Juramentos e promessas.

O quanto vale uma promessa, um juramento, uma palavra empenhada? No mundo da espionagem em tempos de Guerra Fria, o comprometimento pode ser autêntico e vitalício, ou totalmente falso. E a mesma pessoa pode ser um heroico patriota para uns e a encarnação do próprio diabo para outros.

Enfim, tivemos mais um excelente episódio em um show cuja qualidade se mantém desde o início e que promete uma conclusão altamente emocionante nessa semana. Vejamos o que aconteceu aos principais personagens.

Elizabeth e o espião problema


Desde que Elizabeth seguiu as ordens de executar Adam Dorwin em 1x05 “COMINT”, ela “herdou” a guarda de Sanford Prince, o cientista/espião problema/jogador degenerado que Dorwin havia recrutado. Achei até engraçado como ele simplesmente se deu a liberdade de sondar e recrutar um coronel da Força Aérea dos EUA, pois esse é o tipo mais arriscado de tarefa que claramente cabe apenas a espiões mais experientes.

E, mesmo que o Kremlin tenha ficado tão interessado nas informações que ele tem a divulgar a ponto de marcar uma arriscada reunião para os agentes do Diretório S, esse tipo de comportamento apenas mostra que Prince traz em si um fator de risco muito grande, talvez mais do que valha a pena. E agora que foi preso por não pagar pensão alimentícia, em minha opinião teria que ser eliminado.


É claro que, segundo Claudia, vale a pena correr o risco. Segundo Elizabeth, Claudia odeia os Jennings, então para Claudia seria fácil arriscar a pele dos outros. E como a reunião com o tal coronel ficou para o episódio final, fica evidente que não será um encontro calmo e rotineiro. Mas levará à captura de Elizabeth, pois o show não termina nessa temporada.


A propósito, foi interessante ver Claudia tão entretida com um jogo de Pac-Man. E me lembrou do título do episódio de Supernatural da mesma semana. E eu estava com saudade de espionagem feita à base de lunetas minúsculas e documentos importantes escondidos em micro-pontos.

Clark e Martha, até que a morte os separe


Diante do desafio de saber se a reunião com o coronel informante seria autêntica, Phil executa o ato mais absurdamente audacioso desde que começou a trabalhar Martha: pediu-a em casamento. E o mais espantoso: ela aceitou. E todo o tempo fiquei pensando: que tipo de mulher se casa com um homem e nem sabe que ele usa peruca e óculos falsos?


E ainda para completar o circo, Claudia e Elizabeth fingiram ser sua família. Promessas foram feitas, palavras ditas, juramentos feitos. E, como resultado, lá estava Martha pronta a plantar um microfone no escritório de Gaad sem sequer perguntar por quê.

E diante daquela representação teatral tragicômica, só restou a Elizabeth se questionar se seu “casamento” com Phil teria dado certo se eles tivessem feito um juramento parecido. Mas toda a farsa, esfregada assim na cara dela, escancarou o fato de que ela e Phil nunca foram casados de verdade. Numa existência esquizofrênica como a deles, sinceramente eu acharia dificílimo determinar o que é verdade afinal.

Paige: “Quem é essa vagabunda?”


Só para nos lembrar de que os Jennings também têm vida familiar, Paige teve algumas cenas curtas, mas tocantes. Sua interação com o pai pareceu realmente genuína e realmente Holly Taylor e Matthew Rhys têm uma ótima química juntos como pai e filha. E, é claro, Elizabeth tinha que chegar e arruinar o belo momento deles. Numa separação é mesmo duro ser a bandida da história.


E teve a cena em que a pobre Paige babava diante de seu namoradinho, o roqueiro guitarrista cabeludo Matthew Beeman. Tudo ia bem até, assim sem mais nem menos, chegar aquela vadia com aqueles peitos, aqueles brincos enormes, aquele cabelão todo, toda maquiada e, o que é pior, tocando guitarra super bem. De fato Paige é uma menina bonita, mas ainda não desabrochou. É, a competição pela atenção de Matthew é dureza mesmo.

