Quando você encontra a pessoa que te conecta ao mundo... você se torna alguém diferente, alguém melhor. Quando essa pessoa é tirada de você... O que você se torna então?

A frase acima, dita por Reese, ilustra não só a história dele com Jessica, mas, por incrível que pareça, também ilustra a de Finch. Duas histórias de amor, duas tragédias, dois homens que se parecem muito mais do que imaginam. Podemos até relacionar a vida amorosa dos dois com a Machine. Reese perdeu Jessica APESAR da Machine. Harold perdeu Grace (Carrie Preston) POR CAUSA da Machine.

O 1x21, Many Happy Returns, nos conta como foi a morte de Jessica. Reese vai a New Rochelle, depois de escapar da morte em Ordos, atender ao chamado que Jessica tinha feito. Lá ele descobre que ela já tinha morrido há dois meses num acidente de carro. Conforme o episódio vai revelando, e conforme Carter vai descobrindo, vemos que na verdade ela morreu pelas mãos do marido, o que descarta qualquer possibilidade de Snow/Alicia/Cara estarem envolvidos em alguma “conspiração” aqui.

Falando em Carter, Finch mais do que incentiva ela a aceitar a proposta do agente Donelly e ir a New Rochelle atrás da “pista” do homem de terno. O bom é que cada pista que Donelly diz que tem soa sempre muito esquisita. Ele até conseguiu chegar à Peter e Jessica, que de fato pertencem à vida do seu procurado. Mas ele achava que Reese tinha sido contratado pelas pessoas a quem Peter devia para matá-lo. O incentivo de Finch, claro, visava colocar Carter para descobrir a verdadeira história e “proteger” a identidade de Reese, o que a faz ficar muito espantada, afinal a amizade nunca deve ser sobreposta à honestidade...

Enquanto isso, Harold se desdobra tentando esconder o novo CPF de Reese (chamando até Fusco para atrapalhar ajudar), já que havia um marido obsessivo no meio da história. A vítima da vez era Sarah Jennings (Dagmara Dominczyk), que fugia de Brad Jennings (Jeremy Davidson), um policial federal que usava os recursos de seu trabalho para colocar a esposa como fugitiva da polícia. Many Happy Returns deixa implícito que o destino de Peter, o marido de Jessica, não foi dos mais felizes depois de Reese perceber como realmente aconteceu a morte dela. Então consequentemente, Finch querer deixá-lo de fora fazia sentido e até protegia o próprio John, que obviamente não gostou da folga recebida.

A folga, aliás, foi devido ao aniversário dele. Em 1º de maio de 1964 nascia nosso querido Badass, que fez agora 48 anos e ganhou um apartamento de presente. Vale ressaltar que o presente foi muito mais do que merecido. Na cena que mostra ele em sua casa, logo depois de Finch lhe dar a chave, pensei: sendo “empregado” de um homem tão rico, como ele pode morar nessa espelunca? Mas aí lembrei da chave e a ficha caiu. Ainda bem que a ficha de Harold caiu também.

O desenvolvimento do caso trás à tona o pior de Reese, que em certo momento chega a ficar fora de si. Nem mesmo Carter, que tentou convencê-lo como amiga e não como detetive, conseguiu dissuadi-lo de “cuidar” de Brad. Honestamente, pensei que ele não hesitaria em matá-lo, e até acredito que ele realmente assassinou Peter. Se fosse em outra época, se não fosse pela presença de Carter e Finch, não duvido que ele o faria. Mas aqui a influência positiva dos amigos falou mais alto e Brad se livrou do caixão – embora talvez fique na cadeia por um bom tempo.

A amizade também falou mais alto para Carter. Além de triturar as evidências da investigação que envolviam John, ela manteve a foto dele e Jessica juntos, o que pode ser algo ruim futuramente, mas por agora vamos considerar que seja apenas uma demonstração de que ela confia plenamente em Reese mesmo depois de conhecer sua história (ou mais ainda porque conheceu sua história). A foto, aliás, ela conseguiu na casa da mãe de Jessica que nem sequer chegou a conhecer John e ainda acha que Peter era um bom marido.

O CPF de Jessica apareceu na Machine várias e várias vezes em 2010, fator explicado por Finch como sendo os CPFs das vítimas de abuso constante. No hospital, quando Reese descobre sobre a morte dela, lá estava Harold, observando. Esta não é a primeira vez que vimos que ele sabe há muito quem é Reese, mas é sempre bom vermos que a escolha de Harold se pautou nas imensas semelhanças entre eles. Ambos mortos, ambos sem os amores de suas vidas, e ambos incapazes de fazerem algo se não estivessem juntos. Uma combinação perfeita.

O que não é uma combinação perfeita é Alicia Corwin e Nathan Ingram. Alicia já foi e voltou várias vezes em Person of Interest, ora como a funcionária do governo que lida com Nathan, ora como aquela que manda matar todos os envolvidos com a Machine, e agora como alguém que ainda procura limpar os rastros deixados pela absurda criação do governo.

Notamos aqui que Ingram provavelmente não se corrompeu, e que talvez sua morte esteja relacionada ao “trabalho” de Alicia. Na conversa dos dois em 2009, ele deixa escapar que oito pessoas sabem sobre a Machine. Esta deve ter sido a razão dela surtar quando Will citou seu “tio Harold”. Agora, ela não só conseguiu descobrir que havia mesmo uma 8ª pessoa, como gravou uma confissão de Finch dizendo ser o criador da obra.

