Se você for, eu vou.


A Summer Finale de Suits não foi de explodir cabeças, mas certamente ela soube usar alguns recursos a seu favor. Já de início, a série quebra o clímax esperado em relação ao voto de Louis. O suspense pela decisão dele ficou no episódio 2x09 mesmo, sendo que o 2x10 serviu para mostrar a reviravolta dos perdedores retomando o “território”.

Mas, mais do que isso, “High Noon” foi sobre as alianças entre os personagens. Sobre os relacionamentos mentores-aprendizes. É como se fosse uma cadeia: Jessica era leal à Hardman, Harvey é leal à Jessica, Mike é leal à Harvey. E aí nós temos a fala de Daniel no final, dizendo que o que aconteceu com ele se repetirá com Pearson. Se a cadeia de lealdade for um ciclo, ele pode estar mais que certo.

Deixando as previsões de tragédia de lado, foi lindo de ver esta “cadeia” funcionando para o bem. É incrível a confiança que eles depositam um no outro e a capacidade de se jogarem no precipício juntos. Harvey que o diga. Ele foi quem mais surpreendeu aqui. Não bastasse ficar chapado com seu pupilo de luto, ele resolveu se abrir para consolá-lo pela perda da avó. Se alguém dissesse na primeira temporada que um dia veríamos Harvey desse jeito, daríamos uma gargalhada com gosto. Foi maravilhoso, foi hilário, foi gostoso de assistir aquela conversa amaconhada dos dois.

Jessica foi a segunda que mais surpreendeu. Mesmo sendo a rainha da elegância e paciência, mesmo sendo fina o suficiente para engolir a derrota e seguir em frente, ela se jogou com Harvey quando ele decidiu ir contra Hardman com todas as armas (ou totalmente desarmado, melhor dizendo). Para ele, que tinha acabado de ser demitido, era tudo ou nada. Para ela, que tinha acabado de perder seu braço direito, era tudo ou nada também, mas seu nada seria um poço um pouquinho menos fundo do que o de seu aprendiz.

Louis, nesta situação, assumiu sua personalidade vingativa de vez. Nem dá para tirar a razão dele, afinal, ele nunca foi parte do time Jessica-Harvey-Donna-Mike. Ele nunca foi do time de ninguém até ser eleito o homem de confiança de Daniel. Dá para entender totalmente sua postura.

Aliás, vamos combinar que esta mesma postura será adotada por Jessica e aliados agora que estão de volta no poder. Como ela mesma prometeu, se Louis estivesse do lado errado quando ela vencesse, seria o fim dele. Pensando assim, foi bom que ele aproveitou enquanto podia, humilhou Harvey enquanto podia. Porque nada garante sua paz quando a série retornar.

Não podemos deixar de mencionar a cena dele tentando adivinhar a cena de Specter, o narcisista com ótimo cabelo. A senha não era o nome dele, não era o nome de seu jogador favorito. Já pensou... já pensou se a senha é “Donna”? Ah, quem dera se for. (Dedos cruzados, hein).

Apesar de bom, duas coisas fundamentais neste episódio foram forçadas: a dedução de que Hardman fraudou o memorando, e a chegada de Tess. Sim, nos dois casos, era necessário que os resultados alcançados acontecessem na série. Mas, para o nível de Suits, a forma como as coisas tomaram forma foi, digamos, boa demais para ser verdade.

Primeiro, a conversa que levou Harvey a deduzir que Daniel armou para ele. Sério, Suits? Sem prova nem nada, num diálogo regado à maconha, ele concluiu que o patrão era o culpado pelo último furacão de Tanner? Nós precisávamos de mais do que isso.

Segundo, Tess, a ex-nova-pretendente de Mike. Ela surgiu, claro, para atrasar o romance dele com Rachel. Todavia, que fórmula velha e desgastada que Suits usou para tal. Tess surgiu do nada, casada, sem aliança, jogando charme e sedução para todo lado, e Rachel bate na porta... bem depois do coito dos amantes. A partir daí, aquela cena de novela onde a mocinha fica brava com o mocinho, mesmo que os dois não eram comprometidos, vai se repetir de novo, de novo, e de novo. E vindo logo de Rachel, que já é bem enjoadinha e cheia de mimimi.

Temos que dar atenção também aos acertos de “High Noon”. A cena de Harvey “lutando” com Tanner foi um deles. Há algum tempo não dava para imaginá-los tendo cinco minutos de conversa civilizada. Mas a derrota, né, une até os piores inimigos. E lá estavam os dois, esmurrando seus resquícios de hostilidade. Tanner pode não ter ido testemunhar a favor de Harvey, afinal pedir por milagres também é demais. Porém, como nós conhecemos Suits, e sabemos que a história de Daniel ainda não acabou, é certo que Tanner terá que voltar, nem que Harvey tenha que arrastá-lo pelos pés.

Por último, mesmo não gostando da saída de Edith da série, tenho que reconhecer que sua morte pode ter sido um acerto. Se a presença dela humanizava Mike, sua ausência irá forçá-lo ao extremo, (vide a cena dele gritando com Harvey himself). Resta torcer para que este bad Mike não tenha vida curta, e que assim possamos ver sua transformação definitiva em Harvey Specter elevado a mil. Afinal, é para isto que servem aqueles relacionamentos que citamos no início. Se a relação é chamada de mentor-aprendiz, algum ensinamento tem que ser passado adiante, alguma personalidade tem que ser transmitida. E, pelo que vimos até aqui, muito do terrível Harvey já molda o não tão inocente Mike.


P.S.1: Se você viu a expressão de Louis no final, e se viu a promo do próximo episódio, dá para sentir que quando Suits voltar, Louis não será mais um qualquer para dançar ao ritmo da música de Jessica. Para começar, o fato de ele ser sócio sênior impede que ele seja demitido, ou seja, Louis Litt terá que ser engolido. E algo me diz que ele vai ter o prazer de fazer isso mais difícil do que já é.

P.S.2: Suits retorna em janeiro para mais seis episódios. A data oficial ainda não foi divulgada.

@nanydng

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