Oh God...

Suprima toda e qualquer emoção que atravessou os seus poros nos 30 segundos finais do episódio "This is the Way the World Ends" e verá que esta foi a temporada mais fraca da série. Plots mediocres, executados de maneira ainda pior e outras situações risíveis.

O problema é que este é um final de temporada que entrega um cliffhanger tão forte e significativo para todo o universo da série que muitos irão dizer: que este foi um episódio digno de 5 estrelas, que os roteiristas foram geniais, que a temporada foi espetacular. Não foi.

E tudo que costumou incomodar a mim durante grande parte dos outros episódios da temporada culmina aqui de maneira semelhante. Eu diria, quase igual. Digo isso, obviamente sem respaldar na cena final, para a qual guardarei comentários para o término deste texto.

Nossa inimiga que passou a ser mais conhecida nesta 6ª temporada também compareceu neste final: a previsibilidade. Posso parecer arrogante a ponto de dizer que previ cada passo do roteiro nesta finale, mas acreditem ou não, no momento em que Dexter afirmou de maneira quase aleatória que havia perdido sua carteira e juntando todas as tentativas desesperadas do roteiro de nos fazer apegar-se ainda mais a Dexter e Harrison como pai e filho, cantei a bola e acertei: Travis iria entrar em seu apartamento, sequestrar o garoto (tudo bem que isso ocorreu em outro momento), ameaçar usá-lo como sacrifício e Dexter então o salvaria, mataria Travis e teriamos o desfecho da temporada.

Contava também com a tão aguardada descoberta de Deb. Mas já com os segundos contados para o fim do episódio comecei a reconhecer que o Às da série seria guardado para uma cartada de outra temporada. Desta vez me enganei, portato surpreendir-me e vibrei com cada segundo em que o recorte das câmeras capturava as expressões, ambas chocadas, de Dexter e Debra Morgan.

O que os roteiristas fizeram foi tão fácil de prever quanto o fato de que Gellar estava morto. Jogaram nas nossas caras cada diálogo de Deb e sua terapeuta frígida, evidenciaram, a ponto de recorrer ao incesto, todo o amor que ela sentia por Dex e por fim deixam tudo isso como dica para resolução da temporada que vem. Aposto todas as minhas cartas que todo este "amor" será o solúvel. Deb, este poço de emoções confusas, não o prenderá, não fará absolutamente nada, a não ser continuar com os constantes constrangimentos que passa na sua presença. Continuará sempre a colocar o cabelo para trás e perguntar se os dois tem algo a conversar.


O problema é que agora a relação, que já havia ficado estranha com o incesto, toma rumos inimagináveis com tal descoberta. Foi ousado dos roteiristas revelarem isto? Sim. Previsível? Também. Será difícil continuar com a trama de agora em diante? Muito.

Fico dividido entre falar mal da temporada e aplaudir os roteiristas pelo final. Primeiro, porque acreditei que eles iriam prolongar este momento para que este fosse o gancho para a temporada final (que suponho ser a 8ª). De qualquer modo, Debra agora sabe que Dexter é capaz de matar. Não foi ele que revelou seu segredo. Ela viu com os próprios olhos o momento final de uma das suas vítimas, Travis. Ela viu a kill room e a facada final. Como e qual será sua reação? Confio em Jennifer Carpenter, ainda mais em Michael C. Hall para o diálogo que abrirá a próxima temporada. No roteiro nem tanto.

Apesar de que muitos momentos nesta Season Finale trouxeram frases que ficaram marcadas no currículo da série. Acredito que todos riram com a alusão ao símbolo da Santíssima Trindade, quando Dex diz: "Eu sou um pai, um filho... um serial killer" fazendo o movimento da cruz. Ainda mais toda a contradição do personagem ao revidar cada fala de Travis sobre fé e crenças e, no final recorrer a expressão cotidiana "Oh God!". Sacada sábia.

Apesar de algums ressalvas do roteiro, se reassistirem este episódio, perceberão que tudo, desde os primeiros diálogos até os finais, o roteiro desenvolveu-se com lentidão. Ao saber do seu desfecho posso imaginar que na sala de roteiristas eles estavam empolgados com a cena final e que pouco se preocupavam com o desenrolar do episódio. Que convenhamos, foi morno em todos os sentidos. Dexter no mar, Dexter no barco, Dexter na escola, Dexter no apartamento, Dexter no agreste vestido de tieta, Dexter no Ceará, Dexter no terraço, Dexter na igreja, Travis na Igreja, Deb na igreja!

Enfim começa a tornar-se regular a irregularidade da série. Com este final tenho grandes expectativas para a 7ª temporada, seu desenvolvimento, pois, apesar de todos os problemas, fico na espera de que o processo criativo dos roteiristas do ano que vem vá além da captura de criancinhas, pinturas da besta, incestos e babás que só sabem falar "ah, ok!". O mundo não é tão bom sem Dexter nele, imploro aos roteiristas que não o torne pior com ele.

More blood:

  • Impossível não rir com Masuka imitando Mestre Yoda.
  • Reclamavam do Miguel Prado como o pior vilão das temporadas. Mas só pela cena da seringa, considero Travis uma criança com sexualidade mal resolvida que frequentou muita missa. Até minha avó de 80 anos percebeu que Dexter não havia injetado nada. Um pouco de visão e alguns neurônios na cabeça já bastavam para prever aquela. O doomsday killer ainda precisa montar muito lego para chegar aos calcanhares de vilões como o Ice Truck Killer e o Trinity, não acham?
  • LaGuerta chega a ser bipolar em suas intenções. Ora afagando Deb, ora matando ela com um travesseiro.
  • Para os que ficaram catatônicos com este final, recomendo um copo de água e uma banana.
  • Decidi colocar a imagem de Dexter na abertura da review, pois por a Deb com aquela expressão e o "Oh God!" seria confirmar o que muitos esperavam desta finale. E se eu visse um spoiler desses, provavelmente eu prepararia uma kill room para quem disponibilizou.
  • Mais um sacada legal do roteiro: Today is the day
  • Prefiro não comentar o absurdo da cena da Besta.

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