O dia em que Steve abriu a carteira por vontade própria.

Testes podem ser muito bons. Já percebemos que nessa temporada Hawaii Five-0 vem testando várias ferramentas e algumas vem combinando muito bem com o formato da série. Mas o que dizer desse episódio, que teve um caso intenso e momentos bem significativos para os membros da equipe? Esse foi um acerto e tanto.

Poina 'Ole (Não Esquecido) em nenhum momento nos escondeu quem era o criminoso, o motivo por outro lado seria um grande quebra-cabeça. Por que afinal um aparente vovozinho inocente iria matar uma grande neurocirurgiã e mãe dedicada a sangue frio? Mesmo com o fato de que ela iria operar ninguém menos que Paul Delano naquela manhã e descobrir quem gostaria de vê-lo morto – além da Five-0 – pudesse ser bem complicado não podia ser isso. Acabou mesmo sendo algo bem mais profundo e até perturbador.


Foi graças a Max que descobriram que a morte da Dra. Christine DuPont (Sarah Jane Morris) poderia estar ligada a de Tahni (Rodney Oshiro). Um paciente com tumor cerebral em fase final que foi sufocado um dia antes do assassinato da Doutora, mesmo tendo apenas mais uma semana de vida. Isso só podia estar conectado. E como disse Max - que tocava Merry Widow, tema do filme Sombra de uma Dúvida, ao piano como forma de preparar o clima quando Kono e Danno chegaram – disse, até Hitchcock ficaria admirado com a coincidência,


A Dra. Christine tratava igualmente seus pacientes sem se importar com quem eles eram. E como disse Grover, provavelmente foi a única que tratou Tahni como ser humano em anos. Tanto que o paciente já em estado terminal confiou na Doutora a ponto de confessar que fora testemunha de um terrível crime há quarenta anos, o assassinato de quatro garotos no reformatório.

O caso foi intenso não só pela investigação intricada e por terem até que enfrentar armadilhas mortais na casa de Russell (Wings Hauser) que foi diretor do reformatório na época e que avisou Mackey (Gregory Itzin) que Tahni tinha contado tudo, mas pelo que ele implica. Quatro garotos foram largados no depósito usado como solitária do reformatório pelo guarda Huhu para sufocarem e desidratarem até morrer, e enterrados como se fossem nada. O momento em que os corpos foram enfim encontrados e Mackey, o Huhu, não teve outra alternativa se não confessar foi revoltante. Principalmente por saber que coisas assim aconteceram e provavelmente ainda acontecem.


Sim, jovens vão parar em reformatórios por cometerem crimes. Pessoas como Mackey acham que criminosos são criminosos e pronto, que devem ser exterminados. Mas será mesmo que o mundo é um lugar melhor sem eles? Jovens sozinhos e sem ninguém pra mantê-los na linha fazem qualquer coisa pra sobreviver, e se ninguém lhes mostrar o caminho certo e dar uma segunda chance nunca se corrigirão. Um bom exemplo foi Tahni, que cometeu tantos crimes que passou a maior parte da vida atrás das grades. Mas bastou que uma médica lhe mostrasse um pouco de compaixão para que fizesse uma coisa certa.


O caso mexeu tanto com Steve que o vimos fazer algo de certa forma até inimaginável. Acompanhamos a incrível saga do Comandante para encontrar quem roubou e depenou seu valiosíssimo Mercury Marquis, dando até uma de McGyver para coletar as impressões no para-brisa. Mas ao descobrir que se tratava de um jovem sem casa e sem família chamado Nahele (Kekoa Kekumano) Steve pensou muito bem no que faria. Primeiro abriu a carteira e pediu que Pua comprasse comida e roupas pro garoto, e por Steve ser tão pão duro o gesto ficou ainda mais bonito. Depois fez um trato com Nahele: Recuperariam as peças, remontariam o carro e caso o garoto nunca mais saísse da linha a declaração de roubo nunca seria assinada. Acho que Danno tem razão, Steve é como um biscoito assado pela metade. Mas é por isso que nós o amamos.


Falando em Steve e Danno, nesse episódio tivemos ótimas discussões. Tudo começou porque Steve “abandonou” Grace no meio da rua depois do treino (Run, Grace! Run!) e foi perseguir seu carro roubado. Tudo bem que a reação do Danno foi um tanto exagerada, uma menina de 12 anos já tem idade pra sair sozinha à luz do dia, mas Steve dizer que Danno não cumpre o papel dele como pai... Como assim? Só por que ele não gosta de correr? E claro, Danno continua subestimando o valor do Mercury Marquis, vulgo lata-velha. Mas aquele momento em Chin perguntou se ainda estavam na terapia e concluiu que precisam de mais sessões resumiu tudo. Sim, mais terapia por favor.


Quem teve um destaque considerável foi Grover. Vimos o quanto Samantha ficou traumatizada, a garota continua tendo pesadelos com seu sequestro e a morte de Ian. Grover chegou a dividir isso com Chin, o quanto é duro pra ele ver que sua filha continua sofrendo. De fato não podia ter pedido conselho pra alguém melhor. Chin realmente sabe como é não querer fechar os olhos, e provavelmente não teria conseguido superar se não tivesse seus amigos sempre por perto. E foi lindo o momento em que Grover disse à Samantha que só o tempo irá curá-la, mas que ele sempre estará ao lado dela. Sério mesmo que um dia o odiamos?


Sobre Chin... Bem, com esse pequeno retorno de Delano e suas insinuações talvez seja certo dizer que esse assunto não está totalmente encerrado. Talvez a Five-0 acabe lidando com seu sucessor em um futuro próximo, ou talvez ele ainda volte pra perturbar Chin mais um pouco. Mas gostei de ver nosso Tenente não se deixando intimidar, inclusive quando o médico disse que só teriam um minuto com Delano até a cirurgia e Chin disse que então iam precisar de cinco.


E o episódio acabou com uma bela confraternização do grupo. Como senti falta disso! Vimos Grace – a menina que agora sabemos também temer o dia em que seu pai for um velho rabugento de verdade – exibir sua medalha de ouro. Também que Kamekona deu emprego ao jovem Nahele, o que significa que provavelmente veremos o garoto novamente. Só tive que rir do Kamekona dizendo que Nahele come demais e o trabalho por almoço dá prejuízo. Mas foi lindo ver todo mundo junto, só faltou Jerry dessa vez. É, Steve conserta brinquedos quebrados.

Próximo episódio é dia 30, com o retorno do Tio Joe. Ansiosos?


Nota: 10

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