Como lidar com a família extensa do seu marido?

Trophy Wife é a nova aposta da ABC nas noites de terça-feira, juntamente com duas outras comédias. A ABC está tentando expandir seu bloco de comédia (que antes ficava somente na quarta-feira), tentando monopolizar sua programação com estreias que dariam certo se fossem intercaladas com Modern Family, por exemplo. Trophy Wife é a produção que a ABC conseguiu que mais se aproxima dessa situação.

A série conta a história de Kate (Malin Akerman, do filme Watchmen), uma mulher jovem e baladeira que se casa com o pai de família e separado (duas vezes!!), Pete (Bradley Whitford, da série The West Wing) e precisa mudar suas ações para conseguir ser uma madrasta para os filhos do marido, enquanto precisa lidar com as ex-esposas do mesmo, provando que ela é muito mais do que uma loira jovem e esbelta.

A série começa com um flashback e mesmo que esse artifício seja cansativo na maioria das vezes, aqui é conduzido de forma correta, abrindo espaço para que os arcos principais da série sejam desenvolvidos logo nos primeiros cinco minutos. Porém, essa abertura acontece de forma bem rápida, deixando claro que ainda é necessário que haja melhores cenas para contextualizar o telespectador sobre o passado, principalmente sobre o relacionamento de Kate e Pete, que quase não dividiram a telinha no episódio. Irônico pensar que o único casal da série ficou junto somente por 8 minutos.

Malin Akerman é uma pessoa cativante e conseguiu se segurar durante o episódio. As possibilidades de problemas são enormes, mas os plots ‘quero ser aceita pela família’ e ‘quero me dar bem com as crianças’ estão bastante batidos. Prova disso é o final do episódio, que quebra completamente com o clímax, ao colocar a filha rebelde como a solução dos problemas de Kate. Os clichês vão acontecer, é claro, mas é trabalho da série saber trabalhar melhor com eles.

Bradley Whitford não é conhecido por papéis cômicos, por isso deve ser difícil para que o ator consiga transparecer algum tipo de comicidade em tela. Alguém sempre ofuscava a presença do personagem em todas as cenas em que ele aparecia. Mais especificamente, a ex-mulher hippie, Jackie, chamou a atenção por onde passava, mesmo sendo completamente pirada. Um destaque foi a última cena do episódio, em que Jackie faz um monólogo enquanto procurava a chave para entrar na casa, que estava com a porta destrancada.

A maioria dos personagens tem um bom espaço para serem desenvolvidos, mas o uso de humor fácil é sempre algo negativo nas comédias hoje em dia – na maioria das vezes, os escritores se esquecem do roteiro e menosprezam o telespectador ao entregarem cenas bobas, então há sempre a possibilidade de que a série decaia nos episódios seguintes. Entretanto, Trophy Wife consegue apresentar um Piloto condizente e com um bom desenvolvimento. Só falta esperar e torcer para que consigam aparar as arestas.  

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