Nesta semana, "Glee" traz mais um daqueles roteiros que lidam com preconceito e aceitação. Algo em que a série praticamente se especializou e, que faz de "Jagged Little Tapestry" não só mais um acerto da temporada, como também um episódio de grande importância por trazer a seguinte mensagem: seja verdadeiro consigo mesmo.
Também não é a primeira vez em que Coach Beiste sai da sua posição de treinadora durona para embarcar em um plot dramático. Na segunda temporada, "Never Been Kissed" conseguiu nos emocionar com o fato de que Beist nunca havia sequer sido beijada. E, neste 6x03, seu caso de Transtorno de Identidade de Gênero é tratado com delicadeza e, para minha surpresa, sem sentimentalismo barato.
O sofrimento psíquico de ter um corpo exterior que não corresponde a quem você é de verdade no interior é difícil. Mas ainda mais difícil é lutar em busca de aceitação, é se manter honesto a si próprio e não se importar com o que os outros pensam ou dizem. Tudo isso Beiste expressa com perfeição em um rápido, porém emocional diálogo com Sam, no qual conta que tomou a complicada decisão de mudar de sexo.
Sem dúvidas, os subplots foram as melhores partes do episódio, já que a escolha dos mash-ups de Alanis Morissette e Carole King foi um tanto quanto, digamos assim, sonolenta (fãs desses artistas me enforcando em 3, 2, 1...). Não consegui gostar ou ficar sem bocejar em nenhuma das performances e, por isso, vou me isentar de comentá-las nesta review antes que cometa uma injustiça.
Quem brilhou, de fato, e seguiu o exemplo de Beiste ao roubar a cena foi Becky com o plot do novo namorado "normal". É comum acharmos que pessoas com algum tipo de distúrbio (na falta de uma palavra melhor) devem ficar com outras que compartilham do mesmo. E, por isso, foi bacana ver este assunto sendo levantado para tirar um pouco do preconceito alojado em nossas cabeças quando o assunto é Síndrome de Down. Já podemos shippar os dois, sem peso na consciência.
Vale também citar que o drama de Kurt e Blaine ainda está sendo explorado, quando sabemos perfeitamente que terminaremos a series finale com Klaine juntos e saudáveis. Porém, devo confessar que ri da decoração sútil de Brittany para o apartamento do novo casal e aplaudi de pé os insultos de Santana dizendo que Kurt é só uma versão mais feminina de Quinn (que, aliás, continua sendo confundida com Kitty).
Já os novatos cumpriram o papel de Tina na primeira temporada, batendo palminha no fundo das performances. E também não acho que eles terão maior espaço daqui para o fim da série, já que com um número limitado de 9 episódios, o que resta é manter o foco nos antigos alunos. Aliás, quando um dos novatos questiona como os já formados conseguem ficar na escola tendo trabalhos e vidas em outras cidades, os roteiristas poderiam muito bem dizer "porque é o último ano da série," mas preferem deixar Brittany responder essa pergunta: “I can bend space and time with my mind.” (Eu controlo espaço e tempo com minha mente.)
Nota: 8
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