Quando 40 minutos é tempo de sobra.
Sabe quando alguém te pergunta sobre o que aconteceu em um determinando episódio de uma determinada série e você responde imediatamente que nele "não aconteceu nada" ou, se diz algo, resume tudo, no máximo, a uma frase ou meia? É o caso de "Arrow on the Doorpost".
Para nossa infelicidade, The Walking Dead decidiu que nesta semana apresentaria um episódio de ritmo moribundo e vagaroso. E por mais que este tenha dado um passo importante dentro do arco central da trama, o que fica em evidência é a lentidão de um roteiro que aparentemente necessita de 40 minutos para concretizar algo que poderia ser claramente feito em 10.
Se para fazer uma reunião com o governador e um tratado de paz (que no final simplesmente não será cumprido) foram necessários 40 minutos de diálogos arrastados (e drinks), imagino o tempo que The Walking Dead não levará caso fosse contar a história da escolha do novo papa dentro do conclave.
Afinal, convenhamos que a série tem - na falta de uma palavra melhor - enrolado seu telespectador. E continuará a enrolar o mesmo até o término da temporada. De fato, não vejo problema algum em deixar o grande conflito deste terceiro ano (a guerra entre o team Rick e o team Governador) para seu desfecho, porém, gostaria que o enche-linguiça - que será feito até a season finale - não viesse com recheio de sonífero acompanhado de um apunhado de bocejos.
Se vale como exemplo, já na sequência de abertura do episódio temos um longo momento de introdução ao local da reunião. Vemos do alto, os carros chegando ao local, Rick, aos poucos, ganhando a confiança para adentrar o celeiro e o silêncio que só é quebrado pela presença do governador. Sem dúvidas, uma sequência que acerta no tom, porém, que define perfeitamente o que seria o ritmo estabelecido ao restante do episódio.
Ainda assim, não posso dizer que não tivemos momentos interessantes. O monólogo do Governador, em que o mesmo conta a Rick sobre a morte de sua esposa, traz nuances interessantes ao personagem. Além disso, temos ali um ótimo trabalho de direção: em que a câmera, antes estática, se aproxima lentamente do rosto do Governador a medida em que o mesmo revela a Rick a história de seu passado, até que o quadro é completamente preenchido e tudo o que vemos são as faces dos dois arqui-inimigos.
Também não há como não elogiar David Morrissey pela brilhante atuação. Chega a impressionar o modo como o Governador consegue transmitir um senso de ameaça enorme através do tom assustadoramente calmo de sua voz, algo que vemos na cena em que ele diz a Milton que tem planos de matar todos dentro da prisão, o dizendo com a tranquilidade de um "Bom dia".
Por fim, o diálogo de Rick e Hershell consegue encerrar bem um episódio que se desenvolveu de maneira "capenga". Sobre isto, prevejo, desde já, que a escolha do protagonista será a mais óbvia: não entregar Michonne, pois caso contrário, eu e outros fãs das HQs já estaríamos planejando o velório do xerife. O que sei, de fato, é que até o real conflito estaremos aguardando sentados, enquanto o governador desncansa em seu escritório, com sua garrafa de whiskey, esperando pelo domingo de season finale para atacar.
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