Filho rejeitado, homem perverso. 

Flesh and Blood uniu passado e presente. O episódio se centrou na formação de caráter de Elias e no porquê de ele ser o que é. A tradução da expressão Flesh and Blood é algo como “natureza humana”, que aqui neste episódio já remete às justificativas para os atos e caminhos da vida do vilão.

Carl Elias, órfão de mãe aos 4 anos, foi adotado e cresceu num ambiente de bullying e desprezo, sempre lembrado de que era um bastardo. Por volta dos 20 anos, ele consegue se aproximar do pai, um homem até então poderoso, que lhe dá a “oportunidade de aprender com o melhor e provar o seu valor”. Cinco minutos depois, os homens de Don Moretti revelam que esta prova é mais árdua que o combinado, e tentam estrangular o jovem Elias. 

Tão novo e já com esta amarga trajetória, não é de se estranhar que Carl se torne revoltado e vingativo. E também determinado a ponto de usar ao pé da letra as palavras da mãe adotiva, Gloria (Stephanie DiMaggio): “Todos nós somos descendentes de reis. Você tem que viver sua própria vida. Tem que estar no comando.”. 

Carl G. Elias se torna, então, um homem perverso. A maldade que já é inerente à natureza humana foi infinitamente ampliada dentro dele, juntamente com a astúcia e a paciência. Como já comentamos por aqui, Elias é paciente e sabe quando é a melhor hora de atacar. Ele esperou 47 anos antes de tomar alguma atitude em relação ao seu pai. Quarenta e sete! 

E isso não significa, de forma alguma, que ele deixou a morte de sua mãe de lado. Como bem vimos durante suas conversas com Don Moretti, ele não se esqueceu do pouco tempo que teve com sua progenitora, e lamenta muito pelo tempo que não pôde ter com ela. Até mesmo do perfume de sua mãe ele se lembra. 

E chegada a hora da retaliação, ele dá uma vingança por completo. Além de aprisionar o pai, ele decidiu derrubar os cinco chefes da máfia local. A Machine, presenciando a premeditação de um crime, lança estes cincos CPFs para Finch e Reese que, inevitavelmente, acabam convidados para a festa. 

Moretti Junior (Paul Schulze), filho legítimo de don Moretti, assumiu o lugar de seu pai dentro da máfia, sendo portanto um destes chefes. Zambrano (Vincent Curatola), outro dos chefes, é o elo fraco que Elias encontra para dar início ao seu plano com segurança. Enquanto M. Junior vê a cooperação da HR com Elias com desconfiança (e desespero), Zambrano, pensando que sairia totalmente ileso, mantém seus colegas acreditando que tudo está muito bem, na base do charuto, do uísque e da conversa fiada. Ao mesmo tempo, um por um vai sendo executado.  

Neste ponto, Carter entra para a festa. Ainda evitando Reese e Finch, ela descobre (descobre!) que no mundo em que vive, ou ela confia neles ou ela confia neles. Definitivamente, não há outra opção. 

Para começo de conversa, John salva a vida dela outra vez. Person of Interest não teve dó e colocou praticamente toda a polícia de New York nos pés da corrupção. Quem não trabalhava para a HR, trabalhava para Elias. Quando juntaram as duas organizações, só restaram Carter e Fusco no meio do fogo cruzado. Assim, na hora do vamos ver, todos os policiais abriram a passarela para o assassino de Elias passar. O bom, se é que há algo bom nisto, é que Carter acha que Fusco é o único policial em que ela pode confiar. E Fusco sabe que é só nela que ele pode confiar. 

Para a sorte dos dois, ainda existem outras duas pessoas de confiança nesta cidade. Reese e Finch se envolveram no caso em todas as brechas possíveis. Primeiro foi mimando um pouco Carter, que ainda estava emburrada com eles (vide a cara dela quando os três estavam na lanchonete). Depois, Reese tentou, educadamente, convencer os chefes da máfia a se deixarem ser protegidos por ele, como se isso fosse, pelo menos, remotamente possível. 

