Sem dúvidas, 2013 foi um dos piores anos da TV norte-americana, porém tivemos grandes produções que conseguiram brilhar em meio a uma temporada de tantas baixas. Dito isso, chegou a hora de fazermos mais uma lista com as melhores séries do ano (confira aqui a de 2012), no qual concorreram todas as produções que tiveram pelo menos 5 episódios exibidos em 2013 (o que justifica o fato de Fringe não estar na lista, mesmo que seu series finale tendo sido exibido no início do ano). Sem mais delongas, vamos a lista.

10. Modern Family por Marco Pontes


Ganhadora do prêmio de melhor comédia no Emmy Awards nos últimos quatro anos, Modern Family fez jus à sua fama de queridinha em 2013. Não foi sempre assim, como todos sabem. Modern Family já teve uma temporada bastante flopada e alguns episódios medianos em sua trajetória, mas tanto a segunda parte da quarta temporada quanto a primeira metade da quinta estão aí para mostrar que ainda há possibilidades de se fazer episódios engraçados e piadas interessantes sem se apoiar em fórmulas repetidas, como é o caso da incansável Two and a Half Men e da super saturada The Big Bang Theory. A série possui um elenco carismático e extremamente talentoso, com uma equipe de roteiristas que sabem o que estão fazendo, nos presenteando com levas e mais levas de episódios divertidos e inteligentes, quebrando com aquela monotonia das comédias pastelão e mal produzidas. Modern Family é uma verdadeira família moderna com personagens especiais e uma narrativa atraente e dinâmica.

9. Orange Is The New Black por Gabriel Dias


Neste ano, o Netflix veio recheado de produções originais e interessantes, sendo uma destas a divertidíssima dramédia dos criadores de Weeds, Orange Is The New Black (uma das melhores coisas da TV atualmente, fora da TV). Com uma proposta completamente nova, a primeira temporada de 13 episódios conta a história de Pipe Chapman, uma recém presidiária que deve se adaptar a nova vida em um presídio só de mulheres. Especialmente por ter sido lançada em uma época de produções tão ruins, Orange foi como um ar fresco que conseguiu divertir com momentos pontuais de humor, ao mesmo tempo que mostrava dramas densos e até, por vezes, sombrios. Contando com uma crítica social muito forte, a série também merece mérito por trazer aos telespectadores uma perspectiva completamente diferente sobre a vida de presidiárias, mostrando estas como verdadeiros seres humanos que erram, aspiram e desejam o melhor para suas vidas. Sem contar que alguns de seus personagens são inspirados em histórias reais (exemplo disto é a abertura da série que traz os rostos de verdadeiras ex-presidiárias). Certamente, Orange Is The New Black é uma dramédia que vale a pena ser conferida.

8. Bates Motel por Gabriel Dias


Inspirada no clássico Psicose de Alfred Hitchcock, Bates Motel trouxe à TV o famoso psicopata das telonas, Norman Bates, fazendo uma primeira temporada concisa e com atuações impecáveis. Criada por Carlton Cuse (Lost), a série traz um desenvolvimento de personagem invejável que, a cada episódio, nos faz enxergar mais e mais a figura do assustador Norman Bates, ao mesmo tempo que preserva os traços infantis e o carisma do personagem através da atuação de Freddie Highmore (que também repete a dualidade criada por Anthony Perkins em "Psycho"). Ambientada nos tempos atuais, mas preservando cenários marcantes como a casa e o motel dos Bates, a série é uma excelente pedida para os fãs de thrillers e, ainda mais, para os fãs do filme de Hitchcock. Além disso, temos Vera Farmiga no papel da "mother", personagem que jamais temos a oportunidade de conhecer na obra original e que, portanto, é mais um diferencial para a série de Cuse. Sem contar a atuação de Farmiga, sempre impecável.

7. American Horror Story: Coven por Arlane Gonçalves


American Horror Story: Coven é a prova de que Ryan Murphy deveria ser internado num manicômio. A história e a mitologia absurda da série, sempre cheia de novidades e reviravoltas inimagináveis, parece que não tem fim. Toda vez que vejo um episódio e tudo de novo que surge, fico imaginando de onde que sai tanta coisa, como pode uma cabeça humana dar conta de criar tudo aquilo. Seria pacto com o demônio? Provavelmente. O fato é que AHS não dá tempo para o telespectador descansar. Seu mundo louco de bruxas tem se provado fantástico a cada episódio, e como se não bastasse o roteiro de criatividade demoníaca, as atuações também não deixam a desejar, com cada atriz incorporando sua personagem como se uma entidade possuísse seu corpo. E tudo isso no bom sentido. Na verdade, no melhor deles. AHS: Coven é absurda e é absurdamente maravilhosa. E um tapa na cara de quem achava que história de bruxa não tinha mais pra onde ir.

