Era uma vez, três porquinhos que moravam com sua mamãe. Um belo dia, eles decidiram viver sozinhos. Assim, o mais novo e mais brincalhão construiu uma casa para si feita de palha. O do meio - ansioso para brincar com o mais novo - construiu sua casa com alguns galhos. Já o mais velho, que era mais ajuizado, disse "vou construir a minha de tijolos, assim terei uma casa muito resistente contra o lobo-mau."

Adivinha quem sobreviveu.

Nesta semana, o lobo-mau, digo, os wolves, bateram na porta de Alexandria. E, assim como na invasão da prisão e de Terminus, The Walking Dead nos presenteia com um banho de sangue primoroso, onde humanos se viram contra humanos. Inclusive, não acho que tudo teria o mesmo impacto se fosse somente mais uma invasão zumbi. Assassinos impiedosos, ágeis e inteligentes são muito mais assustadores.

Já fazia algum tempo que não tínhamos um episódio tão violento e intenso quanto "JSS", que poderia facilmente ser intitulado "Olha como os moradores de Alexandria são umas antas!". Tudo isso corrobora o discurso de Rick na semana anterior sobre a sobrevivência do mais forte. Aliás, não saber usar uma arma, em pleno apocalipse, não só parece estúpido, como é uma afronta a todas as regras de sobrevivência que filmes, livros, séries e HQ's de zumbis algum dia estabeleceram. Mesmo assim, temos os porquinhos de Alexandria correndo de um lado para o outro como alvos fáceis, enquanto os lobos assopram, assopram e derrubam tudo e a todos.

Por sorte, o exército de uma pessoa só, Carol, esteve de volta a ação. Aliás, vamos tirar um momento para dizer... puta merd*, o que foi aquele susto na primeira aparição de um dos lobos? Quando Shelly (após tomar uma boa dose de vergonha na cara durante a discussão sobre macarrão) casualmente fumava seu cigarro no jardim até ser surpreendida por um facão nas costas. Eu quase tive um infarto. Isso é para você aprender a não reclamar de comida no apocalipse. Aliás, um detalhe interessante são as batidas do timer de cozinha que estabelecem o clima de suspense, sem a necessidade de uma trilha sonora expositiva te dizendo "vai acontecer algo, se prepare." 

Timer este que retorna ao fim do episódio não só como uma rima visual, mas como uma forma sútil dos roteiristas nos dar uma perspectiva do tempo do ataque, já que temos outro relógio contando os segundos para a chegada dos walkers atraídos pela buzina do caminhão. E se antes achávamos que Ron tinha sido o responsável por sabotar tudo com sua atitude de criança birrenta ("Eu não vou cortar o cabelo, BUÁ!"), vimos que o barulho não passou de um acidente infeliz causado por um dos lobos.

Interessante também ver como em meio a todo esse pandemônio dois pontos de vista tão diferentes podem entrar em ação. Carol, literalmente, vestida para matar, enquanto Morgan mostra toda sua piedade com assassinos. Sendo que o segundo aprendeu as duras que deixar o inimigo vivo pode significar a sua própria morte, embora eu ainda não esteja certo de que Morgan tenha matado o lobo que o surpreendeu ao término do episódio.

Porém, não só Morgan e Carol tiveram grandes momentos. Jessie também decidiu entrar na ação e acabou descontando toda sua raiva em um dos lobos, talvez indo um pouco além no número de "tesouradas". Deanna se mostrou inútil, porém sensata, ao ficar longe da linha de confronto. E Enid estrelou o prólogo do episódio, cujas cenas um tanto quanto perturbadoras (tartaruga crua... eca) insinuavam que ela talvez poderia ter disparado a buzina. Alarme falso.

O episódio também se destaca pela falta de Rick, Michonne, Glenn e Daryl. Aliás, falta nenhuma. Toda a ação fluiu perfeitamente sem eles. E na ausência do protagonista, tivemos Carl assumindo o posto de xerife, salvando Ron (poderia ter deixado morrer) e Enid. Graças a ele, também descobrimos o significado do título do episódio, quando este encontra o bilhete dizendo "Just Survive Somehow" (Apenas sobreviva de alguma maneira), acrônimo de JSS.

E se há algo a se criticar aqui, é o plot do "primeiro dia como cirurgiã". Não me parece plausível que em meio a um ataque daquela escala, personagens como Tara e até (o inútil do) Eugene tenham ficado de fora da ação para se preocupar em ajudar a doutora nervosismo. Apesar disso, a série foi correta em manter o realismo não permitindo que Denise milagrosamente salvasse o paciente. Ah e outra coisa... onde esteve Maggie e Rosita durante toda a ação? Sumiram? Aparataram?

Enfim, nada que comprometa um episódio eletrizante como este. Afinal, "JSS" foi tudo o que gostaríamos que The Walking Dead sempre fosse: aterrorizante, cruel e sangrenta. 

Nota: 9.0

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