Finalmente tive a oportunidade de tirar meu atraso com American Horror Story. E notei que não fui o único que estava tendo dificuldades em acompanhar esta quarta temporada até aqui. Afinal, se há uma palavra que possa definir a leva de episódios que a série nos apresentou com "Freak Show", esta palavra é inconsistência.
(Atenção: spoilers até o episódio 10)
Mas calma, não precisa cortar minhas mãos e colocá-las no formol, houveram também excelentes momentos de ressalva que destacarei ainda neste texto, porém e, na maioria da vezes, outros tão sonolentos e sem sentido que me fazem questionar se os roteiristas queriam nos aterrorizar ou nos presentear com uma excelente soneca de 40 minutos. Terminar alguns episódios soava como uma tarefa causticante, era como se eu fosse Ma Petite e tivesse que alcançar algo em cima de um armário, demorava décadas.
A longa duração de alguns diálogos e, especialmente, a falta do 'terror' que fez de "Asylum" a melhor de toda série, são só alguns dos meus incômodos com este freak show. Sem contar o número excessivo de mortes nos recentes episódios, o que apenas confirma que os roteiristas não sabem o que criar para tais personagens e, por isso, decidem matá-los a fim de nos acordar do coma em que as inúmeras cenas de Elsa Mars reclamando "oh Deus, por que não me tornastes uma estrela?" nos colocou.
Dandy é, talvez, o único personagem da trama que traz nosso foco a tela. É sempre interessante acompanhar o comportamento de um psicopata e o que os roteiristas de AHS criaram foi um serial killer complexo e assustador. Dandy é absolutamente imprevisível, não sabemos qual será seu próximo passo e quem irá matar. Seus momentos de ternura são substituídos por puro ódio em meros segundos, algo que a atuação de Finn Wittrock faz com soberba. E é a partir disso que surge alguns do melhores momentos da temporada, como a morte de sua mãe Glória e o assustador banho de sangue. Sem contar a ótima ponta de Gabourey Sidibe que acabou morta em uma chocante cena na qual Dandy mostra porque ele é, de fato, a lei.
Estes momentos nos quais "Freak Show" se destaca parecem ter finalmente se concentrado em um único episódio, o mais recente "Orphans", no qual a série faz uma genial ligação da atual temporada com "Asylum" trazendo a fantástica Lily Rabe ao papel da freira Mary. Como é bom recordar os velhos e bons tempos em que éramos chocados pela insanidade daquele local.
Tão surpreendente quanto esta conexão foi a carga emocional do episódio, o primeiro que de fato traz um background bem construído para os personagens. O foco é na magnífica Pepper, cuja história de abandono - sobre como foi criminalizada por um crime horrendo que não cometeu - consegue ser mais forte do que qualquer outro plot já apresentado nesta temporada. E quando a mesma leva a mão ao rosto a procura do beijo de Elsa, é impossível não se emocionar.
Este fôlego que "Orphans" trouxe, porém, não parece ser suficiente para nos fazer esquecer o quão sonolento este freakshow tem sido. As bruxas de Coven, certamente, não ficarão sozinhas no quesito tédio. Só nos resta torcer para que os episódios finais consigam ofuscar toda a lentidão dos últimos dez, ou desejaremos jamais ter embarcado neste circo de horrores.
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