Com uma cena de abertura dessas, não é preciso ver o episódio inteiro para elogiar.

"Breaking Bad" continua sólida, regular, lenta e paralelamente trazendo seu senso de urgência. Depois de um episódio onde o medo exalava a cada minuto que a trama percorria, damos seguimento aos dramas onde a frase pronunciada por Skyler no episódio justifica nossa satisfação semanal sempre que apertarmos o play e deixamos rolar na tela um episódio sem erros: 'tudo se resume aos detalhes'.

Os roteiristas atenderam minhas preces quando eu disse na review passada o quanto Marie e Hank soavam deslocados da trama central. Série que se preze nunca deixa ponta solta e por isso nada mais sensato que reviver o drama de Marrie e sua cleptomania. Nunca me esqueci de quando esta roubou uma tiara para presentear a pequena Holly e agora ela volta a cometer os mesmos erros. Marrie se sente desolada, abandonada pela presença zumbi de Hank de uma grande exaustão emocional e obcecado por encomenda de pedras, isso a leva a ter uma recaída. Por outro lado Hank se encaixa na trama cetral da temporada quando o vemos diretamente ligado a investigação da morte de Gale em meio as 'lab notes' que podem ser decisivas em relação ao futuro de Walter e cia. A proximidade do DEA ao tráfico de metanfetamina causa calafrios em qualquer fã e o perigo eminente se aproxima com o desenrolar da trama.


Voltando a falar de detalhes, "Breaking Bad" figura na tela um fotografia classificada como: incrível. Vemos como uma simples jogada de câmera consegue passar a mensagem que o público requer, um grande exemplo disto é o roubo da colher ou a cena que abre esta review. No laboratório, a instalação das câmeras causa desconforto em Walter que brilhantemente consegue fazer o telespectador se preocupar, ficar incomodado junto a ele, graças à interpretação de Cranston. Sua expressão mostra vulnerabilidade, descontrole. Genialmente, tudo isso é resumido em um gesto.

Já Skyler tem sido a personagem mais bem trabalhada da temporada. De esposa atenta, a assistente de 'drug diller', ela concretiza seu plano de compra do Lava-Jato e ainda consegue uma boa pechincha. Acredito que Walter, junto à nós, subestima sua capacidade de manipular e com isso sempre nos surpreendemos com os feitos de suas artimanhas. Se bem que depois que ela usou a filha para entrar na casa do Walter, eu não duvido de mais nada. Conclusão: ela é mais perspicaz do que pensávamos e parafraseando Saul, 'é pra casar'. Porém, onde estaria Walter sem o irreverente Sr. Goodman?

O advogado contorna a situação sempre que preciso fazendo jus a descrição de 'quebra galho'. Por outro lado, serve ainda como grande alívio cômico da série, ora nos diálogos fazendo o perfeito advogado desonesto, ora abrindo as portas para o grande Huell destruir o banheiro da casa de Walter. Agora, resolvido o problema da 'lavagem de dinheiro', Walter tem o laboratório e Jesse para se preocupar.

Falar de Jesse é bater na mesma tecla. Ele continua em estado de choque, sendo anestesiado pelas drogas e perdido entre os destroços de seu castelo de cartas pichadas para não enxergar a amarga realidade. Simplesmente, ele não tem nada a perder, além do dinheiro sujo de sangue que até mesmo parece irrelevante agora. Em contraponto, o drama nos questiona como podemos ainda nos importar por aquele indivíduo destruído, trincado em milhares de pedaços. Quando Jesse voltará? Se voltar.

PS.: Walter criando a expressão: Dê dedo, você está sendo filmado!

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