Hilário, bizarro, revoltante, nojento. Tudo ao mesmo tempo.


O episódio desse domingo de Shameless retoma o ponto onde a série parou na semana anterior, com os irmãos sendo levados a diferentes lares adotivos por conta da denúncia “anônima” feita ao equivalente americano do Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes. E na primeira parte do episódio pareceu que o programa giraria de maneira previsível em torno dos novos lares adotivos e dos desafios que cada criança Gallagher enfrentaria, até um previsível final feliz. Mas aconteceu muita coisa além disso e a trajetória foi tudo menos previsível.


De fato, os primeiros minutos mostraram os Gallaghers em seus novos lares. Carl e Liam com um casal birracial de gays. Lip e Ian em um lar tipo albergue para adolescentes delinquentes, e Debbie com uma senhora com 300 crianças adotivas, por assim dizer. Carl conseguiu causar todo o tipo de situação embaraçosa para provocar aqueles dois “robôs gays”, como os chamou. Pobre Debbie teve que bancar a empregada e babá pois a mãe adotiva daquela tropa fazia cara de anjo amoroso na frente da assistente social, mas na real era um carrasco. E foi hilário ver marmanjos como Lip e Ian sendo tratados como adolescentes, mas como Lip sabe se safar de qualquer situação com sua lábia e uma boa propina, logo conseguir encaixar a si e ao irmão no sistema vigente de modo até a conseguir um quarto particular para um encontro íntimo com a bela Mandy. Mas fico satisfeito que essa parte da história não tenha rendido muito e logo o show surpreendeu, pois trilhou outros caminhos.


Também tivemos um necessário momento dramático com Fiona. Foi triste ver ela tentar conseguir um turno livre no supermercado quando todos estão contra ela. O gerente Billy, por ter sido chantageado, e as outras funcionárias, por serem umas covardes e se submeterem ao assédio de Billy e acabando por descontar tudo na pobre Fiona. Resultado: ela foi obrigada a se demitir. Confesso que achei que a história no supermercado renderia muito mais e de maneira mais criativa, mas aquela trama foi simplesmente eliminada. No fim, pobre Fiona, sozinha e amargurada, desaba emocionalmente. Foi tocante.


O jeito foi apelar para Frank em busca da guarda dos filhos e este, é claro, aproveitou a situação para tirar vantagem. Afinal, na sua ótica deturpada, era Fiona que precisava de um favor dele. Frank realmente dá nojo. De qualquer modo, empurrado por Fiona e aconselhado pela advogada, Frank precisa da “esposa” Monica e como ela está sumida, ou a atriz cancelou o contrato, ele pede para Sheila colocar uma peruca loira e se passar por Monica nas aulas de educação para pais.


O psicodrama em que Frank e Sheila representaram como um pai puniria uma filha adolescente que chegou tarde em casa foi hilário e, ao mesmo tempo, revelou todos os podres que esses dois têm como progenitores. E chegou um ponto em que Frank, tendo largado as drogas e a bebida de repente a fim de fazer um teste de urina queria subir pelas paredes e suava como um porco. Implorou a Sheila por um Valium, mas sua solução para que isso não aparecesse no teste de urina deixou-me de boca aberta. Pois, falando em boca, foi lá mesmo que Frank guardou a urina limpa. Mais uma coisa nojenta, Frank.


As outras tramas paralelas também surpreenderam. Eu já nem tinha mais vontade de continuar a mencionar as tentativas de Kevin e Veronica de tentar ter um bebê. Ocorre que o truque com o borrifador de tempero carregado de esperma não funcionou, então ou truque foi Kevin inseminar a sogra da maneira tradicional mesmo. Foi, de fato, uma série de momentos dos mais embaraçosos para todos os envolvidos. Mas esse trio é tão simpático que numa situação tecnicamente tão pervertida quanto um “ménage à trois” envolvendo um homem, a esposa e a sogra, era de se admirar a pureza das intenções de todos e o sacrifício pelo qual passaram. Novamente a gente não sabe se ri ou se chora. Mas não deu para evitar a risada quando Veronica colocou um lençol só com um furo para o pênis por cima da mãee esta ao ver aquela “fantasia da KKK” disse que se sentia como “uma prostituta fantasma”.


Az parte mais chocante (embora, sei lá, já perdi a noção do que é chocante em Shameless) aconteceu de maneira repentina e violenta. Ian e Mickey se preparavam para uma sessão de vídeo e namoro quando papai Milkovitch chegou mais cedo e partiu para a porrada sem sentido. Bateu em Ian até sangrar, em Mickey até ele perder os sentidos e, sob a mira de uma arma, fez com que uma prostituta o “fodesse até tirar essa coisa gay dele”, enquanto Ian foi obrigado a assistir. Até agora a sexualidade de Ian e Mickey tem sido tratada com respeito pelo show, mas a cena foi tão revoltante que, novamente, a gente fica sem conseguir pensar direito quando a dignidade dos personagens parece ir parar no ralo.


E, para fechar com chave de ouro (ou latão, já nem sei mais), quando tudo está resolvido e as crianças estão voltando para casa com Fiona, esta consegue um favor da assistente social e ouve a gravação da denúncia “anônima” feita por um “cidadão preocupado” com o bem-estar dos jovens Gallaghers. E ouve, absolutamente apalermada, a voz de Frank denunciando como seus filhos vivem mal, imundos, não passando de pivetes com um pai bêbado. Foi absolutamente surreal e a cara de nojo, e puro ódio que Fiona fez traduziu o que todos nós, com certeza, sentimos.

O que você acha de Frank? Ele tem possibilidade de redenção? E o que Fiona pode fazer para eliminar esse “encosto” em sua vida? Como você daria uma bela e definitiva lição em Frank?



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