Henry Peck (Jacob Pitts, de Justified), analista da NSA, consegue chegar (sozinho) à conclusão da existência da Machine. Além dele ficar ligando para Alicia desde o início do episódio, o que pode significar a existência de prévios contatos entre eles, a maneira que Finch recebeu o CPF dele foi um tanto estranha. Reese, que continua cumprindo à risca a tarefa de seguir o chefe, vê o momento em que o número é “revelado” e questiona: “você não conseguiu o CPF lá [na Machine]. É mais sutil do que isso.”

Tudo isto faz de Peck um caso especial. A gente pode pensar que ele foi mais um caso da Machine, e por coincidência o perigo que ele corria estava relacionado à ela, ou podemos pensar que ele estava colaborando com Alicia para chegar à 8ª pessoa. Teorias à parte, ele insistiu com o vice-presidente da NSA, Ted Gibbons (que deve fazer parte dos “sete” que sabiam sobre a Machine), que não sabia a razão de ter sua vida virada de cabeça para baixo. Segundo ele, o nome “Carlson”, que estava em seu relatório e foi a chave para a “resolução do caso”, foi adicionado no escritório de Alicia (fechado há um ano), não por ele.

Como quem soma um mais um, ele nota que há outros 5 casos como este, com nomes relacionados a casos de terrorismo sendo sempre relacionados às soluções destes casos, o que o leva a completar que deve haver algum instrumento do governo que seja imenso a ponto de conseguir tamanha proeza. (O bom é que a pessoa para quem ele fala tudo isso é Fusco, e NÃO Carter!).

Não foi só Peck que questionou, Reese também disse querer saber sobre a Machine, especialmente se “algo acontecer” com Finch e ele precisar continuar o trabalho. A partir daí, descobrimos que Nathan providenciou um plano de contingência, a contragosto de Harold. Nenhum dos dois confiavam em outra pessoa que não fosse um dos dois, mas só Ingram reconhecia que até a Machine precisava de uma “porta de saída”, porta esta que agora serve de seguro para Finch.

O cuidado que Harold tem ao tentar colocar Peck longe do poder de destruição da Machine até apavora, mas assumindo que ele perdeu Nathan por causa dela, faz sentido. Grace, no entanto, foi alguém que ele pode salvar a tempo, forjando sua própria morte para que ela pudesse viver. Mais poético do que isso é ele estar sempre perto dela, cuidado dela (mesmo que ela nem imagine) e até construir um aplicativo que o impeça de chegar perto demais.

Agora que Alicia descobriu sua identidade, todo este esforço para permanecer “morto” pode ter caído por terra. Ainda não dá para saber da verdadeira intenção dela, visto que, aparentemente, ela não trabalha para o governo mais e até foge do alcance da Machine. Mas em Person of Interest ninguém, absolutamente ninguém é de confiança. Muito menos Alicia Corwin.


 Observações:

- Foi muito, muito lindo Person of Interest chamar Carrie Preston para ser o par romântico de Harold. (Se alguém ainda não sabe, eles são casados na vida real.).

- Jessica está mesmo morta. Lá se foram as minhas esperanças dela voltar para Reese e tirar ele da solidão...

- Nathan dando lição em Finch: Todo mundo é relevante para alguém.

- Harold mantinha segredos até de Nathan! (Em 2009 ele já estava com Grace e omitiu isto de seu melhor amigo).

- As constantes entreolhadas entre Fusco e Carter ainda vão render. Do jeito que ela é encrenqueira, briga is coming...

- O homem por trás da tentativa de assassinato de Peck, interpretado por Jay O. Sanders, não teve o nome citado no episódio 2x22. Provavelmente marcará presença na 2ª temporada, ou mesmo na Season Finale.

- A foto que Carter guardou de Reese e Jessica:


- E aqui a foto que John viu quando estava na casa de Grace:


- 1x21 -Os arquivos militares de John que Carter olha, revelam que o nome do meio dele começa com H.

- 1x21 - O jogo que Reese joga com Mr. Ruan é chamado de Xiangqi, e é uma versão chinesa de xadrex.

- 1x21 - O cartão que Finch entrega para Reese, contendo o endereço do novo apartamento, está nomeado como Harold Wren.

- O título de 1x22, "No Good Deed", é retirado da fala de Nathan: "No good deed goes unpunished", algo como "Nenhuma boa ação passa impune":
  * A construção da máquina levou à demissão de Henry Peck e à experiência de quase-morte dele.
  * A criação da Máquina (boa ação), levar à morte e ferimentos (castigo) de Ingram e Finch pelas pessoas que protegem a máquina.

- Finch: Eu tive sorte. Foram quatro anos de... felicidade. Algumas pessoas só têm quatro dias.

- Música-tema do 1x21: Danger Mouse & SparklehorseRevenge.

- Música-tema do 1x22: David Bowe, I'm Afraid of Americans, que tem, digamos, uma letra bem sutil e combina direitinho com o episódio.

- Person of Interest tem uma coleção de vilões: Snow, Elias, Root, (talvez) Alicia, HR e por aí vai. Quem você acha que vai dominar a Season Finale? Será que será a HR com o encontro que Fusco conseguiu com o líder da organização?

@nanydng

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