...e o Inferno congelou.
Como tem sido a
tendência nesse fim de temporada, houve muitas histórias paralelas, mas sem um
tema em comum entre todos os personagens. Fiona de repente deu uma guinada de
180 graus e começou a achar soluções para o problema que seria mudar-se para
Michigan atrás de seu amado levando a tropa toda. O interessante é que Fiona
parece estar tomando uma decisão bastante racional, mas está totalmente cega
pelas emoções, pois só ela não via que Jimmy não parecia nada satisfeito com a
possibilidade.
Descobrir que
ele, na verdade, já havia até alugado um estúdio (como chamam apartamento de um
quarto apenas), pareceu dar-lhe um banho de água fria e trazê-la à realidade,
principalmente quando Jimmy/Steve finalmente pôs para fora o que ele pensava da
moradia dos Gallaghers: é uma maloca. Porém fiquei um tanto decepcionado
quando, no fim, ela ligou para o namorado de fato concordando com ele que seria
melhor que ele fosse sozinho e que a casa dela é uma maloca. Parece-me um pouco
contrário ao personagem fazer com que ela se deixasse manipular desse jeito,
muito embora ela seja uma pessoa sensível e de bom coração e bem vulnerável a
esse tipo de emoção.
Já o Jimmy, esse
sente falta mesmo é do Steve. Ele quer mesmo ser Steve, sem compromissos. Afinal,
como ele mesmo diz, tudo que o Jimmy faz é lavar, cozinhar e cuidar de criança,
enquanto o Steve tinha uma vida de aventuras roubando carros. Ilusão dele. Enrolado
como está com sua fútil esposa (pelo menos no papel) Estefania e com sua
família mafiosa, foi triste ver Jimmy caminhando rumo ao iate de Nando como um condenado
caminha para o cadafalso. Como dizem por aí, ele é “safo”, mas será que vai
conseguir enrolar o Nando e escapar dessa? Terá que ser uma história muito boa,
e ele acabará se comprometendo com a Máfia mais ainda. Meu palpite é que os roteiristas
ainda têm o que fazer com Jimmy e não deixarão que ele parta assim. E como Shameless não é The Walking Dead, em que qualquer personagem-chave pode morrer de
uma hora para outra, estou certo de que ele reaparecerá. Mas para mim, não fará
falta, sinceramente.
A história do
acampamento pareceu conveniente demais a esse ponto e seu envolvimento com
Mike, precipitado. Aliás, tanto Mike quanto Fiona tiveram mais bom senso que os
roteiristas e reconheceram o quão inapropriada era toda aquela situação. Contudo,
mesmo com o incidente de quase “coitus interruptus”, acredito que uma relação
mais sólida baseada no respeito mútuo surgirá daí. Até onde se pode ver Mike é
um cara decente e Fiona merece alguma estabilidade em sua agitada vida. Porém
não consigo ver alguém tão certinho se encaixar na vida familiar de Fiona.
Outro que
precisa ter mais amor próprio é Ian. Mesmo depois de levar uma surra de quebrar
dente de Mickey, ele ainda foi implorar para que seu namorado marginal não se
casasse. Mas o que Ian pretende? Que Mickey admita que é gay e que os dois vão
morar juntos ou mesmo se casem? Mickey simplesmente não é a pessoa para isso.
Afinal de contas ele é um Milkovitch.
E por falar em
Milkovitchs, Mandy chegou ao ponto de “estuprar” Lip quando esse tentava dar um
gelo na namorada psicótica. Aliás, o conselho de Kevin foi o pior possível,
pois Mandy não entende sutileza. Sempre fui fã da Mandy, mas ela chegou a um
ponto do qual não há mais volta e foi bom que Lip desse um fim a esse caso de “atração
fatal”, mesmo que muito tardiamente.
Foi pena que Lip
não conseguisse fazer a coisa certa até que o pior acontecesse com Karen. Pobre
Karen virou um robô e, o que é pior, um robô quebrado. Não lembra o que lhe
disseram há minutos; lembra de coisas radicais que fez há muito, mas não sente
as emoções relacionadas ao que fez; ouve que Mandy foi a responsável pelo seu atropelamento,
mas não reage e em seguida esquece. Foi triste, coitadinha. Até espero que seja
fingimento. E, ainda por cima, o voluntarioso Jody a leva para ficar próxima
aos “vórtices de cura” na Califórnia, quando, baseado no que se viu no
hospital, sabemos que ele só está mesmo é pensando no “vórtice sexual” da Karen.
E ela vai ficar á sua mercê. Como muitas vezes acontece em Shameless, a gente não sabe se ri ou chora, ou faz os dois ao mesmo
tempo.
Por fim, tivemos
Frank e Carl. Para começar fica visível o contraste entre os atores. William
Macy dá, como sempre, aquele show de interpretação, enquanto que o ator mirim
que interpreta Carl se limita a sorrir sempre do mesmo jeito. Talentos à parte,
foi curioso ver pai e filho se dando tão bem, mesmo que Frank tivesse segundas
intenções, que era conseguir um lugar para dormir e restos de comida. E foi
deplorável vê-lo agir como um assaltante barato, e ainda mais carregando o
Carl.
Frank é um
trapaceiro, mas não é assaltante. O que mais os roteiristas aprontarão para
ele? Um assalto a um banco? Sequestro? Frank deveria saber que com certos tipos
de crime não se brinca. Pelo menos foi hilário o fato de Carl não se dar conta
de que um código de segurança C-A-R-L levaria direto ao seu encalço. Realmente
Carl é um gênio do crime.
E o final,
admitamos, foi surpreendente. Depois de desapontar e deixar na mão todos os
seus filhos (e não esqueçamos até a denúncia anônima que ele fez ao Serviço
Social), foi um ato legítimo de redenção de Frank render-se à polícia e assumir
toda a culpa pelo assalto. Como disse Lip, o Inferno congelou. Talvez o
incidente leve Frank a refletir sobre seus atos, mas mesmo que isso não
aconteça, foi um passo na direção certa.
E agora vamos
rumo ao “season finale”, quando, espero, todas essas tramas em aberto serão resolvidas.
O que você acha que será de Jimmy? Chegará ao fim o trabalho temporário de
Fiona? Que Mandy fará a Lip por vingança? Como ficará a situação de Frank?
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