Tonight's the night. And it's going to happen again, and again...
Herói de Miami, legista especialista em ‘respingos de sangue’, irmão, namorado e serial-killer. Quem é Dexter? Um único personagem que carrega o paradoxo do bem e do mal, do certo e do errado e conceituando códigos de justiça da lei de sobrevivência da natureza. Baseada na obra de Jeff Lindsay, “Dexter” é irredutivelmente uma série espetacular que atualmente caminha para uma 6ª temporada marcando uma jornada de muitas altas e pouquíssimas baixas. E com tantos bons momentos, que tal relembrar como tudo começou?
Para quem já teve a oportunidade de assistir a todos os episódios já exibidos da série, é fácil dizer que a 1ª temporada é uma das melhores, se não a melhor da série. Com uma trama bem amarrada com o típico ‘quem matou?’, ‘quem é o assassino?’ o primeiro ano de “Dexter” surpreende por mostrar os conflitos internos de um psicopata que finge emoções à todo momento e por este mesmo psicopata ser Dexter Morgan, protagonista da série.
A vida de legista na ‘Miami Metro’ auxilia Dexter em suas caçadas e ao mesmo tempo traz a série um âmbito climático de perigo constante. O ‘bom’ moço é querido por todos por suas demonstrações de afeto tímidas (por serem fingidas) e seu senso de humor mórbido. Contudo um único policial desconfia do caráter do nosso serial-killer, o Sargento Doakes.
Como esta personagem é destaque da temporada posterior deixarei Doakes para um próximo comentário e falarei daquele que assustou à todos e fascinou outros com seus assassinatos a ‘sangue frio’ (perdoem o trocadilho). O Assassino do Caminhão de Gelo, (ou Ice-Truck-Killer, como queira) foi um dos personagens mais bem construídos pela mente criativa de Jeff Lindsay e que foi tão bem executado na série.
A genialidade do protagonista, assim como seu gosto mórbido e perfeccionismo em seus rituais e caçadas tornam dele o perfeito engenheiro de castelos de cartas, assim, quando uma é retirada tudo desmorona sobre sua cabeça e a correria tira o fôlego de quem está acompanhando aos seus episódios.
A caçada de “Dexter” torna-se pessoal após descobertas de um passado que foi capaz de abalar a mente impenetrável de nosso herói e trago a tona por Ludy Cooper em um ensangüentado quarto de Hotel que recria a cena que deu nascimento ao monstro que ele se considera ser.
O famigerado assassino é revelado e o ritmo dos episódios finais da temporada tornam-se intoxicantes. Eu particularmente assisti aos 4 últimos episódios em sequência graças aos cliffhangers atrás de clffhangers, plots twists após plots twists e assim por diante.
Este ritmo que “Dexter” transpõe é algo espetacular e difícil de desandar. Primeiramente, o recurso narrativo que nos faz acompanhar os pensamentos de Dexter por via da voz grave de Michael C. Hall passa toda a sua fascinação sobre o trabalho do Ice-Truck-Killer e também algumas explosões e descontroles do personagem que são tão bem interpretadas pelo ator. Com o decorrer da trama é fácil visualizar uma crescente incrível, digo e repito, quando você começa a assistir em maratona, é impossível parar.
O piloto de “Dexter” é a meu ver mediano, para o que se diz respeito a ‘um primeiro episódio de série’, afinal, a primeira impressão conta bastante. Me enganei feio quando vi que a série tinha muito mais a oferecer e não obstante a isto se concretizou sua Season Finale que classifico simplesmente como espetacular.
Vale ressaltar que é nesta temporada que conhecemos personagens como: LaGuerta, tenente do Departamento de polícia de Miami e que tem uma aparente queda por Dexter; Batista, policial honesto, latino e que só usa camisas de estampas chamativas; Masuka, linfomaníaco e geek de laboratório e Harry, personagem do passado de Dexter que sempre o revisita em suas lições.
Os diálogos entre pai e filho - descobrindo juntos a sede insaciável por sangue e como canalizar isto - eram sempre muito interessantes de se assistir, mas nota-se no final da temporada que Harry mentiu sobre muita coisa do passado de Dexter e isso o leva a duvidar do tal ‘código’ que tenta ser abalado pelo Ice Truck Killer quando ele oferece Debra como a próxima vítima. Optar por sua irmã adotiva ao invés do seu verdadeiro irmão – o único que realmente o aceitou da maneira que é até aquele momento – foi uma escolha difícil para Dexter, vale pontuar que no fim da temporada ele diz ser o único que chora pela sua morte, enquanto Miami se vangloria pelo “suicídio” de um dos mais assustadores assassinos que a cidade já conheceu.
