Esquenta a Guerra Fria, mas esfria o relacionamento dos Jennings.

Dessa vez os “Jennings” (talvez jamais saibamos o verdadeiro sobrenome deles) recebem a incumbência de parar um assassino da Alemanha Oriental contratado pelo “Centro” (Moscow) para eliminar cientistas americanos. E, para variar, nosso casal favorito de espiões tiveram de enfrentar mais turbulências maritais.


Tudo começou muito bem entre eles, como dois pombinhos apaixonados, mas Elizabeth, patriota e profissional acima de tudo, possui uma dureza emocional que pode aparecer a qualquer momento, enquanto que Phil tenta “fazer de conta” que seu casamento é real. Enfim, dependendo do ponto de vista que se escolha, vai-se concordar com Elizabeth ou Phil, e a posição do outro parecerá absurda.


Uma coisa é certa: mentira tem perna curta. Phil fez sexo com Irina, e quis muito fazê-lo, mas isso fazia parte da missão porque ele tinha que provar que havia tido relações sexuais. O problema é que Phil mentiu na cara de Elizabeth, dizendo que nada aconteceu e, como ela se sentiu traída e não podia culpar Phil por ter cumprido a parte sexual da missão, restou culpá-lo pela mentira. E se reagisse com raiva, ainda haveria esperança para o relacionamento afetivo deles. Mas ela se retraiu, tornou-se fria como a Sibéria, e decretou que agora em diante eles são apenas colegas de missão. Nada mais disso. Acho que tão cedo ela não se abre emocionalmente outra vez. E, a propósito, Claudia sabia muito bem como ferir Elizabeth, mesmo dizendo que sentia uma “camaradagem” com ela e lhe fazia um “favor” contando-lhe a verdade.


Outro capítulo sobre os deveres sexuais de Phil gira em torno de Martha, a secretária do FBI. Foi risível ver como Phil se envolve sexualmente com ela, ainda caracterizado como “Clark”, um burocrata de baixo escalão. Aliás, Clark faz amor como outro Clark famoso, o Clark Kent, pois imagino que Kent não possa tirar os óculos nem durante a transa, pois assim sua namorada descobriria sua identidade. E aguentar as carências de Martha e o colar da esposa balançando bem na sua frente deve ter testado a paciência de Phil até o limite. Mas ele ainda conseguiu dizer de maneira quase robótica após o sexo com Martha: “Puxa, eu realmente precisava disso.”


Ainda quanto ao quesito sexo, Gaad, após prometer a Stan que pensaria sobre a extração de Nina, veio com uma solução muito mal intencionada: deu a Stan as chaves de um apartamento como sendo um “lugar seguro” para ele se encontrar com sua fonte. Mas Gaad prece ter quase certeza de que Stan está evolvido com ela e um apartamento seria apenas jogar gasolina na fogueira. Mas o que Gaad quer é que ela continue a prover informações, não importa o preço.


Foi muito interessante ver como Nina conhece bem o ofício da espionagem e como pensam os espiões, referindo-se a eles como “nós”. Mas afinal, ela não é agente diplomática? Parece que espionagem era pré-requisito para trabalho diplomático na União Soviética, o que mostra um total desvirtuamento da profissão. E, agora, com a promoção que Arkady se lhe, se não for armadilha da KGB, Nina levanta a possibilidade de descobrir a identidade dos infiltrados do “Diretório S”, colocando-a em rota de colisão com os Jennings. Ela sabe que eles seriam o trunfo que ela precisaria para ser extraída. Ainda acho que seu envolvimento com Stan tem motivos ambíguos, mas ela pareceu sincera ao dizer a ele que “não se pode mentir a todos”.


Quanto à missão dos Jennings, e para aqueles que reclamam que a série precisa de mais ação, dessa vez tivemos nada menos que três explosões! O confronto final dos Jennings com o assassino alemão foi empolgante, explosivo e deixou o banheiro do hotel coberto de entranhas. Mas mesmo assim, a dedicação do assassino o levou a cumprir com seu suposto dever mesmo depois de morto. Graças ao explosivo colocado no walkie-talkie do agente do FBI, uma última explosão levou a vida de um cientista e de três agentes. E os Jennings enfrentarão críticas e pressão do “Centro” por terem falhado em impedir o atentado.

As cenas finais também foram bem marcantes. Amador, como sempre, é um dos personagens mais estranhos. Sugere que os Estados Unidos usem tanques e mísseis como retaliação. E Gaad garante à equipe que a coisa não ficará assim. É o líder em ação!


Mas é Amador que pode muito bem ser o primeiro agente a chegar perto o suficiente de descobrir algo útil sobre os agentes do Diretório S. E, diga-se de passagem, mais na sorte do que por competência. Surpreende Martha enquanto essa vasculha o arquivo de Gaad, e passa a seguir Martha, colocando-o inadvertidamente na trilha de Phil. Se eu fosse Amador, faria meu testamento e colocaria meus assuntos em ordem...


Por fim, achei tocante a cena em que Elizabeth acaricia seu filho. Ela parece ser do tipo de mãe tigresa que defenderia os filhos com a mesma paixão que defenderia a Pátria. Com Phil em um distante terceiro lugar...

Notas:

- Se seu namorado usasse peruca todo o tempo (e fizesse amor de óculos), você não notaria? Essa Martha é muito cega!

- Pobre Amador, tentando reconquistar Martha. Do jeito que ela o trata...
“É do meu ex-namorado. Era um idiota estúpido.” (Mostrando a camisinha.)
“Chris, você muito doce. E bonito, bem lá no fundo.”

- Nina: “Apenas pense como você se sentirá olhando para mim morta um dia.” Trágico...

Seleção musical:

Não estávamos tendo músicas da época na trilha. Agora, nesse episódio tivermos três!


Trouble Blues de McKinley Mitchell, 1976


Love Will Find a Way de Pablo Cruise, 1976


Siamese Twins de The Cure, 1981

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