6. Masters of Sex por Marco Pontes


Mais uma série ambientada nos anos 60? Depois de Mad Men, diversos canais tentaram emplacar dramas de época, com quase nenhum sucesso. Masters of Sex facilmente não se enquadra nesses fracassos. A série poderia ser certamente confundida com um pornô barato ou uma produção erótica, mas a profundidade dos temas abordados e a cientificidade utilizada são em doses tão altas que fica claro que nenhuma cena sexual foi menos do que necessária, sendo estas de extrema importância para contarem uma série sobre um estudo do comportamento sexual humano. A ambientação também é um fator a ser considerado, principalmente por mostrar uma sociedade que ainda possuía suas limitações quanto a esse assunto considerado tabu e ao feminismo, sendo, portanto, um palco de constante tensão. Muitos temas são bem discutidos e desenvolvidos, nunca apressados. A química entre os dois principais é invejável e o roteiro consegue trabalhar seus personagens, mostrando a importância de cada um na narrativa, todos sendo mais do que meros coadjuvantes. A série também conseguiu o melhor milagre do MUNDO ao entregar uma temporada inteira com episódios prazerosos, nem um pouco entediantes, terminando sua primeira temporada com uma season finale para ninguém colocar defeito. 

5. Orphan Black por Marco Pontes


2013 foi um ano de surpresas, mas se eu tivesse que escolher somente uma, a escolhida com certeza seria Orphan Black, uma produção original da BBC America, estrelada por Tatiana Maslany como Sarah Manning, uma órfã que descobre que faz parte de uma longa linhagem de clones. A série retrata as consequências morais e éticas envolvendo um assunto tão fantástico, a clonagem humana. A série de ficção científica logo chamou a atenção pelo seu tema peculiar, mas o grande mérito pertence à Maslany, que consegue interpretar com maestria diversos personagens, cada um com uma personalidade completamente diferente da do outro, entregando uma performance extremamente competente. Da rebelde Sarah, passando pela neurótica Alysson até a perturbadíssima Helena, Tatiana consegue mostrar as imperfeições de cada uma delas, unidas pela angústia de não serem as donas de suas próprias histórias, em uma situação que vai contra a realidade humana. É muito difícil presenciar uma série de ficção científica com tanta profundidade. Mais do que isso, Orphan Black se mostrou uma série extremamente complexa, com vários plot twists e uma narrativa avassaladora. Um roteiro afiado, interessante, com atuações indiscutivelmente boas faz de Orphan Black uma das melhores séries do ano.

4. The Good Wife por Rodrigo Canosa


Apesar da baixa audiência, The Good Wife é uma das séries mais aclamadas pela crítica. Os roteiros escritos pelo casal Robert & Michele King (criadores da série) e sua equipe são sempre muito bem elaborados e o elenco estelar da série é realmente fantástico. Como se não bastasse, os atores convidados a realizarem participações especiais na série são sempre de primeira e o sucesso desses personagens invariavelmente faz com que eles retornem a TGW para repetirem seus papéis. E ao contrário da maioria das séries que se desgastam ao longo de sucessivas temporadas, TGW apresentou em 2013 os melhores episódios de toda sua história. A grande e corajosa decisão tomada por seus criadores ao final da 4ª temporada agitou e deu uma nova dinâmica à série, implicando em uma sequencia de episódios excelentes, com incríveis embates entre os personagens principais e grandes atuações do elenco. No entanto, o grande destaque da temporada vai para os episódios “Hitting The Fan” e “The Decision Tree”, que mesmo com o grande nível dos demais episódios da temporada conseguiram se sobressair, sendo “Hitting The Fan” apontado por grande parte dos fãs de séries como o melhor episódio dramático do ano (disputando cabeça a cabeça com o grande “Ozymandias”, de Breaking Bad).

