Código Rosa e a nova face dos direitos gays.

As mulheres e os gays (e, por tabela, Frank) tiveram destaque nesse excelente episódio de Shameless. Fiona deu importantes passos importantes em uma nova atividade profissional, Sheila, mais uma vez, deu uma de Sheila em seus piores momentos, enquanto que Karen e Mandy tiveram um confronto decisivo. Já Frank aprontou mais uma das suas e caiu em pé. Em baixa estiveram “Jimmysteve” e Ian.


“O quê? Estou fazendo um bom trabalho???”

Foi animador ver o sucesso de Fiona no mundo corporativo do telemarketing. Essa garota merece um monte de coisas boas acontecendo com ela e já era hora de alguém reconhecer isso. Foi hilário ver a reação de sua superiora imediata às improvisações de Fiona com clientes ao telefone, pois a solução típica da mentalidade limitada do baixo gerenciamento demonstrada por essa senhora se resumia a orientar: “Se eles dizem isso, você diz isso, se eles dizem isso, você diz isso, se eles dizem isso, você diz isso. Não fuja do script.”

Mas o supervisor, Mike Pratt, teve a capacidade de entender que Fiona apresentou uma solução criativa a um problema e que funcionou, e suas eventuais falhas relacionadas a reclamações são meros detalhes a serem corrigidos. E, por incrível que pareça, até Frank, indiretamente, ajudou a filha a melhor se relacionar no ambiente de trabalho. Que diferença em relação ao gerente tarado do mercadinho. Mike pareceu ser simpático e, num mundo de ficção, talvez se apresente como uma alternativa romântica a Fiona, já que Jimmy pode muito bem estar de saída.


Um possível envolvimento entre Fiona e Mike levaria a mais situações divertidas como a que ele enfrentou ao pisar em ovos ao tentar discutir questões como pornografia, fotos de pênis, circuncisões, felação e coisas do estilo, sem poder pronunciar uma única palavra que remetesse a sexo por medo de um possível processo de assédio. Genial também foi a cena em que ela teve que fingir uma cara de tristeza ao sair de uma “bronca” do chefe. Boa sorte, Fiona. Torcemos por você!  


“Onde estão meus direitos iguais?”

Quanto a Frank, ele, como sempre, só pensou em si. “Gay” por conveniência, resolver bancar o paladino dos direitos dos homossexuais só para poder usufruir do seguro médico de seu “parceiro” Christopher. Acabou que Chris ficou apavorado com sua nova reputação de gay e sua mamãe deu um fim àquela bagunça, expulsando Frank da vida do filho.

A frase mais sincera do camaleônico Frank foi, quando perguntado se era gay: “Eu sou o que tiver que ser quando tenho que sê-lo.” O discurso de Frank fazendo um apelo emocionante por seus direitos maritais foi comovente para quem não conhece Frank. E, em sua nova condição de gay por conveniência, Frank ganhou novos amigos de bebedeira e até um gratificante sexo oral. E, no fim, recebeu um convite irrecusável que lhe trará futuras vantagens, refeições e um lugar para dormir.


“Código Rosa!”

E Sheila... Ah, Sheila... Sheila foi um buraco negro que quase sugou minha vontade de viver e de ver o episódio. Basicamente ela serviu para caracterizar Karen como filha problema com toques de mau caráter. Fico desanimado só de comentar sobre a Sheila. Sua tentativa de reconciliação com Karen foi bonita, mas teve um lado patético. Os roteiristas precisam achar algo melhor para ela fazer.


“Fuck! Fuck! Fuck!”

O dia de Jimmy foi uma engraçada comédia de erros. Teve boa parte de seu salário descontada e o pouco que recebeu perdeu ao ser assaltado por uma pivete. Até “seu próprio” carro, furtado com o suor de seu rosto, foi recuperado pelo verdadeiro dono. No fim, preferiu ouvir conselhos de sua sombra mafiosa, o brasileiro safado Nando, que o aconselha a abandonar Fiona e que ser rico é melhor que ser pobre.

