A batalha só começou.
Chegou ao fim a 1ª temporada da incrível, sensacional, fantástica e arrasa quarteirão Empire. Foram doze episódios repletos de intrigas, superação, amor, ódio, conquista, despeito... Tudo regado com muita música e prometendo uma próxima safra ainda mais provocante. A série chegou chegando e não é a toa que garantiu a renovação logo após a exibição do segundo episódio.
Mais do que uma história sobre disputa pelo poder e conflitos familiares, Empire veio para botar o dedo na ferida. Embora as vezes com ares meio novelescos, a série conseguiu tratar de forma concisa e real muitos temas importantes sem aquela aparência didática de outras produções. Foram precisas brigas, barracos, declarações públicas, beijos, abraços e músicas para dizer o que era preciso. “Todos tem um armário para se esconder” foi o que cantou Jamal, e foi isso que vimos.
Como no mundo real, aqui não existem heróis ou vilões. Com reviravoltas e constantes mudanças de perspectivas vimos que de inocente e bandido todo mundo tem um pouco. Mas o mais importante foi o crescimento dos personagens, mostrando como as pessoas são capazes de mudar e aprender com seus atos e de outros. Talvez os com crescimento mais notável sejam Jamal e Cookie. O desenvolvimento dele fica visível até em suas músicas, e em seus atos mostrando que o fato de ser gay não o faz menos homem como muitos ignorantes gostam de dizer. Vê-lo humilhando o rapper Black Rambo e fazendo-o engolir seus preconceitos foi indescritível. Já ela, que além de muitas vezes fornecer alívio cômico com seu hábito de botar o dedo na cara e dizer umas verdades, mostrou que faz o que acredita certo por seus filhos e não brinca em serviço quando se trata de música.
Hakeem e Andre tiveram seus altos e baixos, mas com certeza mostraram que são muito mais do que aparentavam a uma primeira vista. O caçula da família Lyon se revelou muito mais do que um garotão rebelde sem causa, aos poucos aceitou deixar a mãe entrar novamente em sua vida e apesar de ser um tanto manipulável soube tomar algumas decisões por conta própria. Enquanto o primogênito mostrou que por trás daquela sede de poder existe um ser humano machucado, mas precisou passar por uma grande crise por parar de tomar seus remédios para o transtorno bipolar para mostrar quem realmente é. Até sua esposa Rhonda mostrou ser muito mais do que alguém que vive de aparências nesse momento.
Que nenhuma família é perfeita é um fato. Outro fato é que provavelmente ninguém quer um Lucious Lyon como parente. Já no piloto criamos aversão ao personagem ao ver que foi capaz de jogar o pequeno Jamal na lixeira só por ver o menino usando os sapatos e um lenço da mãe, suas mentiras para Cookie e a reação ao descobrir que Andre sofre de bipolaridade foi igualmente revoltante. Sem falar do jogo no qual colocou os próprios filhos. E depois da tentativa de subornar Camille para que ela se afastasse de Hakeem, não sobrou dúvidas da pessoa terrível que é. Certo, eu disse que em Empire de inocente e bandido todo mundo tem um pouco. Uma sequência de fatos o levou a aceitar quem cada um de seus filhos é e tomar boas decisões por sua família. Mas se a descoberta de que não tem ELA fez parecer com que Lucious se tornaria um homem melhor, só fez transparecer seu complexo de Deus.
Devo dizer que a entrada do FBI na história quando foi revelado que Cookie conseguiu a condicional prometendo testemunhar sobre o assassinato de dois agentes só fez a trama crescer. Mas principalmente quando a Agente Carter voltou para pedir a Cookie que colaborasse em um caso contra Lucious. Mas mesmo magoada com todo o mal que ele a fez não se sentiu a vontade para destruir a imagem do pai para os filhos. Era uma questão de tempo, mas não seria ela a fazer isso. E apesar de vermos que Vernon guardava grandes ressentimentos de Lucious e planejava destruí-lo, não imaginei que entregá-lo ao FBI fosse uma opção que ele pudesse considerar.
Confesso que os tramites e trapaças para a abertura de capital em paralelo aos malabarismos para conseguir e manter artistas muitas vezes me arremeteram a um misto de The Godfather e Entourage. Especialmente pela trilha sonora (que pra mim lembra em muito a dos filmes) das cenas onde Lucious, Vernon e Andre confabulavam para passar a frente de outras gravadoras e fazer a Empire parecer um investimento seguro para a bolsa de valores. E as discussões de Lucious e Becky muitas vezes me lembraram Ari e Lloyd. Exceto, é claro, que Lucious não chega aos pés de ser o venerável como foram Vito Corleone e Ari Gold.
O final da temporada deu um giro e tanto na trama. Os irmãos Lyon deixaram de lutar pelo respeito do pai, mas aparentemente vão começar a lutar de verdade pelo poder. Cookie parece que tomará conta das decisões artísticas da Empire, enquanto Lucious está preso e planeja seu renascimento das cinzas. E como Andre e Rhonda reagirão ao longo do tempo ao fato que mataram Vernon? Será que o posto de Presidente da gravadora subirá à cabeça de Jamal? Já vi que será uma longa espera pela próxima temporada.
Pontos importantes:
1- Jamal mudando a letra de You're So Beautiful para assumir publicamente sua homossexualidade foi de aplaudir de pé.
2- Hakeem começando a ver que Lucious não era o homem que acreditava e venerava fez o personagem crescer..
3- Andre e Rhonda vão ter um filho, e levando em conta a situação do casal isso será um grande plot.
4- Cookie tentando matar Lucious quando ele confessou em meio a devaneios ter matado Bunkie foi a prova de que tudo pode acontecer.
5- Lucious não se cansa de fazer joguinhos seus filhos, e é difícil prever como isso vai acabar.Este texto foi originalmente postado no "Constantes & Variáveis" e reproduzido com autorização tanto da autora quanto dos responsáveis pelo CV
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