Dexter chegou ao fim no último domingo (23) com uma series finale que tem levantando muita polêmica e, em especial, dúvidas aos telespectadores. Dito isso, a produtora executiva Sara Colleton deu uma entrevista ao TVLine, onde pode comentar o destino do protagonista, finais alternativos e dissecar a polêmica cena final da série. Confira:

Atenção: Spoilers sobre o final da série abaixo.

TVLINE | Houve alguma vez um cenário planejado no qual Dexter morreria?

Não, e a razão para que não houvesse é que isso não seria uma punição suficiente para ele. Se exilar de tudo que ele conhece e a que se tornou apegado em toda sua infraestrutura é uma punição mais cabível para o que sua jornada em direção a se tornar um ser humano custou a todo mundo ao seu redor. Se a ideia central do piloto era: Aqui temos um cara que acha que é um monstro e ainda assim consegue ser humano... Nós vimos ele nessa jornada - ele começou fingindo mas depois se tornou real em algum lugar ao longo da história - e nós vimos ano a ano o que sua jornada o custou. Então, na finale, o último preço é pago... Se ele tivesse escutado ao seu Passageiro Sombrio e tivesse seguido o código, ele nunca teria deixado Saxon ir, ele não teria pensado que ele não precisava matá-lo, que ele teria uma impulso mais forte. Deb, que era sua rocha e alma gêmea, morreu - e essa foi a única punição cabível à ele. Ele então se exila. Quando ele olha para a câmera no final, o que restá é o silêncio; não há nem mesmo um voiceover mais. Há apenas o vazio... cometer suicídio é muito fácil; é deixar a se mesmo sair do gancho.

TVLINE | Pareceu que os roteiristas fizeram o penúltimo episódio como sendo o final feliz de Dexter e depois a series finale como sendo seu verdadeiro final.

Sim! E esse é o custo de ser um ser humano. Sabe o quão mais fácil é ser um sociopata, e não pensar e não ter ansiedade e não ter hesitação ou ter que amar? Espero que em contribuição para fazer sentido essa jornada específica de Dexter, que se analise ou olhe como é difícil ser um ser humano.

TVLINE | Essa fuga significa que ele não está mais matando, que ao invés está apenas vivendo sua vida na solidão?

Sim. Tudo que fazia parte da sua vida que lhe dava sentido se foi. Ele baniu-se o mais longe possível de Miami e qualquer um que ele amou.


TVLINE | Qual foi o significado de ter Dexter olhando diretamente para a câmera na última tomada?

Aquilo representa apenas o silêncio. Sempre houve tanto que você podia ler dentro do Dexter - duas vezes antes na série, ele olhou para a câmera, mas sempre com um voiceover. E aqui ele não tem nada. Absolutamente nada. O resto é silêncio. Vazio.

TVLINE | Sempre foi um plano de vocês matar a Deb?

Bom, não desde o primeiro ano, mas certamente há dois anos atrás quando nós planejamos isso. Dexter [na series finale] está o mais perto possível de ser um ser humano - ele está em uma jornada para alcançar a felicidade - mas ele hesita por um momento. E Deb, que é mais próxima a ela do que ninguém [sofre].

TVLINE | Houve alguma vez outros cenários possíveis nos quais Dexter "mataria" Deb, além do modo dele de tirar ela dos aparelhos que lhe davam suporte de vida.

Isso sempre foi [planejado]. Em um momento completo de amor, no seu momento mais humano, ele faz algo que teve que fazer milhares de vezes: tirar a vida de alguém. Essa é a ironia da coisa. Há uma certa bravura nisso porque ela está vivendo como um vegetal - eu espero que se isso algum dia acontecer comigo que eu tenha um irmão que me ame o suficiente para me tirar do suporte de vida. Mas Dexter está agora ciente como um ser humano de que a culpa e o sofrimento disso durarão para o resto da sua vida.

TVLINE | Quais, se de fato houve algum, finais alternativos foram pensados na sala de roteiro? Vocês sempre imaginaram que ele acabaria onde acabou, da maneira como ele acabou ali?

Nunca [houve um final alternativo]. Nós sentimos que seria trapassa não ter um fim que fosse específico àquilo que nós queríamos de dizer... Foi sempre como planejamos. Estou certa de que haverá um monte de discussão e controvérsia a respeito, mas para aqueles de nós que estiveram envolvidos na série desde o início, pareceu - e parece - certo.

