Anjo nem tão
bom, demônio nem tão ruim.
Dessa vez não
vou comemorar a volta de Castiel. Talvez eu tenha sido um dos últimos a notar,
mas reparei que Castiel está sempre voltando. Ou seja, ele aparece assim do
nada, envolve-se com os Winchesters em algum incidente dramático, para, em
seguida, partir em uma longa busca em uma jornada de fortalecimento espiritual,
ou coisa parecida. E depois de alguns ou vários episódios volta de maneira
dramática novamente. Ah, e cada vez que aparece está “quebrado”, ou tomado por
uma ambição divina, ou louco, ou perturbado, ou, como foi nesse caso,
teleguiado. Quando teremos um Castiel normal novamente?
O episódio
começou de maneira forte: Castiel treinando como matar Dean Winchester sem
remorsos e, pelo visto, praticou isso umas centenas de vezes. Aliás, aí temos
um paradoxo temporal mais do que interessante: por um lado, o Céu pode
manipular o tempo à vontade, interrompendo uma conversa entre Castiel e os
irmãos hunters para teleportar Castiel lá para cima e pedir instruções a Naomi.
Do mesmo modo, o tempo parece não ter significado, pois Castiel teve a
oportunidade de treinar como matar Dean centenas ou até milhares de vezes. Mas,
por outro lado, Naomi continuou a insistir que eles não tinham um segundo a
perder na recuperação da Tábua dos Anjos. Ah, sei lá, viagens no tempo fazem
minha cabeça doer porque roteiristas para a TV dificilmente acertam todos os
paradoxos.
Mas estou
adiantando as coisas. A aventura começou na “batcaverna”, onde Dean atualizava
sua leitura enquanto Sam trabalhava, enquanto os dois davam uma pausa de uma
partida de War que deviam estar jogando.
E, enquanto
isso, Sam cuspia sangue e insistia que estava tudo bem.
Na resolução de
mais um caso, descobrem que alguém está matando demônios. E que esse alguém é
nosso anjo favorito. Aqui gostaria de fazer um parêntese. Sei que isso já é
história antiga para fãs de Supernatural, e, a essa altura, eu já deveria estar
acostumado com a ideia de Dean e Sam matarem demônios a torto e a direita, mas
ainda não me conformo como eles matam seres humanos possuídos (junto com o
demônio em si) sem a menor cerimônia. A coisa fica mais complicada considerando
que hunters já fizeram exorcismos que expulsaram demônios salvando o hospedeiro.
Assim, principalmente o tratamento que os anjos dão aos pobres coitados,
liquefazendo seus órgãos internos, parece-me mais do que bárbaro. Mas que é
legal, ah, isso é!
Pois bem, na
busca pelo matador de demônios, os irmãos se cruzam com o anjo Castiel, que
está deixando um rastro de sangue demoníaco por onde passa na busca da Tábua
dos Anjos. Mas, como Naomi está puxando as cordinhas de Castiel, só resta a ele
tentar encobrir suas ações com mentiras muito mal contadas, chegando a ponto de
matar um (ou uma) demônio quando ela está prestes a revelar a verdade.
Eis que
descobrem que Meg está sendo mantida refém de Crowley já há um ano, pois Meg
conhece a localização das tumbas de Lúcifer e a tal tábua se encontra em uma
dessas tumbas. A propósito, para quem não se lembra, Meg é uma demônio que vem
incomodando, e depois, ajudando os Winchesters desde a 1a temporada, quando era
interpretada por Nicki Aycox, e confesso que eu gostava mais da outra atriz.
Aliás, Meg é uma das provas do que eu dizia antes: a hospedeira do demônio Meg chegou
a ser libertada do domínio demoníaco por meio de um exorcismo na segunda
temporada, mas não sobreviveu aos ferimentos. E na quarta temporada a
hospedeira veio, na forma de um fantasma vingativo, cobrar de Dean justamente
por ter ele sido tão cruel com ela.
