Fringe, o paradoxo entre os mundos.

Desde os primórdios quando “Fringe” se apresentava como um simples sci-fi policial/sobrenatural, o slogan que apresentava era basicamente: abra sua mente para as (im)possibilidades. Este mesmo slogan comercial que hoje se encaixa perfeitamente ao que vimos da série nestes 40 minutos de televisão espetacular que infelizmente foram apreciados por tão poucos. As interpretações virão com o tempo, respostas dadas, trama impecável, tensão nas alturas. Sejam bem vindos a espetacular Season Finale de “Fringe”.

Começo este post contando minha experiência nesta Finale. Primeiramente, tive que aguardar pouco mais de 1 hora até que meu nível de adrenalina abaixasse para poder escrever esta humilde review para vocês. Segundo: acho quase impossível eu conseguir expressar por meio de palavras o que foi ‘tudo’ isso. Preciso explicar por quê? Acho que não.

Partimos 15 anos mais tarde onde profecias bíblicas se tornam indiretamente reais. Parafraseando Astrid: “Quando o mundo acabar, o salvador chegará para acabar o sofrimento e levar os dignos ao paraíso”. No caso, Peter, um único homem destinado a concretizar o destino dos universos, trazer equilíbrio aos mundos que seu pai desequilibrou quando o trouxe anos atrás do lado B.

Mortes. Sacrifícios haveriam de ser feitos e como disse a pequena Ella: ''não existem mais finais felizes''. Realmente não existem finais felizes, pelo menos não nesta série. Saídas fáceis não são praxe de “Fringe”. Impactar é. Com isso digo que infelizmente os spoilers eram verdadeiros, Olivia morreu no futuro alternativo e como esperado tivemos todo um impacto em torno da cena. Mas antes, vamos analisar a relação de Peter e seus pais, Walter e Walternativo.

Se eu fosse fazer uma lista dos momentos mais espetaculares do episódio, o diálogo entre Peter e Walternativo estaria com certeza em um top 3. Não me canço de elogiar John Noble que conseguiu tornar-se sinônimo de ator 1001 utilidades. Seja fazendo um cientista brilhantemente biruta, ou o vilão homérico que é Walternativo. Simplesmente sensacional o diálogo entre pai e filho. De arrepiar: "Você destruiu meu mundo, filho. E agora, eu vou destruir o seu".


Um homem que veio no propósito de salvar seu universo e descobre que este mesmo não mais existe. Sem ar, água ou luz. Só a escuridão infinita, dá para imaginar? E como poderia Walternativo vingar-se de um mundo que teria em breve o mesmo destino? Acelerando o processo, enfiando o dedo na ferida, abrindo mais vortexs por meio dos terroristas batizados como “Destruidores do mundo”. Repito, mortes não foram poupadas e agora sim, Olivia.

Sem poupar um impacto máximo na cena, Olivia é assassinada. Morta por Walernativo, ou melhor, X-Man que jurou vingança a Peter por ter destruído o seu mundo. É então que o futuro se torna um fim alternativo da série, com a destruição dos mundos. A morte da protagonista, o fim de ambos universos e se não fosse as pontas soltas, a restauração do equilíbrio.

É claro que a morte não foi real devido ao âmbito e carteirinha de personagem do futuro que Olivia e todo o elenco continha em “The Day We Died” e isso diminuiu em certo ponto o grau dramático do seu funeral, ademais, tenho que confessar que o momento em que me vi mais emocionado foi quando Walter lembrou de como era seu antigo laboratório junto a pequena Ella, sem esquecer de Gene, a vaca mais amada dos EUA. Sorri chorando (confesso).

E quando estávamos prontos para ‘let it go’ (ou não) somos puxados de volta ao futuro, de volta as pálpebras dilatadas dos olhos azuis de Peter Bishop, de volta a realidade que nunca pareceu tão reconfortante. Olivia ainda viva e os dois universos ainda na luta pela sobrevivência.


As respostas do episódio ficaram por conta do mistério das Primeiras Pessoas. Essa tal civilização antiga que tanto nos perguntamos à respeito, se resumia apenas a Fringe Division (Olivia, Ella, Astrid, Walter...) que enviou do futuro a Máquina. Aquela velha história que tanto foi ressaltada pelos Observadores: Várias realidades estão caminhando simultaneamente na linha do tempo. Faz todo sentido.

O destino foi decidido, Peter veio a compreender que se um mundo sobreviver o outro não precisa ser destruído, ele decidiu dar um nó entre os universos e criar o tão esperado equilíbrio. Uma ponte. Se um universo morrer o outro também morrerá, se um universo sobreviver, o outro também viverá. Tudo será decidido naquela sala onde os dois universos agora estão juntos para a sobrevivência de ambos, onde as duas Maquinas agora são uma só.