TVLINE | Houve alguma preocupação com a possibilidade de que a base de fãs de Dexter poderia ter um problema com a falta de um verdadeiro desfecho para algumas histórias? Por exemplo, a caçada que inevitavelmente aconteceria por Harrison e Hannah, ou as consequências de Dexter ter levado Deb do hospital, etc.

Tudo isso foi discutido. [O showrunner] Scott Buck e [o produtor executivo] Manny Coto acertaram no primeiro esboço... Tinha que ter um grau de ambiguidade, porque nós não podemos amarrar todas as pontas. Houve tanto para fazer em um episódio de 1 hora - eu sei que as pessoas irão imaginar o que irá acontecer com Quinn e Harrison e Hannah e todo mundo, mas essa sempre foi a história do Dexter. Todas essas coisas serão deixadas para serem processadas, mas nós especialmente não sentimos que essas precisavam serem amarradas.

TVLINE | Fale um pouco sobre o olhar brilhante de Quinn para Dexter depois de ter assistido ele matar Saxon.

Quinn sempre achou que havia algo a mais em Dexter do que se podia enxergar e que talvez ele já havia ultrapassado algumas barreiras, mas eu não que jamais ocorreu a Quinn a extensão das jornadas noturnas de Dexter - e certamente não que ele fosse o Bay Harbor Butcher. Mas aquele olhar é de que Quinn completamente sabia que Dexter havia ido lá com a intenção de matar Saxon. E Quinn absolutamente aprova. Finalmente, neste momento em que a relação deles acabou, eles tem essa relação de respeito mútuo.

TVLINE | Foi de sua intenção que Hannah acreditasse que Dexter estava de fato morto?

Oh, eu acho que ela acredita nisso. Ela sabia que o furacão estava chegando. Naquele momento, ela acreditou que a razão pela qual ela não ouviu mais de Dexter é porque ele se perdeu na tempestade.

TVLINE | Algum significado para o interesse de Deb em escalar antes de morrer?

Ela estava drogada e saindo disto, então estava tendo pensamentos estranhos. Ela já estava pensando em quando ela fosse visitar eles na Argentina porque tem muitas montanhas lá.

TVLINE | Havia alguma outra cena de Deb/Dex das temporadas passadas que vocês tinham a intenção de colocar no lugar da cena da maternidade? 

Nããão, porque queríamos que esse momento fosse sobre o nascimento de Harrison no hospital e sobre as responsabilidades de ser um grande irmão e pai - o que informa sua decisão de [matar Deb]. Quando ele estava seguindo o código e o Passageiro Sombrio, ele poderia apenas ter tirado o suporte de vida, mas como um ser humano completo, ele estava ciente das consequências e qual o custo seria. Mas ele ama sua irmã o suficiente para saber que ele não poderia deixá-la para trás.

TVLINE | Então, sabemos que o potencial spin-off certamente não será centrado na Deb ou no falecido Kenny Johnson. Houve alguma vez uma verdadeira discussão sobre centrar um projeto em um desses personagens?

Foi mais divertido do que qualquer coisa. Nós ouvíamos algo sobre um spin-off de um oficial americano Kenny ou um spin-off da Deb e nós ríamos entre nós, imaginando de onde essas ideias vinham. Nós só queríamos completar a série, oito anos é muito tempo.

TVLINE | Há alguma coisa nesta finale da qual esteja mais orgulhosa?

Eu amo o resumo de Dexter desta jornada de oito anos, antes dele desconectar os aparelhos de Deb: "Por mais que eu tenha fingido o contrário, por tanto tempo tudo que eu queria era ser como as outras pessoas, sentir o que elas sentiam... agora que eu sinto, eu só quero que pare." Tem um sentimento tão humano, a dor de se estar vivo, e ele sente isso de maneira tão acentuada. É um pedaço belíssimo de roteiro em voiceover que resume a série inteira... Para mim esse é um momento muito poderoso no qual eu entendo que ele entende o que tudo isso custou, e o que ele está deixando para trás.

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O que acharam das declarações de Colleton? Concordam com suas opiniões ou não gostaram da finale da série? Deixem nos comentários.

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