"Nesse mundo, você mata ou morre... Ou morre e mata."
Assim como o Governador, na reflexão que abre esta review, me encontro dividido... Ainda não sei o que achar da finale desta terceira temporada de "The Walking Dead" e, não sei se é porque não vi o que tanto esperava, ou se esperava demais aquilo que não vi.
Acontece que, por um lado, me encontro satisfeito, já que o episódio trouxe: uma produção mais ambiciosa que a comum (fotografia, trilha sonora e efeitos visuais visivelmente melhorados), sequências de suspense eficazes que quase me fizeram pular da cadeira junto com Andreia e, inclusive, momentos emocionais. Porém, também me sinto enganado. Como alguém que estivesse ido a um restaurante, esperasse por horas pelo prato principal e tudo que recebesse fossem meros petiscos.
Afinal, convenhamos que essa season finale não resolve absolutamente nada. Ela simplesmente adia conflitos que ainda virão e que simplesmente esperamos por toda uma temporada. O governador continua livre ao lado dos capangas mais imbecis da face da terra e o grupo de Rick continua na prisão batendo panela para os zumbis. A diferença é que agora teremos mais avulsos para morrer na próxima temporada e dividir as fraudas geriátricas com o titio Hershell.
E, sim, esperava muito mais desta season finale. Rick versus governador, talvez a morte deste segundo, ou seu triunfo sobre a prisão (que essa fosse a linha para não matar o excelente vilão, porque não?). Esperava algo que fosse além de uma simples transferência de lar da população de Woodbury para a prisão. Esperava... mudanças.
Ao invés disso, tivemos o governador desaparecendo dos minutos finais do episódio, sem conflito, sem resultado e sem cliffhanger. E fomos deixados apenas com a promessa do retorno daquele que não concretizou absolutamente nada. Que explodiu uma torre e voltou para ter um break-down no caminho para casa. Afinal, os roteiristas devem provavelmente ter pensado: "nós nunca arriscaríamos perder nosso grande vilão optando por fechar a temporada em grande estilo... com uma grande batalha. Pelo contrário, preferimos mantê-lo na série o máximo de tempo possível e segurar os números de audiência. Os números... são eles que importam".
Então, você me pergunta "quer dizer, Gabriel, que a batalha na prisão não foi o suficiente?". Não, porque não trouxe consequências. Precisamos de riscos para temermos os resultados. Precisamos ter os personagens na linha de tiro para podermos sentir o medo. E uma prisão quase vazia, com no máximo três personagens escondidos, não consegue gerar esse efeito. Apenas um "pelo menos eles foram espertos o suficiente para se esconderem".
Já quando ganhamos uma consequência, a morte de Andreia, ela acaba soando gratuita demais para que a possamos elogiar. Pois, diferentemente da morte de Merle, esta acabou parecendo uma tentativa desesperada de fazer o público se emocionar antes do contador atingir os 40 minutos finais. E, para isto, foram utilizados todos os artifícios mais comuns... trilha sonora melancólica, personagem moribundo sorrindo para aqueles ao seu redor e o restante do elenco sofrendo em luto. Funcionou? Sim. Mas não precisava. Uma Andreia banhada pelo sangue do Milton seria o suficiente para impactar.
O que não posso deixar de elogiar, contudo, é a performance do governador em um dos momentos mais honestos desta finale, em que o mesmo puxa sua metralhadora e mata seus próprios capangas. A cena e o sadismo são tão absurdos que chega a ser chocante e engraçado ao mesmo tempo. O que me faz declarar que esta foi a grande temporada do governador.
Por fim, gostei da conclusão do drama de Rick com o fantasma de Prison Break, da produção caprichada desta finale, do governador em cada sequência em que aparecia (especialmente aquela em que faz a irmã do Tyreese quase chorar) e até de Carl tomando decisões de vida ou morte por conta própria. Mas nada disso pareceu o suficiente. Sobrou, na verdade, um gostinho de quero mais. Mas não do tipo de quem já foi bem servido e gostaria de repetir a dose, mas sim daquele que ainda espera faminto pelo jantar que nunca veio.
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