Eu sabia que meus garotos não iam me decepcionar.
Eu sabia. Sabia que Person of Interest não me decepcionaria. Enquanto assistia a Season Finale, minhas mãos tremiam o tempo todo. Quando Reese e “Caroline” estão tentando sair do hotel, com o FBI vindo por cima e a HR vindo por baixo, confesso, tive que pausar porque meu coração parecia que ia enfartar. Foi simplesmente freak awesome.
Mas também foi bem diferente do que eu esperava. Já sabia que Root iria das as caras, porém imaginei que Snow/Elias/Cara também iria. Snow e Cara principalmente, depois dela pegar o mandante de sua morte de jeito e chamá-lo para “por a conversa em dia”.
Ao invés disso, tivemos o CPF de Caroline Turing, uma mulher tão boazinha, com cara de doce e voz meiguinha que mais parecia um anjo. Root criou mesmo todo um ambiente para chegar a Harold, num cortejo para lá de esquisito. A moça, sabendo como funciona a Machine (como ela descobriu isso?), se auto mandou matar, criou uma identidade toda nova (psicóloga especializada em clientes poderosos e cheios de segredos perigosos), e uma atmosfera onde ela era ameaçada de todos os lados.
Para nossa alegria, ainda pudemos vê-la analisar Reese na maior cara dura. É claro que enquanto achávamos que ela era apenas uma simples psicóloga, foi um deleite para nós ver John no divã (por que não colocaram ele deitado naquele divã típico?). E Root, óbvio, dando uma de quem entendia muito bem o paciente, chamando-o de paranoico, tentando arrancar um segredo aqui e ali, e ele dando uma de educado, jogando sorrisos para todo lado, ouvindo broncas do chefe, tentando cortar as palavras ao meio. Ah, foi uma maravilha.
Aí partimos para a cena em quem Donelly “flagra” sua caça. Depois de defender a doutora dos capangas da HR, Reese é pego pelas câmaras da cidade, abrindo uma sequência de verdadeira caça às bruxas. E mesmo correndo de metade dos bandidos de New York, ele ainda é adepto do cavalheirismo e oferece um chocolate para Caroline... que podia até não acalmar, mas era gostoso. Ê, mr. Reese.
Carter e Fusco então entram na dança, cada um ajudando o mesmo homem de terno sem nem ter a mínima ideia. Isso sem contar o cara que estava trabalhando para a HR, ou seja, três pessoas comprometendo a operação de Donelly. Pobre Donelly. Quando finalmente consegue as informações certas, ou meias certas, tem um monte de gente querendo atrapalhar.
Carter, contrariando toda a honestidade que sempre defendeu, e provando toda a lealdade que dedica à Reese e Finch, começa a guiar John no hotel por SMS. Nem precisa dizer que foi lindo, né. Fusco, fazendo de conta que jogava Angry Birds no celular, ajudava Harold a hackear o sistema para desligar todas as comunicações e câmaras do FBI. Nem precisa dizer que foi mais lindo ainda.
Tal “cooperação” faz com que aqueles olhares (in)discretos que os dois vinham trocando explodissem num confronto. Bem como imaginamos, Carter, toda encrenqueira, foi lá enfrentar o colega corrupto, como se ela tivesse o direito... Pensa só: Fusco estava lá melando a operação de Donelly, mas ela também estava! Logo, o sujo foi tirar satisfação com o mal lavado.
Acontece que ela achava que ele estava trabalhando para a HR. E qual não foi a cara dela de “ah, como John é um safado” quando, finalmente, os dois perceberam que ambos colaboravam para o mesmo homem de terno... Ainda bem que eles deixaram para trocar histórias depois e foram salvar Reese lá no hotel, rendendo o primeiro momento dos três juntos, com direito à muita sacanagem por parte de John, claro, que nem perdeu a oportunidade de justificar o porquê de guardar segredo dos dois: “Confiança é complicada, Lionel. Por exemplo, estou em um carro da polícia com um policial que tentou me matar e outra que passou seis meses tentando me prender.”.
Enquanto isso, vemos Alicia ficando frente a frente com Harold. Quantas coisas pudemos ver na conversa dos dois! Primeiro, ela não é má, é triste com os rumos que as coisas tomaram. Segundo, ela realmente lamenta a morte de Nathan e até culpa Harold por isso, ao que ele responde que o amigo morreu porque foi traído pelas pessoas em quem confiava. Terceiro, ela queria desligar a Machine por achar que ela só servia para o mal, e também nem sabia da “lista dos irrelevantes”. E Person of Interest não tem dó... assim que descobrimos a verdade sobre o caráter e as intenções de Corwin, Root vem e dá um tiro na cabeça dela. Adeus, Alicia.
Aliás, preciso mencionar o truque (perfeito) da série em tentar confundir sobre a identidade de Root. Claro, nem todos caíram. Já esta reviewer que vos escreve, tinha quase toda a certeza de que Cara era a vilã. Na verdade, seria um tanto óbvio e não criativo se ela fosse. Reconheço que eu não ficaria chateada, pelo contrário, eu até gostaria. Mas também reconheço que uma nova figura para ser a temível hacker fez tudo ficar melhor. Assim, Cara continua sendo Cara, com sua história e sua antiga ligação com Reese e Snow, num plot que tem muito a ser resolvido. A atriz Amy Acker, de Dollhouse e Alias, entra então para acrescentar uma história e características próprias para Root, a começar pelo seu interesse (maluco) em Harold.
