Um dos melhores episódios preparatórios de toda a série.

Não é demérito algum quando “Breaking Bad” desacelera a linha de acontecimentos de sua trama para dar seguimento aos dramas usuais de seus personagens, no entanto, para nossa felicidade “Bullet Points” foge a fórmula dos dois anteriores para nos apresentar um episódio preparatório com nuances de um thriller fenomenal.

A maestria de algumas cenas do episódio carrega uma tensão estupenda no respaldo de excelentes diálogos, ou de um simples silêncio. Primeiramente, na traseira de um caminhão refrigerado da Los Pollos Hermanos, Mike é atacado por dois homens armados que disparam múltiplos tiros. Assistindo a cena da visão de Mike, é possível visualizar a previsibilidade do desfecho daquela cena e, acredite quando digo que isso torna a seqüência ainda melhor.


No detrimento de suas mentiras, Walter White torna a mostrar-se em desconforto durante todo o episódio. A série parece não dar um alívio ao personagem, quer trabalhando, quer convivendo com sua família. “Como as coisas foram ficar tão bagunçadas?” – Walter. Pergunto-me o mesmo. A duas temporadas atrás nenhum fã sequer cogitava a idéia de ver a inocente dona de casa, Skyler planejando lavagens de dinheiro, encobrindo as mentiras de Walter e todos os crimes que este cometeu.

Ela parece muito mais confortável com toda a situação do que ele, sendo até mesmo capaz de inventar, literalmente, um teatro para o jantar em família. “Talvez eu chore um pouco”, eu ri.

No entanto, em “Breaking Bad” o parâmetro parece mudar a cada temporada e os personagens evoluem. Este é um dos grandes méritos da série que neste momento parece pronta para um clímax ainda maior que o final de sua 3ª temporada. Desde que Jesse teve sua zona de conforto destruída, este parece incólume a sua própria rotina, visto que em “Bullet Points” chegou até mesmo a não ligar para o roubo de sua sacola de dinheiro. A cabeça raspada logo representa que aquele Jesse não é mesmo que conhecemos a 3 anos atrás, este parece vazio em seu olhar gélido quando relembra o assassinato de Gale, este Jesse parece pronto para morrer.

Por outro lado, o episódio voltasse para um dos diálogos mais tensos da história de “Breaking Bad” com Hank e Walter, ou melhor, W.W, o grande Heisenberg no mesmo cômodo que um agente do DEA, ambos disfarçados de ‘camaradas’. O diálogo é um jogo mental tortuoso. Neste momento, a série consegue mostrar que mesmo focada em diferentes personagens e tramas individuais, consegue trazer uma coletividade em relação ao núcleo da trama. A meu ver, o DEA se aproxima cada vez mais do tráfico de crystal meth por meio destes dois personagens pelo qual nos importamos. Este receio de ver a verdade vindo a tona é formidável e torna a série ainda mais interessante de se ver.

“Bullet points” também é marcado pelo retorno do Poderoso Chefão, Gus. Era uma simples questão de tempo até que o Chefão ordenasse uma das baixas a dupla Walter/Jesse, convenhamos que o segundo vem causando sérios problemas. Não agradará Walter, que para Gus ainda é útil, mas parafraseando Mike: “algo precisa ser feito”.

Por outro lado, este episódio é marcado por feições de preocupação e temor. No segundo em que Gale aparece em vídeo cantando em árabe, o medo da verdade sobressai o que poderia ser um alívio cômico, Bryan Cranston perpetua uma expressão pálida, nervosa e congelada, a mesma se espelha na expressão do telespectador. O choque é palpável.


Como um tumor, os problemas de Walter crescem. Parece não haver outra saída que não uma fuga. Com isso, o senso de perigo nem ao menos permite que Saul entre em destaque com seu velho e conhecido humor. Pela primeira vez, vemos o personagem sério, encarando os riscos e dando a Walter sua última saída: desaparecer. Também pela primeira vez se tem uma escala de proximidade com o fim de "Breaking Bad", só espero que este não venha acompanhado por um pijama de madeira a nenhum dos personagens.

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