Archer encontra sua alma gêmea. No sentido estritamente hétero, é claro.

Archer continua sendo um dos melhores desenhos para adultos da TV a cabo americana. Com uma arte impecável e um diálogo muito criativo, apresenta um humor que às vezes beira o grosseiro, mas é ousado e constitui uma ótima alternativa às comedias tão batidas de humor familiar ou de jovens tentando namorar. Dessa vez, Archer tem que se confrontar com sentimentos de amizade e demonstrações pra lá de inapropriadas de amor. E, enquanto isso, Lana enfrenta uma rajada de tiros e Cyril quase morre de hipotermia, ou seja, mais um dia comum na vida dos agentes da ISIS.


O episódio começa com Archer sendo comunicado de maneira casual demais que seu melhor amigo (o agente da ODIN e ex-agente da ISIS Lucas Troy) morreu e é considerado culpado do roubo de urânio, de dez milhões de dólares e pela morte de seus colegas agentes. Claro que Archer não acredita nisso, e fará de tudo para provar a inocência do companheirão. Afinal, quem já não teve ou sonhou ter aquele melhor amigo, supercompanheiro com quem pode compartilhar todos os melhores momentos da vida?


Realmente Archer e Troy sempre foram muito ligados e Archer o considera o melhor amigo, embora todos os outros o considerem o ÚNICO amigo de Archer. E como Troy tem a mesma personalidade egocêntrica e irritante de Archer, e desertou da ISIS para ir trabalhar na ODIN, então todos os outros o odeiam na agência comandada por Mallory Archer.

Archer descobre o paradeiro de Troy em um local isolado em Vermont, norte dos EUA e vai lá decidido a provar a inocência do amigo e descobrir quem é o traidor infiltrado na ODIN que o incriminou. Só que quando lá chega, Archer constata que várias coisas sugerem que há algo errado acontecendo.


Para começar, Troy está mais entusiasmado com sua nova pousada do que em provar sua inocência. A casa precisa de uma caríssima reforma, mas Troy deixa escapar que “dinheiro não é problema.”

A essa altura, o espectador já adivinhou que os sentimentos de Troy são bem mais fortes que amizade, mas como o pior cego é aquele que não quer ver, Archer custa a perceber o óbvio. O diálogo que se segue é impagável:

Troy: “Essa pousada é para nosso futuro juntos.”
Archer: “Espere... Futuro juntos? Me desculpe, estou por fora. Estou recebendo umas vibrações gays.”
Troy: “Que é isso, cara? Não sou gay.”
Archer: “Ufa!”
Troy: “Por outros homens.”
Archer: “Ih... Estou por fora de novo.”
Troy: “Tem algo especial em você.”
Archer: “Que deixa você gay por mim?”
Troy: “Sabe, eu não gosto dessa palavra.”
Archer: “Desculpe, mas eu não inventei a língua inglesa.”
Troy: “É mais como uma atração singular pelo mesmo sexo.”


Archer: “Minha cabeça está girando.”
Troy: “Sei, é muito o que processar.”
Archer: “Não, girando literalmente.”
Troy: “É, também porque droguei o vinho. Achei que você iria pirar quando eu contasse.”
Archer: “Eu até entendo. (Balbuciando.) Eu transaria comigo.”
Troy: “E também tem o detalhe de que eu realmente e roubei o urânio, o dinheiro e matei meus colegas agentes.”


Nesse meio tempo, Cyril e Lana localizam Archer e Troy. Cyril, precavido como ele só, põe uma roupa laranja berrante, pois “é a cor mais indicada para não ser alvejado acidentalmente.” “Ah, é? E quanto a ser atingido intencionalmente?” retruca Lana.


Então, Cyril decide livrar-se das roupas berrantes. Troy, aproveitando que o amigo/prisioneiro/paixão enrustida está incapacitado, decide matar os colegas de Archer, começando uma emocionante troca de tiros.



No final, Lana, graças às suas famosas mãos enormes, derruba uma árvore em cima de Troy. Este, agora à morte, finalmente confessa seu amor incondicional a Archer. Mais uma parte do diálogo que merece ser revista:


Troy: “Lembra daquela missão na Embaixada Cubana?”
Archer: “Sei, havíamos fumado umas que outras.”
Troy: “E depois que você desmaiou em seu quarto...”
Archer: “Peraí! Se você realmente me ama...”
Troy: “Você sabe que sim.”
Archer: “Então por favor não termine essa frase.”
Troy: “Cara, é minha confissão ao leito de morte. Qualé, estou morrendo!”
Archer: “Só que eu não estou. Então, por favor...”
Troy: “Depois que você desmaiou, esgueirei-me no seu quarto com um grande frasco de óleo bronzeador, coloquei um CD do Al Green e...”

Então na floresta se ouve um grito de horror proferido por Archer:


E na volta, Lana, Cyril e Archer, mortificados, percorrem todo o caminho em silêncio.


Então, será que aprendemos alguma coisa sobre a amizade nesse episódio? Não tenho certeza, mas Archer certamente aprendeu a não baixar a guarda e a selecionar melhor seus amigos. E considerando a mãe que ele tem e todas as situações desastradas pelas quais já passou, não é de admirar que ele seja assim tão perturbado.

E aí, esse episódio fez você olhar seus amigos de forma diferente? Compartilhe suas experiências conosco.

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