Supernatural
  
O segundo episódio canino da temporada nos traz um relacionamento no mínimo bizarro.

Em primeiro lugar, desculpem-me pela demora da review. É chato quando a vida real atrapalha nossa vida online, mas que vai se fazer? Acontece.

Essa tenho lido comentários e reviews sobre o mais recente episódio de supernatural. Senti uma certa tendência em se considerar o episódio 14 melhor que o 15, pelo fato do show ter abandonado a história principal e do tema ser um relacionamento pra lá de estranho. Afinal, se o cão é o melhor amigo do homem, no caso a cadela é... Como colocar isso de uma maneira que não fique grosseira? Aliás, pelo próprio uso da palavra cadela já se fica sem jeito. Digamos que o personagem tinha uma amizade colorida com sua cachorra (se é que ainda se usa essa expressão). E “cachorra” também é um termo negativo, certo?


Bizarrices à parte, eu diria que representou um progresso em relação à semana passada. Pelo menos, abandonou-se a sensação de “bottle episode”, ou seja, os mesmos atores confinados a uma única locação, tudo feito da maneira mais barata possível. Além disso, a beldade da semana eu achei mais bonita e expressiva, os personagens em geral foram bem mais interessantes que os daquela família desagradável e dessa vez tivemos um vilão convincente. Em resumo, o episódio, em termos gerais, foi melhor.


O problema está, justamente, nessa relação do cão como melhor amigo do homem com algo mais. A situação é tão esdrúxula que, embora fosse um prato cheio para piadas maliciosas de Dean, os roteiristas não tiveram coragem de dizer uma única piadinha a esse respeito. Ora, no fato de uma mulher jovem e bonita usar uma coleira e chamar seu namorado de mestre, o que poderia haver de errado? Foi difícil em penar em coisas como “será que ela se transforma quando estão fazendo sexo?” ou “a namorada dele tem pulgas?” ou qualquer comentário malicioso sobre ela querer sexo como uma cadela no cio... Não importa da maneira que se olhe para o assunto, sempre fica estranho e ofensivo para a mulher. E nada elogioso para o homem. Afinal, ela é mulher ou cachorro? Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Quando o Dean manifestou essa curiosidade, ela desconversou.


Ainda no campo dos animais domésticos constrangedores, tivemos que o assistente do vilão era essa figurinha aqui, um típico metrossexual que se transformava em um gatinho tão fofinho. Agora olho para o meu gato Leo, que também é preto, e fico satisfeito que não haja um feitiço que o transforme em humano, e, sei, pensar nisso é uma tremenda bobagem.

Quanto ao caso, foi razoavelmente interessante. Quem era o vilão não foi difícil de prever, pois geralmente a gente conhece o bandido nas primeiras cenas em que estranhos são apresentados, mas toda a questão do feitiço der do tipo que implanta memórias e não do que controla outro bruxo foi uma virada interessante. E também não vi a participação acessória do “gatinho” com cara abobalhada.


No entanto fica a questão. Por que o agente Ed Stoltz deliberadamente mentiu a Sam (disfarçado de Agente Keith do FBI) sobre investigar James? Foi conveniente para a história, pois ele não tinha que saber que Sam era amigo de James.


O episódio também tratou de questões de confiança entre Dean e Sam. Algumas vezes, os escritores simplesmente enfiaram, forçando no diálogo, uma passagem em que os irmãos mencionassem as provas para fechar os portões do inferno, e isso soou artificial. Na parte em que eles estavam discutindo sobre métodos para eliminar um bruxo, Sam falou:

Dean: “Bem, estou preocupado.”
E então Sam emendou, sem mais nem menos...
Sam: “Preocupado com o feitiço de matar bruxos, ou de que eu vou fracassar nas provas?”

Que isso, Sam? Por que está tão na defensiva? Parece não confiar no próprio taco. E, quando menos se espera, Sam conclui: “Não é que ele não confia em mim. Ele (Dean) só confia em si.” Embora acho que a conclusão seja correta, nada na temporada explica como Sam chegou a esse raciocínio.

E graças ao vilão da semana tivemos um breve clipe com os piores momentos de Sam e Dean.


No final, tudo era uma armação de Spencer, o bruxo invejoso. Entendo o fato dele preferir ser um dono de um Porsche, digo mestre da Portia, e, o que é pior, teve que se contentar com Felipe o Chato. Acho que ele nunca ouviu falar do ditado “Quem não tem cão caça com gato.”.


E, bem no final mesmo, após Dean se desculpar e depositar sua confiança em Sam, em tentar expor seus sentimentos ao irmão e dos dois estabelecerem um vínculo de confiança, o quadro muda novamente. Sam discretamente tosse sangue. Mas essa nova mentira entre Sam e Dean (grande novidade, eles vivem escondendo coisas um do outro) foi perfeitamente justificada. Afinal, se Dean já tem dificuldade em aceitar o fato de ser Sam quem vai fazer as provas para fechar os portões do inferno, então saber que ele está se envenenando no processo faria Dean pirar e ele iria querer tomar o lugar de Sam novamente.

Observações aleatórias:

- A voz de Sam parecia de alguém gripado desde o início do episódio. E aí ele tosse sangue. Ou Jared estava mesmo resfriado, ou houve uma ótima preparação de ator desde o início. Se assim for, parabéns, Jared!

- Eu juro que quando James abriu a lata de lixo, achei que encontraria a cabeça da mulher ali, não apenas uma camisa ensanguentada. Mas aí me lembrei de que Supernatural não é Game of Thrones ou The Walking Dead e The CW não é emissora de TV a cabo.

- Dean quer achar outro cão dos infernos e repetir o episódio anterior! Não! Não! Tudo menos isso!

- Como explicar como Dean não sabia o que era um familiar, Sam não sabia o que significava quando o mestre bloqueava o familiar, e os dois desconheciam projeção astral? Após oito temporadas, francamente, eles já deveriam saber essas coisas...

- Então foi o cão que mandou a mensagem aos Winchesters. Isso me lembra de um show ridículo da Disney chamado Dog With a Blog.

- Testemunhas falaram em um “homem de terno” cometendo os crimes. Fez me lembrar de Person of Interest.

- Bruxos gostam de jazz genérico.  Momento pobre para dica musical.

- Spencer perdeu a compostura quando James e Portia “deram uma de Bella e Edward”. Até quando teremos que ser sujeitados a referências a Crepúsculo? Não aguento mais!

- Dean não gosta de cachorro, é alérgico a gato. Assim já é demais! Que bicho os irmãos poderiam ter na “batcaverna”?

- A pergunta que não quer calar. Se você tivesse digamos um gatinho fofinho que subisse no seu colo e na sua cama, qual seria situação menos embaraçosa? Se ele se transformasse em homem ou mulher? Não, nem precisa responder...

- Afinal, quem foi o melhor pateta? Shemp ou Curly Joe? O quê? Não faz ideia do que estou falando? Tremenda falha cultural sua. Vá já se atualizar sobre os clássicos da comédia. Para ajudar, aqui vai um vídeo, na ausência de uma dica musical.

Assim, para seu enaltecimento cultural, aqui vai um vídeo dos Três Patetas com o Curly e outro com o Shemp.


Patetas com Curly


Patetas com Shemp


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