De volta ao
episódio, o manipulado Castiel ainda cogitou em matar Meg antes que ela
revelasse sobre a Tábua aos irmãos, mas como seu conhecimento era importante,
ela conseguiu dar com a língua nos dentes. Mesmo com todas as perturbações de
Castiel, foi interessante ver como Cas e Meg trocaram reminiscências de
intimidades passadas, ela filosofou como agora ela é um pouco boa e ele é um
pouco mau, ao contrário do tempo do Apocalipse, quando as coisas eram
moralmente preto-e-brancas. E até chegaram a combinar um possível encontro
íntimo no futuro, como calejados oponentes que agora não são mais tão inimigos
assim. Isso até revelou uma certa maturidade emocional para Supernatural, pois
mesmo que os métodos de Naomi e Crowley sejam deploráveis, seus motivos são
justificáveis, pois apenas desejam sobreviver.
A ajuda de Meg
levou a duas situações de confronto: por um lado, Castiel x Naomi x Dean e, por
outro, Crowley x Meg x Sam. Adorei quando, após ouvir a história melosa de Sam
e Amelia, e Sam lhe cobrou se ela tinha prestado atenção, Meg disse: “Eu ri, eu chorei, eu vomitei em minha boca
um pouco.” É o que muita gente está pensando. De qualquer modo, Meg
encontrou algo de bonito na história de Sam, e até chamou a namorada dele de
unicórnio, como se ela fosse algo assim tão raro e impossível de se encontrar.
No fim preferiu enfrentar Crowley sozinha e, ao que tudo indica, teve uma morte
heroica.
Na outra frente
de batalha, Cas e Dean localizaram a Tábua dos Anjos e, uma vez de posse dela,
debateram sobre o que fazer com a dito cuja. Castiel parecia traiçoeiro, e
talvez por isso Dean se recusasse a entregar-lhe a relíquia divina. Caso
contrário, me parece fazer pouco sentido entregar a tábua a Kevin para
tradução, a menos que Dean desejasse ter sobre os anjos o mesmo poder que a
Tábua dos Demônios lhe daria. E, se esse é o caso, Castiel fez a coisa certa em
lutar com Dean pela posse da tábua, pois entidade celestial desejaria ser
controlada por meros mortais.
Contudo, a coisa
era bem mais complexa. Não se sabe até agora quais são exatamente as intenções
de Naomi. E, lutando entre o controle de Naomi, sua lealdade a Dean, sua
bondade intrínseca e seu dever para com os anjos, o mais do que conflituado
Castiel deu uma tremenda surra em Dean. Mas ao tocar na Tábua, ao que parece,
suas “configurações de fábrica” foram reestabelecidas e Castiel decidiu que
jamais poderia matar seu amigo Dean, pois são como família. Mas que também
deveria proteger a Tábua de Naomi e de Dean ao mesmo tempo, o que me pareceu a
decisão mais do que acertada.
E, no final, lá
se foi Castiel, agora imbuído por uma obsessão por proteger a Tábua dos Anjos,
em sua enésima busca pelo significado da vida. Dessa vez de posse da Tábua, lá
se foi ele ao som de uma bela montagem da canção “Goodbye Stranger”. Só não
entendi por que de ônibus, já que ele pode se teleportar para onde quiser.
Momentos
angelicais inesquecíveis:
Castiel: “Talvez os demônios que interroguei não
estivessem sendo sinceros.”
Dean: “Estranho, porque eu vi você dar uma de
‘Zero Dark Thirty’ naquela demônio.” (Referência ao filme sobre a captura e
morte de Osama Bin Laden.)
Castiel: “Vocês sabem, eu posso escutá-los por detrás
dessa porta. Afinal, eu SOU um ser celestial.”
Meg: “Te mataria ver um filme, ler um livro?”
Castiel: “Um filme, não. Mas um livro, com os
feitiços apropriados, poderia, em teoria, me matar.”
Momentos
de Crowley e Sam:
- Crowley se
refere a Sam e Dean como “Timão e Pumbaa”. (Referência aos personagens de O Rei
Leão.) Também se refere a Sam como “Moose”, referência ao personagem forte e
estúpido, mas de bom coração, da série Archie.
- Sam
entrevistando testemunha: “Você notou
mais alguma coisa?” É mesmo? Ora, isso é o mesmo que dizer “Fale mais. Conte o que ainda você não
contou.” Poderia se aplicar a qualquer testemunha a qualquer tempo.
Dica
musical do elenco:
Goodbye
Stranger, de Supertramp
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