Corações e mentes.

Que Hawaii Five-0 tem dezenas episódios maravilhosos é um fato inquestionável. Mas episódio como esse, com uma qualidade tão grande que faz você sentir como se estivesse vendo um grande filme de ação, faz nos perguntarmos como a série não tem todo o reconhecimento que merece. Ainda mais com episódios eletrizantes e com conteúdo. Com muitas reviravoltas e informações nas doses certas.

Ka No'eau (O Pintor) pintou um quadro que mudava de figura a cada poucos minutos. Primeiro o simples passageiro que foi pego no aeroporto transportando armas e derruba sozinho cinco caras na sala de vigilância numa luta digna de James Bond. O passageiro é identificado como Joseph Stegner (Lee Tergesen), associado de uma das 24 famílias originais da máfia. Joseph é perseguido em uma cena brilhante, mas quando se vê encurralado pela Five-0 e pela polícia é atingido por um atirador a espreita. E assim o criminoso vira vítima.


Como o novo criminoso foi atingido por Steve, não conseguiu fugir por muito tempo. Mesmo ameaçando dois paramédicos para atendê-lo, pois o rapaz apesar de ser esperto para chamar a polícia não soube deixar o celular de uma foma que ele não o visse. Mas a cena de Steve e Grover perseguindo a ambulância roubada foi ótima, e finalmente descobrimos porque sempre usam o Camaro do Danno. E eu costumava pensar que o SVU de Steve fosse mais potente. De qualquer forma o ferimento ajudou, já que o cara perdeu tanto sangue que acabou desmaiando.

Já no hospital descobrimos que o criminoso Nick Mercer (Timothy V. Murphy) era na verdade o herói. Ou pelo menos ex-vilão. O assassino da máfia que depois de um transplante de coração não conseguiu mais executar sua tarefa. E ao invés de seguir as ordens para matar criou seu próprio programa de proteção a testemunhas. Assim como Chin e Grover muitos acharam essa história irreal demais. Mas assim como Steve achei possível. Não que parte da alma do doador tivesse ido com o coração, nada disso. Mas que sua própria consciência o tenha mudado. Que algo dentro dele o tenha feito pensar no fato de que um homem bom, que dedicou sua vida a fazer o máximo possível pelo próximo e que pensou em até mesmo na morte fazer seu último ato de bondade, morreu para salvar um assassino. E não, nem todas as pessoas na hit list da máfia são pessoas de poder e influências. Existem pessoas comuns, que viram algo que podem denunciar ou que num momento de desespero pediram por um favor que não podem pagar. São essas que Joseph passou a salvar e dar uma nova vida.


Mas o grande momento foi quando os mafiosos chegaram, incluindo o chefão Albert Bagosa (Carmen Argenziano), e foram brilhantemente pegos. A emboscada planejada por Jerry (que a propósito, anda sem muito progresso na sua própria investigação e precisa de um novo porão) foi genial. Foi eletrizante ver cada membro da Five-0 surgindo de algum lugar e botando pra quebrar. Quero milhares de cenas assim. E quando ao sair viram o pessoal retornando para a vila e notaram a gratidão em cada olhar foi um momento muito bonito.

Quando temos um caso tão engenhoso como esse os plots centrais costumam ser deixados de lado, mas não foi o que aconteceu aqui. Pois a storyline de Danno progrediu de forma decisiva. Em outras circunstâncias a cena em que Danno se encontra na sala cercado por US$ 13 milhões seria a cara da riqueza. Mas A) faltam US $ 5 milhões e meio e B) precisava de todo o dinheiro para resgatar seu irmão. Isso pode ser visto como a cara do desespero. Chegando ao ponto de tentar conseguir a quantia com um gangster.

Achei muito legal o fato de Chin se oferecer e se arriscar para conseguir o dinheiro restante. Mesmo que significasse pedir para o crápula do seu cunhado Gabriel. A princípio não teve sucesso, mas parece que o cara realmente não tem muitos amigos na cadeia e propôs um acordo em troca de uma transferência. Fico realmente feliz que tenham conseguido o dinheiro, mas não consigo deixar de pensar que de alguma forma isso futuramente pode prejudicar não só Chin mas toda a equipe.


Enfim Danno foi até a Colômbia mas não sem Steve. Aliás, isso que é amigo. Se oferece para ir junto onde quer que seja e ainda ir na frente. Mas não vou mentir e dizer que sempre pensei que isso acabaria bem e Matt voltaria são e salvo para ganhar o maior sermão de sua vida. As chances de um triste encerramento eram muito maiores, e Reyes realmente enganou Danno. Quando trouxeram aquele barril eu gelei, sabia que ele não deixaria barato. Ainda mais depois de Grace ter sido ameaçada. A sequencia de Danno e Steve fingindo ir embora e então matam todos e voltam para acabar com Reyes foi de arrepiar. Mas senti um misto de satisfação e preocupação com a forma como Danno derrotou Reyes.


Sim, a cena foi fantástica e Reyes certamente mereceu. Mas Danno é do tipo que age com a razão. De vez em quando se deixa levar pela emoção, principalmente quando se trata de Grace. Mas nunca fez algo tão drástico. Não que nunca tenha matado alguém cara a cara ou por vingança. Ele matou os assassinos de sua antiga parceira Grace, o que na ocasião também foi legítima defesa. O que fez com Reyes foi justiça com as próprias mãos. Vi comentários de que Steve o apoiou, mas acho que Steve não interferiu pois essa era uma decisão que só cabia ao Danno. O que vi no olhar de Steve foi preocupação, e vale lembrar que ele já passou pela tentação de matar Lorde Fat. Se acho que isso pode afetar Danno de alguma forma? Sim, acho.

O episódio de amanhã trará mais revelações sobre o passado do pai de Steve, acho que podemos nos preparar para fortes doses de emoção.

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