A parte sobre as desgraças de Jimmy foi interessante, mas a conclusão dessa trama, não foi. Sua grande “descoberta” é que o curso de medicina não é tão chato assim se trabalhar no pronto-socorro (???) pois lá é onde está toda a diversão (???). Não fez muito sentido, nem se configurou numa solução para seus problemas imediatos. Para ser médico, é preciso estudar horrores. Mas isso encaminhará a partida de Jimmy para a universidade ou coisa parecida e para longe de Fiona, assim espero.


“Você me ama e você é gay. Admita pelo menos uma vez na vida.”

Pobre Ian entrou em parafuso quando soube que Mickey vai casar com uma vagabunda qualquer que ele engravidou. Ian pensou poder conseguir que Mickey admitisse sua condição e tivesse juízo, mas não foi bem assim. Confesso que fiquei chocado e surpreso, pois achei que Mickey demonstraria um pouco mais de humanidade. Mas não. Ele é mau caráter mesmo e deu uma surra em Ian, mostrando o quanto odeia e despreza sua própria condição de gay.


“Circuncisão, de jeito nenhum!”

A discussão entre Veronica, Kevin e Fiona sobre circuncidar ou não seu futuro bebê chamou minha atenção. Parece mesmo que a circuncisão é prática mais comum nos Estados Unidos que eu supunha, pelo menos mais comum que no Brasil. Surpreende-me que uma mulher como Fiona ache que seja óbvio que um homem deve ser circuncidado.


“Não quero uma palestra que me ensine a modificar algoritmos ao invés de pensar por mim mesmo.”

A inteligência de Lip ficou evidente em sua entrevista para o MIT. Com um ensaio ousado e opiniões fortes, ele conquistou o examinador. Isso só deixa claro que é uma pena que sua vida pessoal seja tão conturbada e que acabe perdendo chances de sair da pobreza. Se não fosse por Mandy, ele nem teria tido essa entrevista.

Lip caiu no meu conceito ao transar com Karen apesar de ainda envolvido com Mandy. Sei que muitos espectadores (e, principalmente, espectadoras) do programa não perdoam a infidelidade masculina. Mas Lip não é de fazer esse tipo de coisa e me pareceu que Karen se apresenta como a kriptonita de Lip, seu grande ponto fraco e por ela ele perde todo o bom senso. E ele meio que se redimiu no final ao dar o fora em Karen.


“Tudo que eu tenho que fazer é um furinho no preservativo.”

A disputa entre Karen e Mandy atingiu proporções épicas. No episódio passado eu reclamei que Karen não me pareceu má o suficiente, então os roteiristas fizeram questão de caracterizá-la como vilã. Assim, ficamos sabendo que ela escreveu aos Wong coisas terríveis sobre Sheila. E, mesmo tendo perdido Lip, tentou envenenar o relacionamento dele com Mandy uma última vez.

Até a última cena, eu considerei a Mandy uma ótima namorada para Lip, apesar de intrometida. Achei tocante como ela se preocupou com o futuro dele e como disse que, mesmo que ele não a levasse com ele, ela ainda sim desejava que Lip tivesse sucesso.

Mas foi ingenuidade minha ao pensar que a provocação final e Karen faria com que Mandy se voltasse contra Lip, rompesse com ele, ou fosse para um canto chorar. Que nada! Baixou o espírito psicótico dos Milcovitch e ela simplesmente tratou de eliminar o problema, no caso, Karen. Primeiro eu tinha até pensado que ao atropelamento de Karen tinha sido obera do acaso, recurso tão comum em seriados, o atropelamento casual quando menos se espera. Mas não, foi Mandy e Mickey ainda deu sugestões de como se livrar das evidências no carro. Família Metralha está aí mesmo! Agora, sinceramente, me parece que Lip ficará melhor sozinho.



E aí, o que você achou? Como Frank se sairá como representante dos direitos gays? Circuncidar ou não circuncidar? Karen ou Mandy: alguma presta afinal? Está torcendo por alguma das duas?



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