O momento em que tudo desmorona sob a cabeça de Walter White.

“Breaking Bad” culminou na barreira que separa o ‘seguir em frente’ do ‘regressar no tempo’. Não tem mais volta, o clímax foi construído milimetricamente e cá ele é apresentado como grandioso. Este é o começo do fim, apertem os cintos e preparem os remédios para o coração.

Poucas séries me causam as reações que “Breaking Bad” tem causado nos últimos 2 anos. É um das exceções da minha programação que não segue padrões e que está sempre fora da sua zona de conforto, empurrando os limites e fazendo jus ao nome. Há tempos não fico obcecado na espera do próximo episódio como faço com ‘Bad’ e “Crawl Space” segue a regra de forma magnífica.

O episódio é introduzido ao som de buzinas com as vidas de Mike e Gus em jogo para mais tarde opor-se ao desfecho com o ponto de risco de Walter e cia. Sinto como se este episódio tivesse sido planejado desde o fim da 3ª temporada. Tanto planejamento também se espelha em um dos personagens da série, Gus, mais uma vez tivemos a prova da grandiosidade dos seus planos. No esquema de Gus não há espaço para erros e Walter passou a ser um. Na abertura o que impressiona é como tudo estava planejado desde o principio, até mesmo o sangue reserva de cada um deles acompanhado de uma tenda médica. A cena reflete que ao contrário de Walter, Gus não é movido pela razão. Foi derrubado, protegeu-se, armou-se meticulosamente e retornou 20 anos depois para receber sua vingança.

Pôde também jogar na cara de Hector a morte do ‘amado’ Don Salamanca, fazendo questão de nomear o responsável, Jesse. Este, por sua vez, dialoga com o arqui-inimigo a ponto de convencê-lo a não matar Walter. Mas Jesse ainda não escolheu lados, caminha em um meio termo, em uma linha tênue prestes a romper do lado mais fraco.


Este lado tem nome: Walter White. A imprecisão das atitudes de Walter o levou aonde se encontra hoje, em risco e colocando até mesmo a filha na linha de tiro. Ameaçado por Gus no deserto, sendo esta já uma das melhores cenas do ano, não só sua família como também Hank está prestes a morrer.

Hank tem sido ao longo das temporadas gradualmente e genuinamente explorado que não sei como me sentiria caso algo acontece com ele ou a Marie. Sempre me via dividido ao torcer para que tudo desse certo com a investigação e que o esquema meticuloso de Gus viesse a cair, mas nesse meio havia Walter e Jesse, personagens pelos quais me importo ainda mais. Já em “Crawl Space” a mania de xeretar do agente do DEA fez de Walter um sem escolhas, inepto. Ele bate o carro propositalmente e consegue um intervalo de tempo.

Na cena final, somos agraciados com o aparato da atuação de Bryan Cranston. Essa é a hora em que temos a certeza de que o Emmy 2012 já tem um vencedor na categoria de ‘melhor ator’. Walter poderia ter somente corrido, ficado irritado ou fugido com o rabo entre as pernas, mas ao invés disto, um mix de emoções explodem quando ele entra em pânico ao descobrir que o dinheiro pelo qual arriscou tudo e todos estava nas mãos de Ted Bennek. Tal cena é composta por inúmeros detalhes que são incapazes de torná-la banal, pelo contrário, a palavra genialidade pode ser definida por ela. O toque do telefone, a voz desesperada de Marrie ao fundo, a risada de Walter, a expressão de Skyler, as jogadas de câmera claustrofóbicas e outros detalhes formaram uma fórmula perfeita para um cena genial. Me arrepiei até o segundo em que os créditos aparecem substituindo a trilha sonora intensa pelo silêncio.

Quando vi Ted tropeçar no tapete pela primeira vez logo me veio a mente: ‘qual a função de tal cena? Deve haver um propósito!’. Eis que Vince Gilligan também escorregou na resolução do personagem, mas em meio a isso “Huell está feliz” e eu mais ainda com a possível ‘morte’ do personagem mais babaca de todos os tempos.

Se “Crawl Space” foi incrível a este ponto, nada mais espetacular podemos esperar da Season Finale. Faltam dois episódios para o fim e este episódio marcou o início do declínio. O que esperar?

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