Nada é o que parece.

Se tem algo que aprendi com Fringe nos últimos 4 anos, é que "nada é o que aparece", observadores não são alienígenas, Astrid não é a justificativa para o nome mutação aparecer na abertura e os casos que vimos na primeira temporada da série não são de modo algum descartáveis, como os de qualquer séries procedural.

Ao contrário, gosto de ver a primeira temporada da série com uma introdução cheia de pinceladas e elementos que viríamos conhecer ou entender apenas nas temporadas seguintes. Grande prova disto é o episódio 4x16, que usa como alicerce o caso visto no 1x13 "The Transformation" de maneira excepcional.

Gosto também de pensar que os roteiristas mataram Robert David Jones na primeira temporada já tendo em mente de que o trariam de volta e dariam continuidade ao arco do personagem em outra temporada. Afinal, por que eles passariam todo o primeira ano da série contando fringe events e mais fringe events e matariam o personagem que causou tudo sem solucionar ou revelar os motivos para fazê-lo?

Então, 3 temporadas depois, os roteiristas trazem Jones de volta para dar continuidade a trama que muitos acreditavam ser irrelevante a princípio, mas que no final faz parte de um plano muito maior, e nos deixar completamente boquiabertos com tamanho planejamento. Por isso, Fringe é muito melhor quando estudamos-a.

Se formos mais a fundo veremos que "The Transformation" é apenas umas das bases usadas pelos roteiristas para dar tom ao episódio em questão. Há também referências à obras literárias como "The Call of Cthulhu" de H.P.Lovecraft - um conto de terror sobre criaturas cósmicas, que teriam vindo à Terra antes desta abrigar a vida e que são cultuadas a serem tragas de volta, para dessa forma dar fim a humanidade.

As referências vão além: a semelhança entre a obra de H.G.Wells "The Island of Dr. Moreau" saltam os olhos. No livro, somos apresentados a Conrad Moreau, um médico que cria criaturas monstruosas após ficar obcecado em experimentos com animais, no intuito de moldá-los a forma humana, o que nos remete muito a ciência de borda. Logo, Conrad se tornou personagem em Fringe e faz aparições no episódio "The Transformation", onde é traficante de armas-biológicas. Uma delas origina a criatura que aqui vemos. Neste caso, Moroeau dá lugar à Robert David Jones, que está criando uma espécie de nova ordem mundial.

O híbrido de porco-espinho e humano e que se alimentava de lipídeos (gordura humana), aliás, parece ter sido inspirado, por sua vez, em animações como Gargoyles e até mesmo a Bela e a Fera.

Ainda há uma semelhança mais visível entre "The Transformation" e "Nothing As It Seems". Ambos são episódios que focam em Olivia. O primeiro ressaltando o drama da perda de seu parceiro, onde assim como neste 4x16, Olivia está psicológicamente abalada e precisando de ajuda para deixar um periodo da sua vida que já acabou, neste caso, uma linha temporal.

Além de focar nas relações humanas, como a formação de um vínculo entre Walter e Lincoln, o episódio soube como construir excelentes sequências de suspense e tendo um saldo de sustos maior do que muitos filmes do gênero, até mesmo os que usam câmeras em primeira pessoa. Recurso este que foi usado a favor do episódio, durante a ótima tomada da clínica LPD.

Easter Eggs:

Dentre os vários detalhes que a produção de Fringe incorpora aos episódios, as cores são os que mais chamam atenção. Em "Nothing As It Seems" a cor da vez não é o azul (apesar de sua predominãncia em cenas como esta) ou o vermelho, e sim o verde, que dá tom a diversas cenas, por meio de objeto e até luzes. A mais curiosa aplicação da cor até agora é a que vemos na terceira imagem abaixo, onde o tom da lugar ao azul das blue lights, para se tornar uma green light, veja:


Eu não poderia deixar de notar a odiada psicóloga do episódio 3x01 "Olivia" fazendo participação especial neste episódio. Mataram as saudades?


O observador estava na calçada logo atrás de Peter e bem em frente a Olivia. Como Olivia não vê nada além de Peter, não o identificou.


O glyphs code da semana que se traduz FUTURO pode ser interpretado por diversos ângulos. Este pode se referir simplesmente ao fato de que em breve a série re-visitará o futuro (abertura cinza), ou pode fazer alusão ao plano para o futuro de Robert Jones. O que acham?


Além do porco-espinho de "The Transformation", este 4x16 trouxe outras criaturas de episódios passados. Uma delas é do 2x09 "Snakehead", onde vimos pela primeira vez o parasita que matou a tripulação de um navio chinês, vejam:


A segunda é do 1x16 "Unleashed", uma criatura híbrida resultante dos DNAs de cobra, escorpião e morcego, que reaparece neste 4x16 no porão do navio cargueiro, vejam:

Sabia que a revista Hump já apareceu em outro episódio de Fringe? Acredite, esta já é a segunda vez que revista aparece na série, a outra vez foi no episódio 3x04 "Do Shapeshifters Dream of Electric Sheep?". Nem venham me dizer que revista de mulher pelada não é easter-egg que não aceito.


Pode ser por acaso, pode não ser, mas achei curioso que Walter tenha elogiado a gravata de Broyles sendo que esta é roxa, cor proveniente da junção entre azul e vermelho.


PS.: O maior mistério de Fringe: o que Walter estava fazendo naquele banheiro com revista de mulher pelada? A propósito, adorei os presentes de 16 e 21 anos de Peter: tetas e cerveja.

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