Smash

O caminho para a Broadway é longo.

Após uma temporada de altos e baixos, "Smash" está de volta com uma season premiere dupla que, assim como o próprio Bombshell, mostra-se parte de uma obra inacabada, de imenso potencial, porém ainda  imperfeita e com inúmeros detalhes a serem corrigidos.

Fica nítido, então, que há um paralelo entre os produtores da série e os produtores do musical, já que ambos parecem estar lutando para conseguir agradar a crítica, conquistar o público e fazer com que o show continue apesar dos erros e empecilhos que têm surgido ao longo deste percurso.

E é isso que mais notamos na premiere desta segunda temporada de "Smash": um esforço imenso por parte dos executivos da NBC para fazer com que a série que decaiu no ano anterior se recuperasse. Afinal, com uma mudança tão drástica de roteiristas, um descarte visível de antigos atores/personagens e a chegada de novas estrelas (lê-se Jennifer Hudson) há de se esperar nada mais que um grande senso de recomeço. Mas será que tudo isso será suficiente?

Bom, se a intenção destas mudanças era corrigir os erros do passado e aprimorar a qualidade da série, a resposta, por hora, é não. O panorama dos dois episódios iniciais da temporada mostram que "Smash" continua tão irregular quanto em seu primeiro ano. Promissora, excelente e irregular.  

Em "On Broadway", ganhamos um parecer de que Bombshell estava arruinado. As críticas contra Julia foram cruéis, os investidores abandonaram Eileen e, para piorar, uma investigação sobre o fundo financeiro do musical acabou por trilhar o destino do espetáculo. É claro que esta não passava de uma saída do roteiro para pôr fim aos arcos da temporada anterior e, assim, dar uma chance da série iniciar algo novo, maior e aprimorado.

Para isso, também ganhamos um desfecho a alguns dos dramas que nos incomodaram no primeiro ano, como o plot da separação de Julia e seu marido com capacidade louvável de ser tão irritante quanto Ellis (vulgo Bicha-Má-Demitida), ou a tentativa de suicídio de Ivy Lynn que aparentemente não foi realizada por  alguma espécie de milagre broadiano. (Só eu tive a impressão de que ela havia engolido os comprimidos na season finale passada?)

Quanto aos novos personagens, temos Jimmy Collins (Jeremy Jordan) como o novo interesse amoroso de Karen e que canta igualmente bem, seu amigo e bartender Kyle Bishop (Andy Mientus) e a excelente Veronica Moore fazendo tudo aquilo que esperamos de Jennifer Hudson e seu vozeirão. 

Assim, "Don't Dream It's Over" encerra a primeira metade da premiere na promessa de uma temporada renovada e cheia de potencial. Ao menos, foi com este sentimento que segui para o 2x02, com a expectativa de que veríamos algo tão bom ou melhor que aqueles 40 minutos iniciais.

Ledo engano. "The Fallout", inclusive, não poderia ter um título melhor. Além de morno, é um episódio que empalidece tudo que vimos de promissor em "On Broadway". O ritmo estático só não foi pior que a própria performance de "Would I Lie To You?" com o uso da mais que clichê "pancada na cabeça" para desencadear o número musical que supostamente se passava na mente de Derek. Sem contar que a sequência inteira soava a vergonha alheia e constrangimento.

Se vale como ressalva, a performance de "Caught in the Storm" por Ivy Lynn conseguiu tirar meu fôlego, embora não faça sentido toda a situação da festa com os figurões da Broadway e o quão rápido Ivy conseguiu chegar ao evento (foi só ligar que ela praticamente já entrou em cena).

Por fim, vejo "Smash" como um projeto de musical que, por hora, precisa de inúmeros retoques para chegar  aos grandes palcos da Broadway. Resta saber se a série terá tempo de fazê-lo, já que a audiência da premiere traz indícios de que os holofotes de "Smash" não verão a luz de uma terceira temporada.

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