Só
Brody poderá salvá-la.
Emocionante
e inverossímil são duas palavras que podem descrever o episódio de
Homeland dessa semana. E provavelmente você só notará o efeito da
segunda depois que passar o forte impacto da primeira. Mas como esse
é um local de análise, falaremos das duas.
O
episódio é marcado basicamente pelo sequestro relâmpago de Carrie
executado por Abu Nazir e sua consequente chantagem com Brody com um
final sensacional. Em um segundo plano, temos Saul questionado o
verdadeiro papel de Quinn. E num plano ainda mais distante, as cada
vez menos interessantes atribulações familiares de Brody.
Começa
com o encontro entre Saul Berenson e o misterioso Dar Adal,
personagem interpretado pela participação especial de F. Murray
Abraham, quando Adal confirma que Quinn é um de seus homens. O
diálogo é muito significativo sobre o que aconteceria mais tarde:
Saul:
“Por que Estes colocaria um agente de 'black ops' clandestinas
como encarregado de uma operação regular de inteligência?”
Adal: “Ele não me disse. Só pediu um soldado.”
Saul: “Soldados matam pessoas.”
Adal: “Talvez Estes tenha posto Quinn lá apenas para vigiá-lo. Talvez ele não confie em você.”
Saul: “Por que ele não confiaria em mim?”
Adal: “Ele não me disse. Só pediu um soldado.”
Saul: “Soldados matam pessoas.”
Adal: “Talvez Estes tenha posto Quinn lá apenas para vigiá-lo. Talvez ele não confie em você.”
Saul: “Por que ele não confiaria em mim?”
Posteriormente, Saul pergunta
Estes o que Quinn ainda está fazendo na força-tarefa. Ora, no
episódio passado já vimos que Quinn só não matou Brody porque
Nazir não foi capturado ainda. Na minha ingenuidade, achei que a CIA
não consideraria Brody digno de um acordo que o inocentasse, pois
seria, no fundo, um terrorista. Mas a explicação de Saul é muito
mais sinistra.
Sugere que Quinn seja uma
“apólice de seguros” contra o fato de Brody saber que Estes e
Walden ordenaram um ataque robô a uma madrassa cheia de crianças.
Resposta de Estes: “Fuck you, Saul. Fuck you!” (“Foda-se,
Saul. Foda-se.”) (Lembrem-se, esse é um show de TV a cabo para
adultos e esse tipo de linguagem é permitido. Mesmo tentando negar
tudo, poucos minutos depois Estes diria preocupado a Quinn: “Saul
sabe de tudo.”
Sem dúvida, existe algo de
muito podre no reino da CIA.
Paralelamente a isso, a coisa também vai mal no lar longe do lar dos Brody:
- Jessica não demonstra culpa
por ter traído Brody. Ela e Mike se beijam e quase são pegos quando
Brody chega.
- Dana continua chatinha e
arredia, enquanto que Chris é o alienadinho mais fofo que existe e
só quer a companhia do pai.
- Brody e Jessica tentam
conversar, mas a frieza e a distância entre eles são problemas
insuperáveis.
A história principal não
tarda a engrenar. Momentos após falar com Brody sobre seu acordo, um
carro abalroa o de Carrie e a tela escurece.
Abu Nazir liga para Brody e
mostra Carrie prisioneira. Em resumo isso é o que Nazir quer: Brody
tem que ir ao escritório de Walden e pegar o número de série do
marcapasso de Walden, pois os aparelho pode ser acessado via wireless
por quem estiver de posse daquele número. Primeiro Brody recusa, mas
Nazir ameaça matar Carrie ali mesmo e Brody relutantemente concorda.
(Adoro a cara de pânico do Damian Lewis.)
Aí Nazir desliga e deixa Brody
tentando argumentar com um telefone mudo e gritando, a uns poucos
metros de uma equipe de agentes da CIA, o nome do terrorista mais
procurado do país.
Enquanto isso, na cena mais
morna da temporada, Finn Walden aparece para tentar reatar com Dana.
Eu juro que, quando vi essa cena, fiquei gritando com meu computador
dizendo “Chega! Não quero ver mais isso! Mostra o que aconteceu
com a Carrie!”
Mas os roteiristas ainda estão
tentando valorizar a história com a Dana, tanto é que essa cena é
sobre mais dois “corações partidos” como diz o título.
Mesmo a cena sendo fraca, duas
citações de Dana merecem destaque:
Dana: “Seja lá o que
sentíamos, nós quebramos. Matamos, do mesmo modo que matamos aquela
mulher.”
E a melhor de todas:
Dana: “Parece que meu pai
é, assim tipo, um superespião, e terroristas querem matar ele, ou
alguma merda desse tipo.”
Saul, Max e Virgil tentam investigar o que ocorreu com Carrie. Saul liga para Brody, que mente: não sabe de nada. Virgil observa Nazir nas imagens de uma câmera de segurança de uma loja. Imagine se o Bin Laden andasse assim pelas ruas dos EUA. Eu imaginava o Nazir como a versão fictícia de Osama Bin Laden, mas agora ele age como um marginal de rua qualquer.
Detalhe: Danny Galvez volta à
ativa, embora não totalmente recuperado. Isso pode vir a ser
significativo ou não.
No cativeiro, Nazir e Carrie
debatem sobre terrorismo. Basicamente um chama o outro de terrorista.
