As vezes temos a sensação de que foi ontem que estávamos ansiosos pela estreia de Hawaii Five-0, mas a série acaba de atingir sua marca de 100 episódios. E para celebrar nos presentearam com um épico episódio repleto de tudo aquilo que faz de melhor, derrubando até fornos industriais. Ação, emoção, humor... Tivemos tudo isso de uma forma bem peculiar e matando saudades de alguns rostos numa trama arriscada e genial.
Tudo começou como naquele primeiro episódio, o pelotão de Steve leva Anton Hesse no comboio quando ele recebe a ligação de Victor dizendo que tem seu pai. Tudo segue igual até a morte de Anton, mas depois de ouvir o tiro do outro lado da linha, ao invés de ser tomado pela verdade fatal Steve ouve a voz de Danno dizendo quem é e que está tudo sobre controle. Que John está vivo. Logo se vê que não se trata de um simples flashback, e que Steve estava em apuros.
Ina Paha (Se Talvez) nos mostrou o que poderia ter sido se algumas coisas fossem diferentes. Quase como no filme A Felicidade Não Se Compra, de 1946, mas em vez de termos um candidato a anjo mostrando o que seria se alguém não existisse tivemos Lorde Fat drogando Steve para lhe mostrar como seria se John não tivesse morrido. Ou se não fosse para a Five-0 existir. Praticamente uma realidade alternativa.
Na verdade foi mais do que isso. Creio que pode-se dizer que as alucinações se baseavam em como Steve queria que as coisas fossem, que as coisas ruins que aconteceram com seus amigos não tivessem acontecido. Só que nem todo mundo estaria bem. Claro, John não morreria e Steve não teria deixado o exército. Chin nunca teria perdido o distintivo e seria promovido a Capitão (não foi mencionado, mas provavelmente estaria casado e bem com Malia já em 2010). Kono nunca teria deixado o surf profissional e seria tetra campeã mundial. Danno ainda estaria casado com Rachel e seria um homem feliz (embora menos ético). Grover só iria ao Hawaii para tirar férias. Max seria um médico "comum". Jenna (lembram dela?) ainda teria o noivo. Só que nem todos estariam bem, Kamekona estaria preso e Jerry estaria louco e morando na rua. Lei da compensação. E parece que apenas Duke seria o que sempre foi.
Nessa brincadeira de "como seria se tudo fosse diferente" até as cenas McDanno ganharam outra versão. Um Danno extrovertido dirigindo seu carro, falando alegremente sobre o casamento e como o Hawaii é melhor que Nova Jersey. (Risos, muitos risos.) Até o ringtone de Psicose foi substituído por Love is in the Air, de John Paul Young. Nesse momento em que falavam sobre casamento me chamou atenção Steve dizer que estava saindo com alguém e esperava chegar lá um dia. Na época ele não levava o relacionamento com Cath tão a sério, talvez seja um sinal de que ainda tem esperança. Mas voltando a McDanno, a cena do hospital foi hilária com aquilo que foi quase uma troca de personalidades. Danno torturando Victor Hesse e atirando mesmo enquanto Steve repetia "você não pode fazer isso" com cara de quem pergunta "como esse doido apareceu no meu caminho?". Impagável. E a despedida com Danno dizendo "me chame de Danno, meus amigos me chamam de Danno" foi o mais claro sinal de que aquelas coisas só poderiam acontecer em alucinação.
A equipe demorou um pouco para saber o que estava acontecendo por estarem em missão, usando Sang Min como isca para pegar o gangster Johnny Moreau (Gavin Rossdale). Foi muito bom matar a saudade desse cômico bandido e ainda ver ele e Grover se alfinetando. Ri quando disse que era recém contratado pela Five-0, embora talvez não fosse má ideia. Até porque Sang Min foi de grande ajuda quando descobriram que Steve estava em apuros, dizendo que Lord Fat usava o nome de Anthony Shu quando negociava nos EUA. Então Kono teve que pedir a ajuda de Adam para descobrir algo que dissesse onde Lord Fat estaria mantendo Steve. E conseguiram o lugar.
Mas até ser encontrado, Steve continuou sendo torturado e mantido sobre efeito de alucinógenos. Tudo porque Lorde Fat queria saber onde seu pai está escondido. Ele não teve sua resposta, mas o Comandante e nós tivemos algumas para outros assuntos. Acabou que os dois eram mesmo irmãos, mas não do jeito que pensávamos. (Engraçado que ainda passei um tempinho tentando descobrir como o teste de DNA poderia ter sido alterado.) Incrível pensar que Doris tenha ficado tão abalada por ter matado a mãe de Fat por engano que acabou criando-o como filho por alguns anos, até ser descoberta. É de entender como ele se tornou isso.
Claro que precisávamos ter épicos momentos de ação, que não ficaria por conta apenas da perseguição de Lorde Fat na alucinação. Steve, mesmo exausto e dopado, lutou bravamente contra a ajudante de Fat e ele. Foram duas lutas intensas e de tirar o fôlego. Como em todas as vezes que os dois se confrontaram, mas agora só um poderia viver. Talvez tenhamos a sensação de que esse encerramento foi cedo por acharmos que ele era um vilão tão bom que só deveria ser pego no fim de tudo, como na versão original. Mas talvez tenha sido a gota d'água para Steve, que já o deixou sair vivo algumas vezes. A alucinação pode ter sido um sinal de que Steve gostaria de ter acabado com Fat ainda no início, antes de saber tudo o que sabe. Mas como não pôde, acabou agora.
Perceberam como a cena de Steve e John na praia teve nuances diferentes? Creio que aquilo foi um tipo de experiência de quase morte ou comunicação mesmo, não apenas uma alucinação. Principalmente se levarmos em conta que na anterior Steve já tinha dito a Danno que estava indo embora e se analisarmos bem o diálogo:
Steve: Sinto falta dessa vista.
John: Estou feliz que esteja em casa, filho.
Steve: Eu também, pai.
Pode ser que Steve sinta falta de ver as coisas como via antes, quando seu pai estava vivo. Mas também está feliz por estar em casa e ter seus amigos. Aqueles que lutaram e o resgataram. E se já estava bastante emocionante quando o encontraram, vê-lo perguntar pelo pai e então ser dominado pela verdade foi de cortar o coração. Mas também existe outra verdade, a de que são um time que sempre fará qualquer coisa uns pelos outros. Que sempre serão um por todos e todos por um, como diz a música All For One da banda Five For Fighting que foi especialmente escrita para o episódio e o encerrou com uma linda montagem de cenas.
Próximo episódio apenas semana que vem, com a volta da Tia Deb. Até lá!
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