Desventuras sexuais: uma constante no mundo dos Gallaghers. Mas será que os roteiristas não estão exagerando?

Como o nome sugere, Shameless é sobre pessoas que não têm vergonha. Não que não tivessem do que se envergonhar, mas coisas chocantes fazem parte da vida deles como algo corriqueiro, então eles não podem se dar ao luxo de sentir vergonha. O negócio é sobreviver e lidar com as situações da melhor maneira possível. Nessa semana, tais situações, de uma maneira ou de outra, estiveram relacionadas com questões sexuais. Em outras palavras, em Shameless, tudo termina em sexo. Resta saber se isso não se tornou um artifício encontrado pelos roteiristas para manter a audiência.

Uma das tramas mais interessantes foi a que envolveu Fiona. Como sabemos, ela obteve um emprego num mercadinho chantageando o gerente que a queria para prestar favores sexuais orais, por assim dizer. Pois bem, ela constata que todas as outras funcionárias têm que se revezar e dar um tratamento especial a Billy, o gerente tarado. Então ela resolve marcar uma reunião para conscientizar o mulherio de que podem acabar com isso.


Veja bem, Fiona não fez isso por um repentino sentimento de justiça de classe. Não, ela só estava pensando como sua situação ficaria insuportável se as outras percebessem que ela era a única que não tinha que se submeter ao assédio. Mesmo assim, ficamos pensando que dali surgirá um movimento de liberação feminina, de conscientização e que todos aprenderão alguma coisa valiosa com o incidente. Mas lembrem-se: isso é Shameless e, como de regra, ninguém aprende nada.


Foi hilário, inesperado e muito decepcionante quando uma das mulheres começou e as outras seguiram com aquela história de não é tão mal assim, a gente pode levar flores e carnes velhas para casa, o Billy não é rigoroso com horários, são só dez minutos por semana, só uma chupadinha... Para a surpresa de Fiona, o tiro sai pela culatra, pois decidem votar no assunto e resultado: manter o status quo vence! Não acreditei quando vi! E, o que é pior, Fiona deixa escapar que ela nunca teve que se submeter. Ou seja, a partir de agora, prevejo que a situação dela vai ficar insuportável.


Outra situação que envolveu sexo, e que tem tudo para acabar mal é a do triângulo Sheila, Jody e Frank. Cansada de sexo normal, Sheila mostra um de seus brinquedinhos fálicos a Jody, que só de ver fica horrorizado: nada disso. Ela pela a Frank para falar com ele, e Jody revela que é um ex-viciado em sexo. “Todos somos”, minimiza Kevin. “Doze vezes por dia?” pergunta Jody. “Claro, penso nisso muito mais vezes”, Kevin responde. “Não, eu não pensava, tinha que fazer sexo pelo menos doze vezes por dia.” Finalmente Frank admite que, nu bar cheio de pervertidos, Jody ganha o troféu do maior de todos.

Os hábitos sexuais de Sheila sempre pareceram bizarros e, francamente, ofensivos. O marido se submetia porque, era um molenga. Frank o fazia por um prato de comida, uma cama quente e o dinheiro que conseguisse catar. Mas com Jody a história é outra: ele é macho de verdade. Mas Frank, com sua lábia inacreditável e, temendo se tornar escravo sexual de Sheila novamente, consegue milagrosamente convencer o pobre Jody que sexo bizarro é um ato de amor. Jody tem medo do monstro que isso vai liberar nele. E estou apostando que isso é exatamente o que vai acontecer nos próximos episódios. Sheila está prestes a se arrepender da caixa de Pandora que abriu.


A terceira trama mais desenvolvida do episódio foi a do acampamento de câncer de Carl. Pobre do Carl agora acredita que tem câncer, mas Frank, absurdamente promete que Carl pode se curar dependendo de sua atitude e que ele está trabalhando numa cura. Até dá pílulas de placebo para o filho. Como Carl não é muito desenvolvido das ideias, ele acredita nas besteiras do pai, mas pelo menos não é de ficar muito deprimido, apesar de em alguns momentos a ficha parece cair de que ele supostamente vai morrer. Que pai desalmado faz uma coisa dessas ao filho?

No acampamento os meninos não podem nada. Não tem área de prática de tiros, não tem o sorvete que querem, não tem nuggets de galinha no jantar. A bela Wendy, a guia, tenta alegrar os meninos como pode, mas acaba sendo como um disco quebrado e só repetindo o que não se pode fazer.

