A arte do shock value.

Para quem não sabe, shock value é qualquer coisa que provoca uma reação de espanto, choque, nojo, raiva, medo ou algum outro tipo de emoção negativa. Algo que The Walking Dead conseguiu fazer com proeza neste "The Groove" e que, ainda assim, não parece ser o suficiente para mudar o ritmo das coisas.

Aliás, TWD tem deixado bem claro que o que mais tem é tempo de sobra nas mãos, já que nas últimas semanas fez apenas episódios focados em arcos individuais, mostrando um grupo de personagens de cada vez. O que é, ao mesmo tempo, excelente, já que agora a série pode trabalhar seus dramas com maior intensidade, mas que também resulta em um marasmo inacreditável. E, por isso, não consigo decidir se amo ou detesto o novo formato que a temporada assumiu, desde que os sobreviventes se separaram após o massacre na prisão.

"The Groove" também foi assim, uma mistura de amor e ódio. Tivemos momentos inspirados, como a sequência de abertura em que vemos uma garota brincar com um zumbi, a qual depois descobriríamos ser Lizzie (the zombie lover) e, é claro, a belíssima sequência em que Carol mata a garota (e por belíssima eu quero dizer a fotografia com o detalhe das flores, não sou tão sádico a este ponto).

Juro que não esperava pela primeira morte. Aliás, tudo acontece tão repentino que é impossível não ficar em choque com a situação. O corpo, as mãos ensaguentadas, Judith no chão. Ah, sem contar o sorriso creep da garota dizendo "espera, espera... ela vai voltar". Quanto a escolha de Carol, não sei se eu faria o mesmo com a pequena Dexter, mas achei sensato. Uma hora ou outra aquilo iria acontecer novamente e Lizzie era um perigo não só a ela, como aos outros. "She can't be around people."

O shock funcionou, só que é difícil ignorar o fato de que minutos atrás a garota havia se convencido de que estava errada sobre os walkers, matando-os com headshots maravilhosos. O que fez a morte de Mika parecer um tanto quanto forçada, como se fosse algo que simplesmente tinha que acontecer, porque convém ao roteiro.

Os diálogos extremamente óbvios dos personagens falando sobre matar humanos ("eu jamais faria isso") também nada soaram naturais. Era como se eu podia ver os roteiristas de TWD escrevendo e empurrando falas na boca de todos eles, propositalmente, para trazer o assassinato que Carol fez na prisão de volta. 

De qualquer forma, "The Groove" ainda assim é o mais chocante que vi de The Walking Dead desde a cena de Sophia saindo do celeiro como zumbi. Um episódio para nenhum estatuto da criança botar defeito (ops).

Vale também citar que tudo isso resultou em Carol contando para Tyreese a verdade, encerrando o episódio com um sonoro e irritante clichê... "eu te perdoo". Bom, eu não te perdoo TWD, mas agradeço por ter me causado um pouco de espanto, choque, nojo, raiva, medo e outras emoções negativas que adoramos/odiamos sentir. Mais sorte na próxima.

Postar um comentário Disqus

 
Top