Quanto tudo parece estar indo de mal a pior para os personagens de Grey's Anatomy, a série retorna em tom de melancolia, sem espaço para alívio cômico e recheada de dramas. O que não necessariamente é uma coisa ruim, já que "Where Do We Go From Here" acerta na maioria deles e acaba sendo, não um excelente, mas um bom adendo a temporada.

Retornando de onde nos deixou em "Risk", com MerDer prestes a entrar na lista maligna de relacionamentos destruídos por Shonda Rhimes, Grey's trabalha bem a curta, porém significativa, separação do casal trazendo flashbacks da quinta temporada - de quando oficializaram(?) o casamento em um post-it, usando este que se tornou um símbolo da união dos médicos como uma metáfora do momento em que se encontram. Se no início do episódio, quando tudo parece ter se perdido, Meredith joga o post-it no lixo, mais tarde ela o recupera ainda que com o vidro da moldura em pedaços. 

Do mesmo modo, ela recupera Derek de um relacionamento que embora esteja na pior das condições, ainda é algo que vale a pena se manter. Aliás, não é sugestivo que a última coisa que Derek diz à Meredith na ligação é "I'm loosing you" ("estou te perdendo") ainda que este se refira somente ao telefonema? 

É natural que durante um casamento se passe por momentos de choque - quando o trauma é grande demais para o corpo suportar. Por isso, promessas como as de que "se amariam até quando se odiassem" nunca pareceram tão importantes e se encaixam perfeitamente com a nova proposta do casal, que agora trabalha para que os destroços deste conflito não sobreponham o amor. O "nós faremos funcionar", ainda que não soe muito seguro, é uma promessa de solução para Meredith que tão desesperadamente precisa de uma pessoa. Ou da sua pessoa.

Aliás, é bacana ver como Christina ainda faz grande diferença mesmo tendo deixado a série há quase um ano. E a cena em que Mer desmorona diante da futura nova babá (que tem uma paciência inacreditável) mostra bem isso, aproveitando para nos lembrar como Ellen Pompeo atua maravilhosamente.

O clima sombrio do episódio também ficou por conta de Kepner, Jackson e do bebê (é um menino!) que está a caminho. Devo dizer que a maioria das cenas de April berrando descontroladamente durante o episódio, ainda que justificáveis, foram extremamente irritantes. Primeiro com Jackson. Depois com Stephanie. Até Callie teve que aturar seu 'mimimi' sobre mães que se jogam de pontes quando tem filhos perfeitamente saudáveis. Sei que devo simpatizar com o drama do bebê que tem osteogénese imperfeita e até acho interessante como o roteiro usa isso para abalar a fé de Kepner, mas é impossível sentir compaixão por uma personagem tão... urgh. 

Já Arizona e Dra. Tumor continuam em eterno conflito, enquanto a primeira tenta salvar a vida da segunda de um câncer letal. Essa trama tem potencial para ter alguns desfechos impactantes. E se bem conheço o sadismo de Shondinha, é capaz de Herman acabar morta ou com alguma sequela após a cirurgia, colocando Arizona em uma posição desconfortável. Ao mesmo tempo, também seria interessante que Amelia conseguisse remover o tumor com 100% de sucesso, uma vez que a personagem ainda precisa se firmar e deixar de vez a sombra do irmão.

O caso da semana, porém, não traz emoção alguma e ainda que Bailey interagindo com aquela criança tenha sido (só) bonitinho, todo o resto foi previsível e bobo. Estava na cara que a culpa do acidente não tinha sido da mãe e a descoberta do tumor no pâncreas serviu apenas para mostrar a Hunt que Meredith estava certa. Se tivermos sorte, ganharemos algo não tão carregado de drama e uma dose mais leve de Grey's Anatomy na semana que vem.

Nota: 8

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