Espetacular.

Como previ na review anterior, “Breaking Bad” apertou o gatilho para toda ação da reta final de temporada. Gus, Mike e Jesse, principalmente, entram em evidencia na tentativa de acabar com o cartel no México, enquanto, em segundo plano, Bryan Chrasnton dá um show de dramatização na pele de Walter White.

De cenas magníficas o episódio foi composto e gradualmente, em cada uma delas, a tensão era revezada com drama. De “Hermanos” até “Salud” o que vimos foi uma história bem amarrada e que culminou em uma resolução incrível. Ritmo acelerado para aqueles que alegam vagareza diante da trama. Algo que acho incompreensível.

A ida de Gus ao México continha uma dose de tensão absurda. Desde quando o dono da Los Pollos Hermanos encara a piscina, até o seguimento dos próximos 10 minutos de episódio, tudo parece percorrer uma linha tênue de suspense inextricável. Por outro lado, chega a ser poética a forma como Gus delineia a morte do Cartel, no local da morte de seu Hermano com a mesma garrafa que brindaram anos atrpas.

Minha paixão quase cega por “Breaking Bad” não deixou que eu sequer viesse aqui criticar a previsibilidade da morte do Chefão do Cartel, porque quando você está ciente do que vai acontecer e de todos os riscos em paralelo, a tensão corrompe o seu pensamento da melhor maneira possível.

Daí cabe perguntar: o quão bem arquitetada é a trama de “Breaking Bad”? Ao contrário de outras séries, cada passo dado por seus personagens faz sentido. Isso se reflete nos planos de Gus, no convite a Jess, na proposta do Cartel e no passado de dois Hermanos. Vingança? Gus teva a sua. E mais do que merecida, a meu ver.

Ao mesmo tempo, não pude evitar a idéia de ver Gus morrendo pelas mãos de Jesse naquele momento (não pelo veneno). Ele e Mike fragilizados após um confronto de tiros, Jesse com a arma na mão. O momento perfeito. Presumi. Já que este foi capaz de matar uma vez, por que não agora? Talvez por que questionamentos sobre a lealdade de Jesse nunca foram banais se tratando da trama correspondente. Talvez porque o Jesse que conhecemos desapareceu junto ao egocentrismo herdado de Walter. E talvez, somente talvez, porque na verdade sua lealdade pertence a outra pessoa.

Não é válido dizer que o fato da dupla ter se perdido descaracterizou a base da série. Walt e Jesse sempre estiveram juntos por motivos distintos. Neste episódio, sequer se viram. Porém, é impossível não ver as marcas deixadas de um no outro. E quando digo isso não me refiro aos hematomas, mas aos frutos de anos de parceria.

Quem não visualizou uma dose de Walter no comportamento de Jesse quando este se colocou em risco para cozinhar para o Cartel? O mesmo vale para Walter colocado em segundo plano, visto estar em uma espécie de exaustão emocional. A mesma situação que Jesse teve de lidar no início da temporada após “Box Cutter”.


Embora Bryan Chranston tenha sido posto sob a condição de coadjuvante na atual trama da temporada, não pude deixar de aplaudir a sua atuação em “Salud”. Walter se via abalado por dentro e pôde encontrar conforto em seu filho substituto, o aniversariante Walter Junior. Substituto por que os seus diálogos refletem um subjetivismo, o de que Jesse estaria ali para confortá-lo, quando na verdade era WJ. Ilusão que foi fruto do álcool, mas que não torna o sentimento irreal.

Ao mesmo tempo, que Walter “confessa” ao filho o resultado de suas ações como ‘apostador’, me vi recordando da história do ‘cachorro problemático’ relatada por Jesse no Narcóticos e de como os dois se parecem das maneiras mais tortas possíveis. Aplausos a Bryan Chranston pela genial aula de como se fazer um drama. Posteriormente, sóbrio, este traz o melhor monólogo de toda a temporada, fazendo menção a um passado de Water White até então desconhecido por nós. Tenho a certeza que teremos flashbacks futuramente, talvez até no final da série, servindo de referência a morte de Walter com câncer. É claro que estas não passam de teorias.

Por outro lado, a não menos interessante trama de Skyler White ganha rumos distorcidos. Sky continua a limpar as sujeiras de Ted, mas não sucedidamente. E pela primeira vez, o auxílio de Saul não foi o bastante e mesmo ganhando uma boa fortuna vinda direto do porão dos White, Ted estragou tudo, a ponto de fazer Skyler confessar. Este é um gancho interessante que seguirá no episódio da semana que vem.

Em termos de ação, tensão e drama, “Salud” é (na minha opinião) o melhor episódio da temporada. Até então.

PS.: A fotografia de "Breaking Bad" torna a optar pelos tons vermelhos. Exemplo: o avião em que Gus, Mike e Jesse viajam ao México e a parte exterma do laboratório do cartel.

Sugestões para os episódios que encerraram a 4ª temporada de Bad? Comentem!

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