A melhor estréia da temporada 2011/12

Paisagens exóticas, viagens no tempo, dinossauros, mistérios, adolescentes rebeldes, futuro, passado, efeito borboleta e viagens no tempo. Esta foi a fórmula usada por “Terra Nova” para atrair 110% dos seriadores na direção do seu piloto duplo intitulado "Genesis" que distingue-se de 9 entre 10 produções da grade americana sendo inovadora na TV e ultrapassada no cinema.

Talvez pelo orçamento milionário (20 milhões que superaram os pilotos de “Lost” e “Fringe”), a premiere de “Terra Nova” foi a melhor do ano, sem dúvidas. Dando-nos oportunidade de fazer uma incrível, porém não tão crível, viagem no tempo/espaço contínuo.

Fato é que pilotos enganam. No caso de “Terra Nova” podemos estar diante da nova “Flash Foward” ou da nova “Lost”. É cedo para dizer, mas adianto que a audiência de "Genesis" foi baixíssima registrando míseros 9.20 milhões para uma série de tal porte. Em contraponto o episódio mostrou ser o evento televisivo que todos aguardavam, justificando por meio dos efeitos o adiamento de quase um ano da estréia.

Na história somos introduzidos a família Shannon no ano de 2149 D. C. onde a humanidade está por um fio do declínio ambiental e sob controle populacional. Jim Shannon protagoniza a série na companhia de Elisabeth e seus três filhos, sendo a menor ilegal. A visão apocalíptica do planeta é acompanhada por efeitos de primeira para a TV, mas ainda superficiais e não convincentes. Mas a grande atração ainda estaria por vir após um grupo de cientistas abrirem uma fissura no tempo que permitiu que voltassem 85 milhões de anos.

Antes que os haters se posicionem, devo esclarecer uma dúvida que muitos tiveram assistindo a “Genesis Parte 1”: entendam, os cientistas não optaram pelo Período Cretáceo, porque não houve escolha. Eles somente encontraram uma fenda que poderia levá-los àquele exato período temporal, não criaram uma máquina do tempo. O mesmo é esclarecido pela personagem Maddy quando explica que eles se encontram em uma nova linha temporal, por isso não existe qualquer possibilidade de retorno. O futuro não mudou no segundo em que o líder Frank Taylor colocou os pés em Terra Nova, uma nova realidade foi criada.

Diante disto, devo dizer que o roteiro não é nada original, mas funciona bem quando fala de sobrevivência, vida em sociedade e impactos ambientais. A chegada à Terra Nova exemplifica o que acabo de dizer. À todos foi dada uma segunda chance, a chance de recomeçar. Porém, o futuro de longe me pareceu mais interessante que o passado.


Os dinossauros de Spielberg são um show à parte. É impossível não recordar da primeira vez que vi Jurassik Park e poder experimentar aquela sensação novamente. Porém, acredito que de agora em diante veremos uma queda brusca nos efeitos, o que inclui menos dinossauros. Afinal, “Terra Nova” não tem o cacife para produzir episódios de aparência cinematográfica semanalmente, muitos menos cenários espetaculares e Carnotauros.

Com o orçamento que teve neste piloto e com o tempo gasto para executá-lo, “Terra Nova” poderia ter dado certo como um filme para o cinema, sendo dessa forma incabível no formato de uma série de TV, ainda mais em uma emissora que anos atrás cancelou Firefly pelos autos custos e baixa audiência. Uma pena saber que uma série que poderia ter sido fantástica já estréia condenada pelo público americano.

Aí que entram ‘os Sextos’ (Others, others, others!), as doses de mistério, as batalhas civis e os dramas familiares. A série não somente baseia-se na luta para sobreviver em um ambiente hostil contra dinossauros - até porque a própria vila Terra Nova não é um lugar seguro, visto que os mesmos bandidos que hospedavam o futuro continuam no passado - mas de conflitos internos. Plot este que se bem explorado, como não foi no piloto, pode render muito. Não há paraíso sem sacrifício. O mistério sobre as equações nas pedras também chama a atenção tendo uma pegada “Lost” em relação ao público, mas por enquanto permanece superficial demais para fazer qualquer estimativa.

A série também carece de roteiro. Justificável talvez porque na tentativa de impressionar com os efeitos especiais, o roteiro foi levado para segundo plano. Dito isso, tenho que dizer que “Terra Nova” é sim uma série belíssima de se ver. Impressiona pela cores, locações e cenários grandiosos. Mas torna-se visível o texto pobre nos diálogos, sem qualquer reviravolta que não tenha sido previsível.

Por enquanto, tenham em mente que este foi sim um piloto duplo excelente que introduziu sua trama e personagens apesar de alguns furos. Foram 20 milhões bem gastos, mas que esta série não deve ter futuro na televisão americana, na minha opinião, não tem.

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