Algumas coisas nunca mudam.

O drama da AMC retornou neste domingo fazendo uma premiere sólida, que nem de longe se equipara a urgência do início da quinta temporada, mas que prepara o terreno para uma leva de momentos angustiantes nas próximas semanas. "First Time Again" é o típico episódio de The Walking Dead cujo debate a respeito do que é certo e errado diante do (parafraseando Rick) mundo insano em que nossos personagens vivem é, mais uma vez, estabelecido. E funciona. 

A premiere tem início dias após a chegada de Morgan em Alexandria, porém, retorna com uma série de flashbacks em preto e branco. A escolha da fotografia não só organiza o que é passado e o que é presente, como faz uma alusão divertida aos quadrinhos e, claro, nos remete a quando o piloto da série foi ao ar sem uma paleta de cores, como uma homenagem aos clássicos filmes de George A. Romero.

Os flashbacks, embora tenham sido importantes para esclarecer os eventos que levaram a parada zumbi, acompanham dramas arrastados e, de certo modo, repetitivos. Contudo, o contraste entre o grupo de Alexandria - pessoas que nem de longe sofreram as consequências de um mundo profligado - com o grupo de Rick, é interessante e mostra a evolução do nosso protagonista diante das inúmeras vezes em que se propôs a decidir entre se arriscar ou matar para sobreviver. O que não parece mais ser necessário. Como Rick disse, pessoas como Carter morrerão de qualquer modo, é só uma questão de quando. 

A sobrevivência do mais forte. Ou do mais calejado.

Aliás, divertido ver como a série não tem problemas em surgir com novos personagens, usando a simples desculpa de que havia um time de busca longe dali. Embora, Carter, Heath, Scott, ou Annie jamais tenham sido mencionados durante toda a segunda metade da quinta temporada. A trapaça, todavia, serve para introduzir novos rostos, novos dramas (novos cadáveres) e, mais uma vez, estende a mão para os fãs das HQ's, já que todos existem nos quadrinhos.

Além disso, tivemos o retorno de Morgan, que aqui traz um pouco da humanidade perdida de Rick e nos mostra que a Ricktadura já está estabelecida. E quando Carter morre, temos a prova de que o regime imposto por nosso "herói" está mais do que certo diante das circunstâncias. Deanna até pode comandar o local, porém, as engrenagens de Alexandria só vem girando graças ao não mais altruísta Rick já faz algum tempo.

Outros momentos menores também funcionam aqui, como Jessie não se atirando nos braços do xerife, Morgan reconhecendo que Carol era uma ex-policial por sua postura "pronta para lidar com qualquer situação", Eugene encontrando um novo amigo de cabelo e Rick calando a boca de insuportável-ane Gabriel. Amém.

Claro que a multidão de zumbis contribuiu em muito para que "First Time Again" não adormecesse o espectador com discussões profundas sobre fraco vs forte. E, p*ta que pariu, quanto zumbi! É quase como se os produtores quisessem intencionalmente compensar pela escassez de walkers em Fear The Walking Dead. Mas não falemos disso. Esse corpo a gente enterra longe daqui para não termos que recordar.

Em suma, foram precisos 60 minutos para levar zumbipalooza para Alexandria, onde teremos um banho de sangue garantido semana que vem. Ah e quem soltou a buzina para atrair os zumbis? Ron. Aposto que tenha feito isso para vingar a morte do pai. Ron. Aposto nele. Ou Carl (risos). Ou Gabriel. Ou Deanna. Eugene. Foi Eugene. Sabemos muito bem da sua incapacidade de fazer silêncio. 

Nota: 8.0

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