3. House of Cards por Rodrigo Canosa


Grande aposta da Netflix como uma das primeiras produções originais do canal e com a ousadia de disponibilizar todos os 13 episódios da primeira temporada, House of Cards mostrou-se um acerto de mão cheia e foi sucesso de público e crítica em sua primeira temporada. Mas também não era para menos. A série conta com David Fincher (Clube da Luta, Seven) na produção executiva (e também na direção dos dois primeiros episódios) e ainda tem o excelente Kevin Spacey no papel de Frank Underwood, um congressista americano e excepcional manipulador que, após não ver cumprida a promessa feita pelo presidente americano eleito de indicá-lo ao cargo de Secretário de Estado, resolve vingar-se de todos que o traíram. O papel caiu como uma luva para Spacey. Com uma atuação impecável, o ator conduziu o personagem com maestria e, mesmo com Frank sendo um baita de um sem vergonha, é quase impossível não torcer ou vibrar com suas manipulações e calhordices, as quais são a alma de House of Cards. Além disso, a série ainda conta com um recurso audacioso e interessante, no qual Frank conversa com a câmera em alguns momentos do episódio e explica seus planos ao expectador da forma mais natural e cafajeste possível, o que permite a Spacey dar um show ainda maior. Mas não é só Kevin Spacey que manda bem. House of Cards também se destaca por um roteiro primoroso que transmite de forma perfeita o funcionamento do (sujo) ambiente político, com todos os conchavos, falcatruas, armações, chantagens e crimes mais pesados a que se tem direito e ainda conta com outros excelentes personagens que, assim como Underwood, possuem um caráter nada íntegro. Portanto, se você ainda não conhece a série, trate de correr atrás do prejuízo pois a 2ª temporada estreia em 14.02.14!

2. Sons of Anarchy por Arlane Gonçalves


Sons of Anarchy, como sempre, teve uma Season Finale impecável. Mas, diferente das outras temporadas, nesta nós vimos o resultado das anteriores, como se estes treze episódios fossem o destino entregando o Karma de cada um. Kurt Sutter não maneirou no seu requinte de crueldade, mas esta é a marca de Sons of Anarchy, e nada mais lógico que, conforme a série evolua, a quantidade de sangue na tela também. A sexta temporada também foi marcada pela ousadia. Não só pela morte de Tara, mas por todas as atitudes dos personagens no decorrer do ano. A família foi novamente o centro da trama, com cada um ultrapassando os limites do aceitável em nome da proteção de seus entes queridos. É isso o que levou Tara a fingir um aborto trágico, é isso o que levou Jax a abrir mão de sua liberdade, é isso o que levou Gemma ao seu maior ato de desumanidade. E é isto que também levou esta a ser a melhor temporada da série, comprovando, pela milionésima vez, o brilhantismo da escrita de Sutter e o potencial de sua história de motoqueiros.

1. Breaking Bad por Gabriel Dias


A primeira posição não é o suficiente para a incomparável série de Vince Gilligan. De fato, deveria haver todas as posições desta lista, um vazio enorme após o segundo lugar, e depois Breaking Bad. Foram somente 8 episódios exibidos em 2013, que contaram o desfecho épico desta história - a história de um professor de química que após ser diagnosticado com câncer de pulmão decide "break bad" - mas foi o suficiente para ganharmos a melhor sequência de episódios (perdoem a hipérbole) já feita na história da TV. O suspense gradual, a trilha espetacular com batidas de correntes, a fotografia deslumbrante, o roteiro... ah, o roteiro. Breaking Bad é, não só a melhor série de 2013, como uma das melhores coisas da TV na última década. Vale também citar o incrível "Ozymandias", episódio que traz o ápice da história de Walter White com uma explosão de conflitos e acontecimentos que foram capazes de nos deixar catatônicos na frente das nossas TVs e computadores, sendo assim, considerado por muitos o melhor episódio do ano (e o melhor de todos os tempos, pelos fan boys). Palmas à Vince Gilligan (e seu time de roteiristas), Bryan Chranston, Anna Gun, Aaron Paul, Dean Norris e até Elanor Anne Wenrich (que interpreta a fofíssima Holly em Ozymandias) por nos darem essa série maravilhosa. Breaking Bad já é um clássico e, assim como Walter White que se despede com carinho do seu "baby blue" ao término de Felina, nos despedimos de Bad neste ano com uma mistura de tristeza, gratidão e felicidade.

Menções honrosas: Hannibal, Game of Thrones (pelo casamento vermelho), Scandal, Homeland (pelos últimos episódios da temporada) e The Blacklist.

Postar um comentário Disqus

 
Top