Em termos da caracterização do vilão, gostei muito do que disse
Nazir:
Nazir: “Vocês podem nos
bombardear, tentar matar-nos de fome, invadir nossos lugares
sagrados, mas nunca perderemos nossa fé. Temos Deus em nossos
corações, nossas almas. Morrer é unir-se a Ele. Pode levar
séculos, mas nós os exterminaremos.”
Resposta de Carrie: “Duh!”
(Brincadeira!) Mas, sério, ela ficou sem resposta à altura. Tudo
que ela com seguiu fazer foi repetir:“Como eu disse, você é um
terrorista.”
Brody chega ao observatório naval onde o VP reúne-se com embaixadores. Após usar a velha desculpa do “Onde é o banheiro?”, Brody entra no escritório de Walden. Nessas horas fico pensando se realmente o sujeito de repente tem vontade de ir ao banheiro. Como fica?
Bem, Brody revira o escritório
em busca do tal estojo até que o acha. Brody tenta ler o número,
mas é pequeno. Acha uma lupa! Que sorte! (E que conveniente...)
Ora bolas, nesse momento eu
simplesmente tiraria uma foto do número ou, se não ficasse nítida,
anotaria o dito cujo num caderninho (coisa mais básica) e daria o
fora dali o mais rápido possível! Até porque, Nazir nem deu um
prazo para Brody. Mas não, ele liga dali mesmo e mete-se numa
complicada negociação pela vida de Carrie.
Ficam naquele cabo de guerra.
Solta ela que eu dou o número. Dá o número que eu solto ela. Você
primeiro. Não, você.
Nesse ponto eu já estava
achando ruim que Brody, de possível terrorista, estava virando um
mocinho convencional, ajudando as autoridades de seu país e lutando
contra terroristas. Achei que o show ia me decepcionar.
Mas então Brody usa sua
cartada final: pede que Nazir confie nele. (É, e ele falou sério, o
chantageado pede confiança, o que na gora achei ridículo.) mas ele
jura que mandará o número se Nazir confiar nele. A pedido de Nazir,
jura pela alma imortal de Isa. Ele garante que mandará o número
porque Nazir sabe o quanto Brody amava Isa e o quanto ele odeia
Walden.
Então Nazir solta Carrie. E
pede o número. Aí Brody exita, e se nesse ponto Nazir ficasse sem
refém e sem número de série, sinceramente eu perderia todo o
respeito por ele como vilão por cair num truque tão imbecil. Mas
Brody pensa melhor e atende à exigência de Nazir.
O número é enviado a outra
pessoa. O outro terrorista tem um computador rodando um software
complicado cheio de colunas de números flutuantes. Coisa de
programador “fodão”. Digita o serial.
Brody guarda o estojo e, nesse
exato momento, entra Walden. Que timing perfeito! Brody fica a
observá-lo, para ver se de repente ele tem um mal súbito. Eles
conversam sobre seu brilhante futuro na política, até que Brody
abre o jogo. Diz que não poderá concorrer a Vice-Presidente.
Walden, é claro, não aceita isso. Mas então passa mal, pressiona o
peito e tem que sentar-se. É ataque cardíaco chegando!
É aí que Brody resolve dizer
a verdade nua e crua, o que resultaria num terrível erro se ele
constatasse que Walden só estava tendo uma gastrite...
Brody: “Na verdade não é
por minha família. É por mim. Porque quero me sentir limpo
novamente. E porque basicamente discordo de tudo que você diz e
faz.”
Walden piora. Tenta chamar um
médico, mas Brody não deixa.
A cena é forte e restaura
minha fé no show. Brody não é apenas o mocinho enfrentando
terroristas. Ele agora comete um crime sério.
Carrie encontra um caminhoneiro
e pega seu celular. Liga para Saul. Diz onde está. Saul está a
caminho. Diz para ela não ir atrás de Nazir e é exatamente o que
ela faz, claro.
Saul e equipe localizam o
paradeiro de Carrie no mapa. Galvez é quem aponta para o local. Será
ele o traidor que está passando informações aos terroristas como
andam sugerindo na Internet?
Saul é detido por dois fortões
e não pode ir junto com a equipe até onde está Carrie. Saul fica
furioso, pede que chamem Estes, pois ele esclarecerá qualquer
mal-entendido, mas a ordem justamente partiu de Estes.
Carrie volta para o lugar onde
estava cativa. (Estúpida!) Nem sinal de Nazir. Ela entra por uma
porta e a tela escurece.
Responda em nome da Segurança Nacional:
- Nazir obtém a informação
sobre a localização do estojo do marcapasso, acreditem ou não, no
New York Times. (Nem Brody acreditou direito nessa.) E caso você
esteja pensando, sim é possível interferir num marcapasso via
wireless, conforme noticiado no mesmo New York Times, mas é uma
possibilidade bastante remota. Afinal, o que você achou dessa forma
de assassinato? Na hora pareceu um perigo real, ou uma cena muito
forçada?
- Você aguenta mais alguma
cena com a Dana fazendo beiço? Ou quer que Jessica fuja com Mike e
as crianças e nunca mais os vejamos?
- Brody e Carrie: esse casal
tem futuro?
- O que você achou da
discussão entre Nazir e Carrie sobre terrorismo? Quem tem razão
nessa?
- Suspeitarão de Brody sobre a
morte e Walden? Ele pode vir a ser incriminado?
- O que Estes quer com Saul
afinal?
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