Uma gangorra de terror americano.

"American Horror Story" estreou sob um hype imenso. Expectativas foram para as alturas e na mesma velocidade o castelo de cartas caiu. Mas, então por que uma série com um material promocional tão bom e ainda melhor elenco deu errado em primeiro plano?

Sem dúvidas devido ao roteiro irregular. Gosto muito do trabalho de Ryan Murphy nas primeiras temporadas de "Glee" e "Nip Tuck", porém devo dizer que a mente criativa do maníaco por trás de "The Glee Project" só consegue gerar surtos de criatividade que variam de coisas boas para coisas ruins de maneira tão acelerada quanto algumas das mortes desta 1ª temporada de "American Horror Story".

Enfim, a série toma partida em um episódio "Piloto" confuso e mal desenvolvido. Em meio a uma grande salada de bizarrices, muitos largaram AHS aceitando o conselho de Addy de que "iriam se arrepender" caso continuassem. No entanto, eis uma grata surpresa, os episódios seguintes foram densos e entregaram uma trama bem amarrada que conseguiu criar uma dinâmica entre tantos personagens (a maioria fantasmas) para sua protagonista: a casa.

A (ex) mansão dos Harmons já é um ícone. E a grande prova de que ela é, com absoluta certeza, a personagem principal desta série é dada na Season Finale "Afterbirth", exibida nesta semana nos EUA, onde vemos as histórias se repetirem com figuras diferentes (desta vez as vítimas foram os integrantes da família Ramos), personagens seguindo em frente, sendo que a casa permanece intacta, com sua artquitetura vitoriana e suas luminárias Tiffany originais.

A maneira como a trama foi conduzida, revelando todos os mistérios e, até mesmo, poderiamos dizer, as regras da casa, foi feita perfeitamente para uma trama redonda e bem estruturada. Porém isto também é ponto negativo a considerar. Alguns roteiristas e produtores de filmes de terror aprenderam desde cedo com filmes feito Psicose, por exemplo, que quanto menos se sabe, maior é o medo. Ou seja, o desconhecido é o catalisador do suspense, da tensão, do terror.

Revelar, por exemplo, a identidade do Homem Latéx (ou Homem Camisinha, como chamam) foi ao mesmo tempo: um erro, por anular integralmente qualquer medo que o público tinha deste e, um acerto por ousar responder um dos maiores mistérios de uma série, que talvez outros roteiristas arrastariam por anos, em menos de 8 episódios.

Isso é a prova de que Ryan Murphy não é covarde em ousar. Ele foi capaz de queimar todos os cartuchos da série em uma temporada, fazendo uma sequência de um episódio duplo de Halloween, a meu ver, impecável. Tudo isso devido a número gigantesco de acontecimentos, o teaser sensacional de Tate matando os alunos do colégio e a morte de Addy, para citar mais de um.


Em "Birth" contemplanos o nascimentos do anti-cristo. Ao contrário de muitos, aprovei o direcionamento que a trama tomou, apesar de recorrer ao velho tema apocalíptico e religioso que muitas séries optam e voltam atrás covardemente. Fiquei ansioso para ver a dinâmica de Constance e seu neto psicopata que aos três anos de idade já pintou o 7 em vermelho-sangue.

A Season Finale desta temporada deixa claro que a temporada seguinte trará uma história isolada, como foi com os Harmons. Gostei bastante do desfecho da família, afinal este já era um fim premeditado até mesmo por Ryan Murphy que divulgou spoilers, afirmando que a série traria uma família por temporada. Engraçado que apesar das mortes trágicas, eu diria que Ben, Vivian e Violet tiveram um final feliz, preciso confessar que gostei de vê-los brincar de quem assusta mais, mas triste por saber que a partir deste ponto nos despedimos dos personagens.

Por mais que o final da temporada deixe um gancho para uma possível continuação, Ryan Murphy deixou claro que este foi o desfecho da história como a conhecemos. Completou que em seu segundo ano, AHS trará histórias de terror diferenciadas que inclusive, serão ambientadas em outros lugares que não a casa. Só nos resta esperar para ver se essa fórmula vingará e manterá a qualidade.

Por fim, desejo toda sorte do mundo à Jessica Lange no Globo de Ouro pela interpretação fantástica de Constance. Ainda é válido destacar a excelente Frances Conroy, que apesar das poucas cenas, sempre esteve ótima nos diálogos apresentados. Tivemos também a eterna Connie Britton, o incrível Denis O'Hare e outros bons como Evan Peters e Taissa Farmiga.

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