Será que Person of Interest se provou merecedora da renovação?

POI foi a estreia que mais amei na Fall de 2011. De longe ela foi a série que mais surpreendeu, especialmente quando considero o fato de que não estava nem um pouco empolgada para vê-la. Diante da qualidade da primeira temporada, a renovação veio como consequência natural. Era óbvio que a CBS, ou qualquer outro canal que a exibisse, não deixaria passar tal oportunidade. Principalmente pela alta audiência que correspondia aos esforços da série.

No entanto, depois de fazer uma primeira temporada com maestria e uma Season Finale de arrepiar, voltamos para uma segunda rodada de uma série que mais parecia ser totalmente inexperiente. Depois do 2x02, onde Finch é libertado e descobrimos mais sobre a origem de Root, o resto dos episódios parece que foi dominado por um terrível azar.

Tirando os que contaram com a presença de Zoe (2x05 e 2x06) porque, né... Zoe é Zoe, não deu para entender este retrocesso de Person. Atores ruins, casos ruins, finais ruins. E, para piorar, a lista imensa de vilões que a série tem foi deixada de lado. Elias, que terminou preso na temporada passada, voltou apenas uma vez para um jogo de xadrez com Harold. Cara, que deveria estar tocando o terror e explodindo Snow, apareceu -- de relance -- só uma vez também.

Um vilão que anda aparecendo muito é a HR. Descobrimos no 2x05, "Bury the Ledge", que Alonzo Quinn (Clarke Peters) é o chefe da organização. Pouco depois descobrimos também que ela não está com essa moral toda, vide que Elias, de dentro da prisão, tem mais poder do que ela e ainda consegue aplicar um singelo bullying na fragilizada concorrente. Até aí tudo bem. Estamos conhecendo aos poucos mais uma trama promissora da série que, talvez, pode até trazer de volta a jornalista Maxine (que tinha que virar personagem regular junto com Zoe...).

Contudo, o que o roteiro está usando para nos mostrar a HR está sendo um grande pecado. Vocês se lembra da razão de Fusco voltar a ser corrupto? É porque John pediu, não é? Então por que agora o detetive está carregando a cruz sozinho? Por que ele finge que é corrupto, mas se comporta como se fosse mesmo e esconde o perigo que corre daquele que enfiou ele nesse buraco? Não dá para entender.

Diversas vezes nesses dez episódios, Fusco se meteu em encrenca e nem pensou em mencionar para Reese. O filho dele foi ameaçado e ele não contou nada. No momento em que ele cogitou falar alguma coisa, resolveu deixar para lá no minuto seguinte. Este recurso de "falta de comunicação" é muito, mas muito pobre. Os roteiristas deveriam ser mais inteligentes neste ponto e criar um problema com uma real lógica, onde Lionel tivesse uma trama séria de verdade, e não uma coisinha que com cinco minutos de diálogo dá para resolver.

Mas, fingindo que dá para complicar o simples, eis que Reese não falou para Carter que Fusco está fazendo um "trabalho sujo" para ele, mesmo depois dos dois detetives terem se descoberto do "mesmo lado" (!). Aí, ela recebe uma denúncia anônima do safado do Simmons, e começa a investigar a morte do policial que seu coleguinha matou. Olha só, isso tudo dá um ciclo imenso de besteira que os três poderiam resolver num toque de mágica. 

Agora pensa: para onde que essa história está indo? Carter pode, agora ou mais tarde, descobrir tudo e encobrir para salvar a pele de Fusco, o que é provável que ela fará... a não ser que desta vez a detetive se revolte e, depois de abafar muita sujeira de John, ela ache que neste caso não vale à pena. Fusco vai se enrolar mais ainda por causa de John, a ponto de o próprio John não poder salvá-lo. Ele está num trabalho disfarçado para Reese, mas para a polícia e a justiça ele é só mais um policial corrupto e assassino. Estou esperando, então, que a série me surpreenda com uma saída inteligente e criativa para ele (pelo menos a saída tem que ser). Uma que de preferência o mantenha na história.