"Oh meu Deus! O que eu fiz para merecer uma mulher louca desse jeito?" |
Pobre Harold. Gente, fiquei com uma pena dele quando Alicia leva um tiro e ele percebe que tudo não passou de uma armadilha! E ainda por cima, Root sequestra nosso querido e vai fazer sabe-se lá o que com ele. Com toda a loucura que existe na cabeça dela, mais a falta de preparo de Finch para situações de perigo, mal dá para esperar até setembro para ver Reese resgatá-lo.
A única coisa interessante nisso tudo (se é que posso chamar de interessante), é que a Machine, aparentemente, vai ter quase uma “vida própria”. Até aqui, ela sempre dependeu de alguém para obter seus achados, fazê-la funcionar, tendo até o poder de desligá-la e ligá-la. Mas agora vimos Reese se comunicando com ela, chamando sua atenção para salvar Harold, que se prejudicou porque “trabalhava para ela”.
Ela avalia que a “continuação das operações está comprometida”, “avalias as opções”, um telefone público toca perto de John e ele atende. Vale lembrar que no episódio anterior Finch disse que, caso algo acontecesse a ele, existia um “plano de contingência”. Será que este plano consistia em permitir que a Machine agisse por conta própria ou que ela fosse desligada? Setembro, chegue logo.
Para finalizar, não podemos esquecer Zoe. Finch a chamou, ela veio toda cheia de charme, com aquelas pernocas imensas, descobriu umas tramoias de Root, fez Reese sorrir, e ainda falou que não existe mulher viva que possa consertá-lo. (Zoe, Zoe, cuidado, o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro.). A visita dela, óbvio, deixou o que já estava perfeito em algo mais perfeito ainda. Ainda bem que Person of Interest reconhece o brilho que a presença dela trás.
Em setembro devemos ver John procurando pelo chefe, e só Deus (e Jonathan Nolan) sabe o que Root estará fazendo com Harold. Carter e Fusco finalmente viraram amiguinhos, e os olhares desconfiados e ameaçadores deram lugar aos sorrisos de cumplicidade. Todos sabem sobre todos agora, então é provável que eles se unam para trazer o criador da Machine de volta. E a criatura, por sua vez, pode ser que se revele muito mais do que sabemos, ajudando também a encontrar aquele que a fez.
Person of Interest é a série que tem uma premissa tão esquisita que tinha tudo para dar errado: “Num clima pós 11 de setembro, o governo manda construir uma máquina que consegue ver as premeditações de crimes, relevantes ou não.”. Mas ela acabou sendo a novidade mais fantástica da Fall Season de 2011. Para começo de conversa, nos apaixonamos pelos protagonistas e suas histórias, sem contar que os dois se completam como arroz e feijão.
A trama consegue nos envolver no presente, dentro dos casos semanais e com seus (muitos) vilões, e também nos prende ao passado, sempre nos fazendo querer saber como e porquê os personagens são o que são hoje. Esta primeira temporada executou perfeitamente sua função: deu identidade e histórico à série, e deixou um cliffhanger que fará os fãs marcarem a contagem regressiva religiosamente. Ainda, POI une ação com drama e alívio cômico, numa combinação tão balanceada que poucos roteiros conseguem alcançar.
Portanto, é com esta rasgação de seda que eu me despeço da temporada. Para alguém que começou a ver Person of Interest porque um amigo praticamente forçou (sim, eu não queria ver!), posso dizer que valeu infinitamente à pena conhecer a obra de Jonathan Nolan. Foi um grande prazer fazer estas reviews, cair em 101% das ciladas do roteiro, e me emocionar com as aventuras de John Badass. Se você que está lendo este texto ainda não viu a série, não perca tempo, você não vai se decepcionar. Mas, se você viu, não tem jeito, você também é fã de carteirinha e está roendo as unhas porque só veremos POI em setembro.
Então, abraços, aguente firme, e até lá!
- Este episódio começou em 17 de maio de 2012, logo depois de Donnelly levar Carter para a sala de controle do FBI, (que tinha Reese e Root num grande monitor monstrando a filmagem que aconteceu duas horas atrás), e voltou para 15 de maio de 2012. Este flashback não é exibido no tom de azul e cinza como os demais, além de não se referir a um personagem específico.
Quotes of Interest:
Reese: Bom dia, Finch.
Finch: Sr. Reese. O que tem feito?
Reese: Corrompendo o detetive Fusco.
Finch: E ele precisa de alguma ajuda nisso?
Finch: Sei que é bom roubando carros. O que acha de helicópteros?
Reese: Faz um bom tempo desde que voei. Posso estar um pouco enferrujado.
Finch: Pelo lado bom, se você não se lembra, a queda será curta...
Root/Caroline: Acho que te devo um pedido de desculpa.
Reese: Por que acha isso?
Root/Caroline: Eu te diagnostiquei como paranoico.
Reese: Só porque você é paranoico não significa que não estão tentando te matar.
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