morte!

4. Dana Brody


Como começa (1ª Temporada) – De início é uma menina perspicaz e sensível, tem problemas com a mãe, mas é a única a realmente se ligar com o pai, e é quem descobre que ele é muçulmano.

Como termina (2ª Temporada) – Insuportável, mas pelo menos no fim, como foi a única a testemunhar o estado de ânimo do pai, é quem mais pode ter certeza da inocência dele.

Veredito - Cabe como menção honrosa, em homenagem aos personagens que ficaram sem função. Na segunda temporada virou uma adolescente chata que reclamava todo o tempo. Protagonizou uma trama desnecessária sobre um atropelamento. Ora, roteiristas, Homeland é sobre terrorismo e, não, sobre adolescentes mimados que atropelam inocentes e causam dramas familiares. 

E aí, o que você achou? Que personagem teve melhor evolução? Homeland melhorou ou piorou? “Pulou o tubarão”? Em que momento?

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