Viola, o castigo divino e o FBI


Viola Johnson, a empregada dos Weinbergers pela última vez vista em 1x02 “The Clock” ainda lutava com sua consciência pelo que tinha sido obrigada a fazer. E o fato de ter que limpar aquele maldito relógio todo santo dia não ajudava nem um pouquinho a aplacar sua culpa. E a gota d’água foi o enfurecido discurso do pastor enfurecido falando sobre como o diabo se infiltra em nossas vidas e como o fogo divino consumirá os pecadores, ou algo assim.


Por essas e outras, Viola abriu o jogo e, encurtando a história, o FBI acaba na biblioteca de Weinberger testando o tal microfone no relógio. Gostei da frase de Gaad: “Agora que sabemos que eles estão escutando, saberemos o que dizer.”


Na verdade foi um efeito dominó de descobertas encadeadas. A descrição de Viola do casal “diabólico” que a chantageou foi comparada com a descrição da mulher que quase assassinou Richard Patterson em 1x11 “Covert War”. E agora o FBI tem uma ideia bem aproximada das características físicas dos espiões do Diretório S. Sorte dos Jennings que o desenhista do FBI é péssimo, porque aqueles retratos falados estão horríveis. Mas acho que deve ser assim mesmo que acontece na vida real e os desenhos muitas vezes não ficam muito parecidos.

Nina e o amor à pátria russa


O segmento mais tocante coube à nossa beldade russa de plantão, Nina. Vários fatores deram uma boa sacudida nela, a tal ponto de seus valores serem severamente questionados. Para começar, teve que arrumar as coisas de Vlad. Um menino, segundo ela. 


Em seguida, Nina foi chamada ao escritório de Arkady, que lhe concedeu uma das mais altas honrarias dadas a um oficial soviético. E ela teve que repetir um juramento solene e, a cada palavra, seu verdadeiro senso de patriotismo aumentava. Talvez ela estivesse fascinada com a vida nos EUA e achasse que um recomeço como americana lhe traria uma vida melhor. Mas com a promoção de Arkady, ela sentiu um novo senso de propósito, de orgulho.  

Cabe aí questionar quais teriam sido as motivações de Nina em espionar para os americanos até então. A história começou com uma chantagem, mas o primeiro erro do FBI foi achar que uma chantagem pode segurar alguém indefinidamente. Depois, vieram as promessas, outro erro do FBI, pois promessas vazias também têm validade bem limitada. Por fim, veio a ligação romântica com Stan, mas o assassinato de Vlad mudou tudo isso.


Depois, num encontro clandestino com Stan, ela finalmente conseguiu encurralá-lo em um momento de sedução de tal maneira que ele não conseguiu mais mentir. Ou seja, foi ele mesmo quem matou Vlad e negar, a essa altura, ficaria mais do que ridículo. Mas quando ele admitiu, ainda que tacitamente, deu para perceber uma pequena faísca no olhar de Nina, que prontamente, intensificou a sedução. Naquele momento assumiu a espiã e, se ela até então parecia genuinamente interessada em Beeman como homem, naquele momento preciso começou a se formar um plano de vingança.


Assim, de um lado havia os americanos que, com suas promessas vazias, apenas queriam usá-la para obter informações e descartá-la como lixo. E, do outro lado, ela se via diante do sistema soviético que a valorizava e lhe dava um novo propósito de vida. E que lhe forneceria um modo de vingar a morte de Vlad.


A confissão que se seguiu foi um momento forte e inesperado. Foi inegável a surpresa de Arkady em saber que ela era a informante inimiga infiltrada. Eu só fiquei pensando no pobre Vasili, já que tinham armado contra ele. Nina pediu perdão e uma chance de se redimir, mas só saberemos da resposta de Arkady no episódio de hoje. É claro que Nina é um personagem que ainda vai perdurar por pelo menos mais um tempo, e o show perderia muito sem ela. Mas em que condições ela ficará exatamente é algo que estou ansioso para descobrir assim que a cópia do episódio estiver disponível para nós.

E aí, qual é sua previsão para esse final de temporada?



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