Carl faz amizade com um dos meninos doentes e resolve mudar a situação. Pergunta o que o amigo mais quer e, como isso é Shameless, claro que o desejo não se resume a sorvete ou nuggets de galinha. O garoto quer ver seios. E Carl promete que fará isso re realizar. E nada de seios de irmã ou de pornografia: seios ao vivo e em cores!


Carl lidera os meninos no arrombamento do gabinete com remédios. O plano maluco de Carl é simples: vender as drogas e pagar uma mulher, coisa simples em que uma criança de 11 anos pensaria. Mas Wendy os pega em flagrante. Uma vez esclarecida a situação, a bela, graciosa e ruiva Wendy, com seu coração caridoso, se convence que a solução está ali mesmo e ela decide tirar o sutiã. E Shameless faz uma das coisas que melhor sabe fazer: contempla-nos com a visão do terceiro par de seios da noite (os primeiros foram os de Mandy e os de Veronica).


Pronto: Wendy tem tudo para se considerar uma legítima alma caridosa! Mas Carl, que não sabe como parar, pede que ela também tire a parte de baixo, mas tudo tem limite, né? Então vai ficar querendo, pirralho. Mas tudo ia bem, pelo menos daquela maneira deturpada que é o do universo de Shameless, quando aparecem os colegas de Wendy (o palhaço e um guia masculino). A jovem, apavorada, tapa os seios, mas é tarde demais... Ela acaba indo de volta para casa aos prantos no ônibus tendo Carl como sua única companhia. E ele a cumprimenta pelo belo par de peitos. Grande consolo, Wendy...


As outras tramas envolveram a meia irmã de Mandy que ninguém sabia que ela tinha. Acontece que a mãe dela morreu de overdose e ela está sozinha, por tanto Lip se sensibiliza e ele e Mandy vão ao resgate da menina. Essa história não resultou em muita coisa, exceto pela surpresa de que a menina não é bem uma menina, só pensa que é, pois urina em pé, se é que me entendem. Acredito que nos episódios seguintes Lip e Mandy terão que dar uma de pais e explicar o básico para a menina/menino de forma que ele ou ela consiga resolver seus problemas de identidade sexual sem grandes traumas.


Em outras tramas tivemos o pai de Steve, quero dizer, Jimmy, se divorciando (não por ser gay, mas por estar quebrado), ficando bêbado e agarrando Lip pensando que é Ian e Jimmy descobrindo o relacionamento entre Ian e o pai. Mas francamente, quando os roteiristas vão dar algo decente para Jimmy fazer na história? Ele virou um personagem chato e desnecessário.

Tivemos também Kevin e Veronica tentando diferentes posições sexuais para ter um filho, mas apesar de procurarem apimentar as cenas dos dois, achei perda de tempo. Mas perda maior foi a de Debbie aprendendo a prender a respiração de baixo d’água. Não entendi o motivo, não prestei atenção, e nem estou interessado no porquê. Só por que Shameless tem vários personagens, os roteiristas acham que devem dar alguma coisa para todos fazerem, mesmo que insignificante. Mas falando em insignificante, só faltou o Liam fazer alguma gracinha, mas ele é bebê e não faz nada pelo visto. E pelo visto algumas situações beiram o mau gosto e o exagero, mas eu não gostaria de que o show ficasse mais bem comportado. 

Muito bem, o que você acha das situações apresentadas? Apropriadas para um show de humor negro, ou Shameless passou dos limites? E que desdobramentos você acha que os acontecimentos desse episódio trarão? Fiona sendo boicotada no trabalho até não aguentar mais? Jimmy e Ian tendo um confronto, com mais Mickey metido no bolo? Mais uma cena dos seios de Mandy? (Confesso que disso não me canso.) Lip questionado seu papel de “pai” e “marido” das “irmãs” Milkovich? Carl fazendo algo desesperado porque “vai morrer de câncer”? Jody se tornado um monstro com Sheila, um Mr. Hyde sexual? E o que Frank vai aprontar a seguir?

Citações memoráveis e sem vergonha nenhuma:

Frank: “Câncer está abrindo todo um mundo maravilhoso para você ao qual seus irmãos não tiveram acesso.”

Frank: “Se ignorância é felicidade, então Síndrome de Down deve ser euforia.”

Sheila (gaguejando para Frank): “Eu preciso de você de volta... pelo que você me possibilita sentir... ao permitir que eu faça você sentir... uma coisa que você não quer sentir.”

Tristonho, o Palhaço (sem conseguir tirar os olhos dos seios de Wendy): “Eles são exatamente como eu os imaginava!”

Molly: “Oh, sim, esse é só meu pênis de menina.”
Debbie: “Parece exatamente com um pênis de menino.”
Molly: “Mas eu sou uma menina, então é diferente.”

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