O início do fim da melhor série da atualidade.

É quase unanimidade entre os seriadores que Breaking Bad é excelente. A série alcançou este posto diante de seus telespectadores e da crítica quase que absurdamente. Sites, jornais e revistas especializados quase soam em coro quando elogiam BrBa. O melhor disso é que o criador Vince Gilligan e a AMC concordaram que, mesmo com tamanho sucesso, fazer uma última temporada, planejada com antecedência, é melhor do que esticar a história por longas temporadas (apenas por dinheiro). Assim, “Live Free or Die” inicia os 16 episódios finais da série.

Esta Season Premiere foi mais intelectual do que violenta, como Bryan Cranston afirmou na Comic-Com deste ano. Depois do final épico da 4ª temporada, onde um dos maiores vilões da TV teve um fim tão bizarro quanto épico, Breaking Bad começa exatamente de onde parou, mas não sem antes fazer um prelúdio do futuro de Walt, seguindo, provavelmente, os moldes da 2ª temporada.

Neste futuro, possivelmente ambientado no aniversário de 52 anos do protagonista (vide o desenho que ele faz com o bacon), nós vemos um Walt livre, mas fugindo de algo, com um nome diferente (indicando a morte de Walter White?), aparentemente sem muita saúde, e se preparando para o pior. Para completar o cenário, a placa do carro tem a frase título do episódio, que também foi o tema que delimitou os acontecimentos.

Com a morte de Gus e a explosão do laboratório, Hank e o DEA entram em peso na história, desta vez com evidências concretas e não apenas achismos de um policial obcecado. Ou seja, com o fim da existência de Gus, aquele bondoso empresário, admirador da classe policial, a fachada que protegia seus funcionários e sua produção de metanfetamina acabou, o que inclui Walt, Jesse e Mike na mira da justiça.

Mike acha que o melhor é fugir, coisa que um orgulhoso Walt não admite e um acomodado Jesse desconsidera. Para ambos as alternativas são viver livre ou morrer. Interessante notar que, como Pinkman pensa que Fring é o culpado pelo envenenamento do menino, a confiança que ele tinha em mr. White está totalmente restaurada. O garoto chega ao ponto de defender Walt com sua própria vida, apenas reafirmando a necessidade que ele sempre tem em ter alguém na figura de pai/protetor. É só lembrar que desde o início da história ele já foi capaz de agir assim por Walt, depois por Gus, e agora novamente por Walt.

Mas se isto é Breaking Bad, não importa o quanto Walter tente esconder as pistas de seu crime, um dia a verdade virá à tona. Isso serve também para a tentativa dele de sabotar as evidências que podem levar a investigação de Fring até ele. O notebook pode até ter estragado, mas a ousadia de invadir o prédio da polícia e usar um imã ultra potente para estragar os computadores, ironicamente, levou à descoberta de outra evidência, que deve ser, mais ironicamente ainda, uma pista que levará à ele da mesma forma ou pior.

Porém este tão imenso orgulho de Walt, em usar sua “inteligência criativa” para sempre conseguir escapulir da polícia, pode ser o que o levará ao seu fim. O homem está tão inflamado por ter vencido Gus que, mesmo antes de checar, já afirma que conseguiu, sim, sabotar a sala de evidências. Mais do que isso, suas táticas de guerra conseguiram assustar uma Skyler que já estava totalmente dentro do crime por vontade própria.

Antes ela podia gritar com ele e expulsá-lo de casa como qualquer esposa. Agora, ela simplesmente gela diante do marido. Ainda assim, não devemos considerar este atual estado de medo da personagem como algo permanente. Skyler já foi a mulher muito correta, mas deixou a vida de retidão para trás a muito tempo. Ela evoluiu à medida que se abriu para o novo Walt, e isto pode acabar acontecendo outra vez.

Enquanto não acontece, Walt prossegue metendo medo em quem estiver em seu caminho - ou na beira dele. Saul, coitado, pode até ser o mais divertido da série, mas os ares de brincalhão dele deram lugar ao tremor diante de White. Ted nem se fala. O homem teve o azar de sobreviver. Lá na cama do hospital, todo paralisado e parafusado, Ted recebe, através de Skyler, “vibrações” do medo que Walter está causando, e jura pelos céus que nunca falará nada. Até Mike teve que se render!

Nada transparece melhor o clima de “Live Free or Die” do que o pôster “All Hail the King”, capa desta review. Walt completou sua metamorfose de “subvivo” para o monstro que é hoje, agora nos resta ver como será a sobrevivência (ou não sobrevivência) deste monstro. Mesmo que a série mostre pedaços de um futuro onde ele está livre e vivo, não devemos presumir nada. A 2ª temporada começou mostrando um urso rosa caolho na piscina dos White, e o modo como ele foi parar lá era impensável até o momento em que vimos sua queda. O mesmo se aplica a Walt. Nada pode ser afirmado agora. O abatido senhor Lambert pode ser a derrota ou a coroação do senhor rei Walter White.

Observação:

- O homem que vendeu a arma para Walt foi interpretado pelo ator Jim Beaver, o Bob de Supernatural. Ele já tinha aparecido para fazer negócios em Breaking Bad no 4x02, Thirty-Eight Snub.

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