“Desde quando vegetarianos comem frango frito?”

Somos paranóicos, devemos confessar isto, pelo menos ficamos neste estado de crença de que há uma perseguição ameaçadora e um perigo constante sempre que assistirmos “Breaking Bad”. Deixar o telespectador desta forma é atingir o ápice da tensão que uma série pode produzir. Isso Vince Gilligan realiza com maestria.

Quando ‘Bad’ quebrou todos os limites possíveis na temporada anterior e descaracterizou grande parte de seus personagens, a série deixou uma premissa de que tudo pode acontecer. Isso é formidável. Ficamos no vácuo quando se trata dos planos do Poderoso-Chefão-Gus, além de que a ansiedade toma conta sempre que estamos prestes a presenciar um confronto. Destaque para a parnóia de Walter com as câmeras, clientes e funcionárias da Los Pollos Hermanos.

Em Walter nos espelhamos com sua tensão e, acima de tudo, no medo de que seu parceiro Jesse morra. Este por outro lado se distancia do protagonista. Sempre em segundo plano, Jesse não parecia ter um rumo desde que matou Gale e sucumbiu as drogas. Assim, o plano arquitetado por Gus ganha fundamento no final do episódio quando visualizamos que gradualmente, durante “Shutgun”, os acontecimentos levaram Jesse a uma nova perspectiva.


O coadjuvante experimenta o sabor do ‘protagonismo’, deixando Walter de lado em sua tarde recreativa com Mike. Nunca pensei que os dois juntos formariam uma excelente dupla, até por que devo confessar que me diverti com o incomodo que o tediado, Jesse (“Se o objetivo era me matar de tédio, deu certo”) proporcionou a Mike (“Você não é o cara. Definitivamente, você não é!”) Por outro lado, Jesse experimenta um falso heroísmo. O salvamento de Mike promoveu a confiança da qual o personagem precisava para voltar à lucidez. Vale frisar a excelente escolha da produção da série com as locações nas cenas da dupla.

Assim como Gus, o roteirista de “Breaking Bad”, Vince Gilligan mostra, a cada episódio, que sua mente criativa esta desenvolvendo algo maior, como um plano final. As pontas abertas vão se fechando e em meio a isso a tensão se constrói. Ainda mais que agora, renovada para uma 5ª e última temporada, Bad parece caminhar para um desfecho conclusivo e satisfatório.

Um dos focos mais tensos da série é definitivamente a desconfiança de Hank em relação a Walter. O primeiro reúne pistas e se aproxima de um resultado final, no caso, “quem é Heisenberg?” parece ser um mistério que realmente será respondido por Hank. Já Walter não colabora com a situação, mostrando ser muito menos centrado que Skyler, a mãe de família promissora a chefe de quadrilha. A propósito, bom ver que os dois estão juntos novamente, na saúde e no crime.


Sempre que incorpora Heisenberg, Walter muda de foco. Ele surge nos momentos de descontrole ou risco, às vezes, nos dois. Em “Shotgun”, seu sentimento de posse aflora justo em meio a um jantar de família. W.W mostra-se orgulhoso de seus feitos como produtor de crystal meth, assim, o orgulho e o álcool não permitem que fique quieto. Este minuto de descontrole pode custar caro, sendo só uma questão de tempo até que o agente do DEA, Hank junte os pontos. Bem diria a Los Pollos Hermanos.

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