Ele também teve que encarnar, (numa sequência maravilhosa de tiros e lutas), o pior/melhor de si para salvar o menino Tyler que, como previmos, acabou sendo arrastado para esta bagunça. Finch, por suas vez, ofereceu para Carter suas “outras técnicas” para invadir as operações bancárias de Elias, já que os mandados iam demorar uma eternidade. Além disso, ele usou o que tem de melhor, sua lábia de “sei de tudo, sei de todos”, para convencer um dos peões da HR a cortar os laços com Elias e ajudar no resgate do filho de Carter. 

E tudo isto, toda esta tensão e desespero, mesmo que quase sobre-humanos, foram previstos por Elias. Bem como Finch disse, ele de fato tinha um plano reserva. Ele não sabe da ligação Fusco-John e Carter-John, mas sabe que nem todas as coisas saem como planejadas. Neste caso, uma fala de seu passado se encaixa nesta sua “semi-derrota”. O que ele disse quando os homens de seu pai estavam tentando matá-lo, é o mesmo que caberia à Carter dizer para ele enquanto ele achava que ela estava sozinha: “Vocês acham que estão salvos porque sou apenas um. Que eu sou fraco e vocês são fortes. Isso não é força. Isso é fraqueza.”. 

Porém a fraqueza de Elias é, outra vez, superada pela sua astúcia e paciência. Dentro da cadeia ele controla quem devia controlá-lo. De dentro da prisão ele não só consegue matar seu pai e seu irmão como ainda consegue se “despedir”. Cenas como essas mostram o óbvio: a guerra que o grupo Fusco-John-Finch-Carter dá por vencida, ainda terá algumas rodadas de batalha. 

Aquele que Carter chama de uma força de corrupção e fraqueza, se considera como a evolução do crime organizado, que veio para ser a mão firme e trazer de volta o tempo em que a máfia dominava e os dominados se contentavam. Elias realmente acredita que sua “administração” é diferente e é o “lado certo” a ser escolhido. Ele se compara aos que traficam drogas para crianças e traficam mulheres como sendo melhor do que eles, como se ele tivesse um "código de conduta" que o faz ser um criminoso mais "moralizado". Para vencê-lo vai ser necessário ter tudo o que ele tem: astúcia, paciência e convicção. 

Armas potentes e máquina com poder de vidência não serão páreo para ele. É aí que vemos que Fusco-John-Finch-Carter terão que ser muito mais do que são agora, principalmente sem os segredos das relações entre eles. Neste episódio, por exemplo, em vários momentos houve pistas dos "amigos estranhos" que os  detetives têm, sempre seguidas de mentiras cada vez mais indiscretas. 

Não dá para derrotar Elias sem que haja uma unidade de pensamento entre os quatro. O grupo do HR está aí para exemplificar. Como que eles se unirão, porém, é outra história. Todas as provas de que um pode confiar no outro já foram dadas. Só resta mesmo... confiar.


Observações: 

- O problema da confiança recai mesmo sobre Carter. A cada passo de confiança que ela dá, ela volta com dois de desconfiança. Até agora podíamos relevar por causa da ética e honestidade dela. Mas depois desse episódio não dá. Além do filho dela ter sido sequestrado, ela viu o poder que a corrupção exerce sobre seus colegas. O tempo de ficar emburrada com Finch e Reese acabou. 

- Momento de derreter o coração: Finch querendo usar uma arma para ajudar a resgatar Tyler e Reese dizendo: você pode ser o motorista da fuga.

- Tyler para a mãe: "O homem que você mandou é meio badass.". Tyler, querido, você entendeu tudo errado. Reese é o próprio Ultimate Badass!

- Fuçando ali no Twitter, "encontrei" a conversa de uma família que me pareceu meio peculiar. Vamos ver se vocês reconhecem e o que acham:






- A review demorou "um pouquinho"... me desculpem. Espero ter compensado vocês.

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