A luta pelo futuro começou.

De todos os futuros previstos, poucos levavam a renovação de Fringe para uma 5ª temporada. Porém, acreditamos tanto nas "impossibilidades" que aqui estamos, diante dos 13 episódios finais de uma das melhores séries de todos os tempos. Tamanha foi a luta pela renovação que soa estranho dizer que não precisaremos mais lutar pelo futuro de Fringe. O que nos resta é aproveitar cada segundo desta jornada final e nos preparar para uma despedida que promete ser estonteante.

Mas antes, vamos a última season premiere de Fringe...

Trazendo um teaser sufocante, a temporada abre de forma pragmática, com a justaposição das boas lembranças de Peter à um pesadelo de dar calafrios. Tudo se converte, entretanto, na mais pura e dolorosa realidade. A edição da cena é excelente e logo acentua a mudança de atmosfera que ocorre quando os observadores atravessam a barreira temporal e dão início ao Expurgo, dia em que o mundo foi tomado pelos observadores. O antes sereno Peter troca a calmaria pela urgência e, a ideia de algum deles tocar à pequena Etta é simplesmente desesperadora. Quando repentinamente, seus olhos se abrem. E mesmo acordado, Peter ainda se encontra no pesadelo de anos atrás.

Um dos grandes acertos desta season premiere de Fringe foi a decisão do roteiro de dar continuidade aos acontecimentos de "Letters of Transit". Logo estamos de volta ao futuro de 2036, em que Walter, Peter e Afro (47º apelido) ainda estão se adaptando à realidade composta de palitos de ovo, nozes que valem 3000 dólares e ar contaminado por monóxido de carbono. "Que futuro miserável".

Os roteiristas de fato abandonaram o passado para dar dar início a luta pelo futuro. Este salto temporal não comprometeu, porém, a trama da série que fez questão de esmiuçar cada detalhe aos telespectadores confusos, respondendo questões como: "aonde está Olivia?" e "como e porque a divisão Fringe foi presa no âmber?".

Aliás, a realidade cinza, quase pós-apocalíptica e tecnológica do futuro não poderia ser mais fascinante. Dito isso, o mais interessante desta jornada por 2036, de fato, foi ver as mudanças que sofremos e o quanto perdemos - desde a música e a comida até a liberdade. E ninguém melhor do que Walter para servir de reflexo a toda essa realidade dramática.

Como não poderia deixar de ser, John Noble deu um show neste episódio. Não houve um telespectador que ficasse indiferente diante das cenas angustiantes da tortura com o observador ou da sequência final que comentarei posteriormente. Do mesmo modo, Joshua Jackson e Anna Torv foram excelentes quando, em meio a todos os acontecimento, o roteiro decidiu que hora de parar para dar aos seus personagens o momento de digerir tudo o que perderam.

"Transilience Thought Unifier Model-11" também nos mostra pela primeira vez o outro lado da equação: a realidade dos que vivem à margem do mundo dos observadores, especialmente na sequência em que estamos no mercado negro, que parece ter sido inspirado no filme "Bladerunner". Outra referência a ser citada, é a relação do anão com Olivia (mesa de centro) que apresenta o princípio básico no conto da Bela Adormecida, em que a princesa acorda de um sono profundo e o primeiro que ela avista é o príncipe salvador.

Já a cena final do episódio é simplesmente uma obra-prima. Começamos "Transilience Thought Unifier Model-11" com um Dente de leão sendo despedaçado diante do vento, dessa forma, a flor representa a perda, uma vez que sua existência se esvai a medida que os Observadores surgem rompendo a barreira do espaço/tempo.

Ao encerrar este mesmo episódio com o brotar de uma flor sob o cimento estático, sob condições ambientais infavoráveis, a nós é dada uma mensagem de esperança. A flor é um último suspiro. Como uma tulipa branca que surge milagrosamente para trazer o perdão e, no momento de maior súplica, afagar um homem que mais uma vez havia perdido todas as suas esperanças.

Easter eggs:

Um dos detalhes sempre acrescidos pela produção de Fringe são os glyphs codes que além de marcarem presença em cada intervalo do episódio também surgem em algumas cenas. Exemplo disto é o cavalo marinho que avistamos na cena em que Walter encontra-se dentro do carro escutando música segundos antes de ver a flor, veja:


Outro glyphs que sempre marca presença são as borboletas, as quais avistamos em duas cenas deste "Transilience Thought Unifier Model-11", confira:



Outro objeto interessante é a garrafa da qual Etta bebe. Você certamente não se recorda, mas ela também pode ser vista no episódio 4x11 "Making Angels", confira:


Aliás, vemos no momento em que a Fringe Division entra no mercado negro um anjo na parede. Seria esta mais uma referência ao episódio 4x11?


Outro easter egg divertido são os sinais de luz que Walter recebe dos CDs e que os atrai ao local da flor. No episódio 3x19 "Lysergic Acid Diethylamide" vemos William Bell usar este mesmo método para atrair Walter para uma das torres do World Trade Center, veja:


E já que citei os glyphs, nesta semana a palavra formada é DOUBT, que traduz-se como "dúvida". Acredito que esta se refere à dúvida que Olivia, Peter, Walter, Etta e Astrid tem à respeito do futuro, se o plano para derrotar os observadores irá funcionar e se conseguirão mais uma vez salvar o planeta.


Outro detalhe interessante trazido pela produção da série foram as palavras cruzadas que Astrid joga no início do episódio. Nelas, vemos desde simples palavras como TELHA, PARTE e FROTA, até as mais características de Fringe como GÁLIO, o elemento químico correspondente a sigla Ga. Porém a palavra que mais chama atenção é HOPE, ou ESPERANÇA em português, que mais uma vez surge para provar que esta é a grande mensagem da premiere de Fringe.


A música que encerra o episódio de maneira irretocável é "Only You" da banda britânica Yazoo. A letra é de uma simples canção de amor, mas chama a atenção por seus primeiros versos: "Eu estou olhando pela janela. É como uma história de amor." que refere-se ao momento que Walter olha através da janela do carro a flor sob o cimento.

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