Walter e Walternativo, Olivia e Bolivia, todos terão de trabalhar juntos e Peter? Simplesmente nunca existiu. Pelo menos não na realidade em que os outros se encontram. A inexistência de Peter seria a chave para o equilíbrio? Mas como? Por que Peter tornou-se um ser completamente inexistente? E o mais importante, os mundos evitaram o resultado visto em 2026? Esta é a deixa para a próxima temporada, enquanto isso fico com algumas teorias malucas e descabidas. Vamos as pistas do episódio...

Easter Eggs:

Um dos mais interessantes easter eggs deste episódio é com certeza a abertura da realidade alternativa de 2026 em cinza. Contudo, sobre a cor da abertura devo dizer que ao contrário do que alguns têm afirmado ela não é unicamente cinza, notem que o azul ainda está presente, levemente rodeado pelo cinza predominante em função do fim dos tempos de forma simbólica, o azul enfraquece, o fim do mundo, reassistam a seguir:


A abertura azul acinzentada trouxe também uma substituição das palavras que víamos antes na abertura original da série (azul), como: Syneshesia, transhumanism, reanimation, telepathy, biotechnology, etc por novas áreas da Divisão Fringe, são elas:
Cellular Rejuvenation (Rejuvenescimento celular);
Thought Extraction (Extração de pensamento);
Cryptozoology (Criptozoologia);
Neural Partitioning (Partilhamento neural);
Brain Porting (Portabilidade cerebral);
Temporal Plasticity (Plasticidade temporal);
Dual Maternity (Maternidade dupla);
Chaos Structure (Estrutura do Caos);
Clonal Transplantation (Transplante de clones);
Water (Àgua);
Biosuspension (Biosuspensão);
Hope (Esperança).

As palavras que mais me interessam (e a vocês também, tenho certeza) são: Estrutura do Caos (intrigante), Água (um desafio da ciência do nosso futuro) e Esperança (em referência a Caixa de Pandora?). Mais uma excelente sacada dos roteiristas.

Um interessante easter eeg: Rocket Poppeteers = o novo projeto secreto de Steven Spielberg e JJ Abrams, é o que andam dizendo por aí.


À respeito das cores, é interessante notar a presença do vermelho/verde no dispositivo utilizado pelos “Destruidores do Mundo” e mais, a explosão inicia com uma luz azul, as tais ‘blue lights’ que sempre víamos durante a primeira temporada.


O glyphs code da semana foi ‘NOMORE’ que no português significa ‘NÃO MAIS’, o que pode ter diversos significados se olharmos de diferentes ângulos. ‘Não mais’ Peter? Não mais o fim do mundo? Ademais este glyphs pode servir de complemento ao da semana passada: ‘MULTI’, ou seja, não mais multi-universos? O que acham?


E o observador? Tivemos uma convenção deles na Ilha da Liberdade poupando-nos o trabalho de procurar durante os 40 minutos de episódio. Mas como é de costume, aí vai a imagem:


Indo mais além, acredito que isto seja uma brincadeira dos roteiristas. Perceberam a presença do ONLY SEPT no estacionamento em que Olivia e os outros agentes desmaiam? Como se os produtores quisessem dizer que SÓ EM SETEMBRO (quando a série voltar) teremos respostas (palhaços!).  E coincidentemente (ou não) há nove pessoas desmaiadas na cena e Setembro é o 9º mês do ano. Legal, não?


E para finalizar uma curiosidade do fim do episódio. Quando Peter retorna da realidade de 2026 o relógio marca 5:20 o que nos lembra os números de Jacksonville (5-20-10) que Walter disse não entender o significado. Ademais, a variação de tempo daqui para o lado de lá é aparentemente de 6 minutos pelo que eu entendi, pois como vimos no relógio do lado B está marcado 5:26. Fará alguma diferença futuramente este curto intervalo?


PS: Ainda a tempo, preciso fazer um último elogio (ou melhor, vários): o cuidado dos produtores em tornar as mudanças entre 2011 e 2016 marcantes foi simplesmente impecável. Detalhes fazem toda a diferença em "Fringe" e assim foi feito nesta Finale: Astrid que finalmente soube o significado da palavra 'alisamento', Walter com sequelas do que parece ter sido um derrame, Ella tendo participação na trama como Agente da Divisão Fringe, Olivia casada com Peter (lembram da aliança? Essa eu já sabia) e dominante da sua Telepatia e Broyles senador e cego de um olho. Brilhante.

PS.2: Alguém viu meu queixo por aí? Acho que deixei cair durante o episódio.

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