O trauma que puseram em Harold depois do sequestro foi bem interessante. No início até vimos ele expressar sua dificuldade em sair e vimos Bear, (a versão canina de John...), o "ajudar" a superar o medo. Mas tudo passou muito rápido, não? Por causa da urgência dos casos, onde Reese não tinha como cobrir toda a extensão do perigo, Finch acabou tendo que sair da toca na marra. Fez sentido, de certa forma. Porém, teria sido melhor se víssemos mais da recuperação do nerd. Vamos combinar que Root-louca fez um grande estrago com aquela conversa de "bad code" e matando Denton Weeks na frente dele.

O que vimos mais, e bem melhor, foi a forma como ele e Grace se conheceram (2x08). Como num conto de fadas, Finch descobre sua alma gêmea através da Machine. Quer dizer, a Machine se revelou numa coisa bem... safadinha. Enquanto ela vigiava as puladas de cerca de Nathan (tão devastado pelo divórcio, hein), ela deu uma de cupido para Harold. Sem dúvida, a melhor coisa que ela já fez. E com o tanto que ele se empenhou para conquistar e tratar Grace como uma rainha, mal dá para imaginar a tristeza que ele sente por tê-la deixado. Mal posso esperar pela hora deles dois se reencontrarem. Aliás, é até meio estranho que ela nunca tenha se topado com ele já que ele é o stalker número 1 da ruiva.

Basicamente, todo mundo aqui já encontrou um par. Carter anda tendo encontros quentíssimos com (o suspeito) Cal Beecher, Fusco (até Fusco) arrumou um baita par, Finch namora Grace de longe, Bear namora os donnuts da mesa de Harold, e John ficou sem par no final da dança. Opa, melhor dizendo, ele tem um belíssimo par. Gente, quantas investidas mais Zoe tem que dar pra cima dele? No 2x06, quando os dois estavam brincando de casinha, o caso acabou, tudo se resolveu, e lá estava aquele mulherão caçando motivos pra ficar mais tempo perto dele. No 2x05 ela deu um tapa no traseiro do homem! E o que Reese fez em relação a tudo isso? Ficou de cara vermelha e não chamou ela para sair. Nota 0 para o moço.

Falando agora do 2x10, Shadow Box, confesso que este cliffhanger me surpreendeu muito. Negativamente. Depois de ver aquelas teorias absurdas de Donnelly, que mais pareciam conspirações de um drogado, mal dá para acreditar que logo ele colocou a mão em Reese. De todos os outros que o caçam e que não, obviamente, mais inteligentes, logo Donnelly saiu na frente.

O que salvou a situação toda foi a presença traidora de Carter. Foi simplesmente lindo vê-la usando todo o seu poder para proteger o man in a suit, chegando ao ponto de mentir na maior cara lavada que não o reconhecia. Além disso, Finch desesperado na andar de cima foi de partir o coração.

Honestamente, eu esperava (muito) mais de POI nesta primeira fase de sua 2ª temporada. Como disse no começo, a série fez muito bem seu primeiro ano e tinha tudo para continuar fazendo bonito agora. Para muitos fãs, do 1x01 ao 1x09, Person foi mais lenta por estar preparando o terreno para o que vinha depois. Isto é completamente compreensível quando se trata de uma série nova. Mas não é o caso agora. Não faz o menor sentido esta atual lentidão, esta tamanha desconexão com o arco central. 

Não sei responder a pergunta que usei para iniciar esta review, já que parece que, nesse ritmo, somente na próxima metade de episódios é que veremos ação de verdade naquilo que nos interessa. Person of Interest podia pensar bem em mudar essa tendência.


Observações:

- Cadê Will?

- E cadê Root? 

- Graças a Deus a série não investiu em romantismo entre a dupla Carter e Reese. Ia estragar tudo.

- Carter no FBI: toda a série em outro nível.

- Quem aí sentiu um quê de The Mob Doctor no 2x07, "Critical"?

- A sugestão de que a Machine possui "sentimentos próprios" foi maravilhosa. Para mim, ela já é um personagem.

- Review feitas no 2º semestre de 2012: 2x01, The Contingency, e 2x04, Triggerman.

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