Supernatural: A Próxima Geração

Por acaso vocês estavam preocupados e curiosos em saber o que aconteceu com aquela menina precoce do episódio 7x11 “Adventures in Babysitting”? É, eu também não. Mas a moça cresceu, tornou-se uma adolescente com comportamento adulto e cheia de atitude, e o desdobramento de sua história pessoal nos deu um episódio standalone intenso e que não decepcionou. E ainda levantou algumas questões interessantes sobre como serão as próximas gerações de hunters.


O grupo de Krissy, tendo como mentor um hunter velho conhecido dos Winchesters, Victor Rogers, se mostrou, de início, empolgantemente eficiente com uso da tecnologia e táticas estratégicas, e, já no início, surpreendentemente eficaz na eliminação de vampiros. Depois se descobre que a coisa não é bem assim, que eles demonstraram sérias falhas de julgamento e que eles nunca haviam sido testados de verdade. Mas, como personagens, senti que funcionaram bem e eu não me importaria em ver outros episódios em que eles participassem de alguma caçada com os Winchesters, embora seja muito cedo para se falar em uma spinoff.


A ideia de que jovens hunters poderiam ter uma vida normal, com escola, casa, uma (de certo modo) vida familiar, pareceu tentadora. Dean, clássico caso de “faça o que eu digo, não o que eu faço”, era terminante contra a ideia de que “kids” se tornassem hunters tão cedo. Já Sam, mesmo que não tenha abraçado a ideia com entusiasmo, se mostrou mais tolerante e contemplou a possibilidade.

Acho que esse foi um dos problemas na caracterização de Krissy. Dean a trata como criança, coisa que ela visivelmente não é, e nem era na época do outro episódio. Concordo que civis despreparados não devem se meter em caçar monstros, mas a ideia de que hunters começam cedo no ofício deve ser comum no contexto do show e não deveria causar tanto espanto. E o fato das gerações anteriores de hunters serem tão problemáticas (com pessoas bêbadas, loucas e beirando o total desequilíbrio), pareceu um argumento convincente por parte de Victor.


Mas o sexto sentido de Dean falou mais alto. Ele desconfiou que algo estivesse errado e tinha razão. Confesso que também, já de início, que havia algum problema naquele sistema. Victor ficava seguro em sua casa confortável enquanto seus jovens pupilos faziam todo o trabalho sujo. E um pai se preze iria junto para ter certeza de que eles correriam o mínimo de riscos e para compartilhar sua experiência de campo.


E mais uma vez o Sam ficou em um segundo plano, sendo, no fim, até capturado e tendo que ser resgatado. Nessas horas fico pensando que Crowley diria que estava certo em chamá-lo de Moose, como já foi explicado na review do episódio passado.

A solução de Dean de curar a vampira recém transformada foi prática e ponderada, ilustrando bem o conceito de que “caçar não é apenas uma questão de vingança e morte”. Penas que os Winchesters não mostram a mesma sabedoria quando matam os hospedeiros de demônios sem tentar exorcizá-los, conforme já observei na review anterior. Aliás isso me lembra até de um episódio em que o demônio chegou a sair da hospedeira, os Winchesters fizeram um “exorcismo às avessas” forçando o demônio de volta, e aí o mataram com uma facada.


De qualquer modo, nesse episódio a solução humanitária ficou perfeita. O desfecho, contudo, não ficou bem à altura do debate moral que o episódio tentou despertar. Gosto quando vilões apresentam bons argumentos para suas ações, que, no fundo, sob certa ótica, poderiam ser justificáveis. Acredito que a associação de Victor com o vampiro Seth, por si só, já conferiria uma transgressão grave o suficiente para vermos que Victor estava errado em seus métodos, mas os roteiristas meio que exageraram. Victor estava completamente “fora da casinha”, era um lunático que precisava ser detido a todo custo. Graças a ele, as famílias dos jovens hunters foram mortas, e pessoas inocentes foram transformadas em vampiros, para, em seguida, serem mortas também. Só não ficou claro o que Seth levava nessa história toda, pois um vampiro desses não teria como ser controlado, e parecia não ter problemas em encontrar vítimas por si só.


A cena em que Krissy dá um fim a Seth foi ótima, com aquele dardo no olho. Mas aí ficou a questão delicada sobre o que fazer com Victor. Os roteiristas não poderiam fazer com que ela matasse um ser humano, mas, ao mesmo tempo, ele precisava de punição e, mesmo que se relevasse esse fator, teriam que impedir que ele fizesse a mesma coisa, tudo de novo, em outro lugar, com outros jovens. Disparar um revólver vazio para assustá-lo e decretar que, dali em diante, ele ficaria “sozinho e sem amigos” como decretou Krissy com anuência dos Winchesters, seria uma solução ridícula. No mínimo tinham que arranjar alguma acusação falsa de homicídio para que ele fosse para a prisão, ou fosse encarcerado em algum manicômio.


A solução tipo “Deus ex machina” encontrada foi a do suicídio. Assim, o perigo foi convenientemente eliminado, ninguém teve sangue em sangue humano em suas mãos, os jovens puderam virar a página e prosseguir com suas vidas em novas aventuras.


No final, Dean lembra a Sam que a única maneira com que eles podem ajudar aqueles jovens é fechar os portões do inferno, o que não ajudaria tanto assim. Sim, isso eliminaria o problema de possessão demoníaca, mas com tantos monstros soltos por aí no universo de Supernatural, os jovens hunters, se decidirem afinal seguir com a carreira, ficarão ocupados por muito e muito tempo ainda.


Uma última observação: Dean e Sam não são agentes do FBI de verdade, e acho interessante que o show mostre isso em pequenos detalhes quando eles se passam por agentes. Mas se continuarem assim, com essa barba mal feita e com o cabelo de Sam completamente fora do regulamento, eles não vão enganar ninguém e qualquer oficial da lei minimamente informado verá que são falsos.

Dica musical do Aidan e da Krissy:


I'll Surely Die (The Rubens)


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