Além do mais, o relacionamento Dexter/Debra ganha alto destaque quando o serial-killer se encontra cara a cara com situações que demandam alguma reação emocional. Como a relação de irmão é uma das mais intimas que um ser humano pode ter, Debra parece ser a única pessoa pela qual Dexter aparenta se importar (pelo menos nesta 1ª temporada).
Temos também Rita Bennet, personagem regular na série procurada por Dexter por sua fragilidade. Rita seria a mulher perfeita para ele, já que danificada pelos abusos de seu ex-marido Paul, ela não optaria por levar a relação dos dois para um lado sexual tão cedo, pelo menos era isto que Dexter esperava quando a conheceu. Paul tornasse o vilão coadjuvante da temporada e uma espécie de tentação ao ‘passageiro sombrio’. Feito bem sucedido, Paul retorna a cadeia deixando para trás um sapato que futuramente traria outros problemas o nosso herói.
Os momentos de alívio cômico são também ponto alto em “Dexter”. A série sempre procura oscilar entre momentos de descontração e de pura tensão, fazendo desta uma combinação deliciosa de se assistir. É ainda destacável a opção dos roteiristas de fazer com que o fim da temporada fosse anti-climático em seus 3 minutos finais. Dexter sendo aclamado como um verdadeiro herói quando chega ao local da morte do Ice-Truck-Killer é uma das minhas cenas favoritas na série que fechou com chave de ouro uma temporada tão sensacional quanto.
Melhores frases:
Dexter: “Sangue, as vezes me faz ranger os dentes, outras vezes me ajuda a controlar o caos” 1.01 - Piloto
Dexter: “As pessoas fingem uma interação humana, eu finjo todas, e as finjo muito bem” 1.01 - Piloto
Dexter: “Não há segredos na vida, apenas verdades que ficam sob a superfície” 1.02 - Crocodile
Dexter: “Harry me ensinou que a morte não é o fim, é o começo de uma reação em cadeia que te pegará se não for cuidadoso, me ensinou que nenhum de nós é o que aparenta ser por fora. Mas precisamos manter aparências para sobreviver. Mas tem algo que Harry não me ensinou, algo que ele não sabia, não poderia saber. Tirar uma vida conscientemente representa o desligamento definitivo com a humanidade. Te transforma num estranho” 1.03 – Popping Cherry
Harry: “Você não pode ser um valentão, Dexter. Em primeiro lugar, está errado. Em segundo lugar, as pessoas se lembram de valentões” 1.04 – Let’s Give The Boy a Hand
Dexter: “De alguma forma é re-confortante saber que eu não sou o único a fingir ser normal” 1.05 – Love American Style
Dexter: “É assim que vai acabar? Nas mãos de uma criança de sete anos? E eu normalmente gosto de crianças” 1.06 – Return To Sender
Dexter: “O FBI estima que existam menos de 50 serial killers, em atividade nos EUA hoje. Não fazemos reuniõezinhas em convenções, nem compartilhamos segredos do trabalho ou trocamos cartões de natal. Mas às vezes me pergunto como deve ser para os outros. O único som que escuto, o único som no mundo inteiro. É o meu coração batendo” 1.07 – Circle of Friends
Dexter: “Toda vez que eu durmo com alguma mulher, ela me vê por dentro, pelo o que realmente sou. Vazio. E então ela vai embora. Mas não quero que Rita vá embora. Tenho que lidar com isso. Não posso matar Meridian agora. Tenho que ter mais uma sessão de terapia” 1.08 – Shrink Wrap
Dexter: “Tive um pai. Outra pessoa que me chamava de filho além de Harry. Esta possibilidade nunca passou pela minha cabeça, Harry era tudo que eu precisava. Era Harry quem tinha todas as respostas. Ele sabia quem era mau, bom, seguro... e perigoso. Construí minha vida baseada no código de Harry – Eu vivo por ele. Mas Harry mentiu. Porque ele faria isso? O que mais eu não sei? Minha construção de concreto está se transformando em areia movediça; talvez Rudy estivesse certo - você nunca pode conhecer alguém de verdade” 1.09 – Father Knows Best
Levítico 10:3 “Serei santificado naqueles que se chaguem a mim, e serei glorificado diande de todo o povo” 1.10 – Seeing Red
Dexter: “Eu nunca dei muita atenção para o conceito de inferno, mas se o inferno existe, eu estou nele. As mesmas imagens passando pela minha cabeça de novo e de novo. Eu estava lá. Vi a morte da minha mãe. A memória enterrada e esquecida por todos esses anos. Ele subiu dentro de mim naquele dia. E ele estava lá desde então. O meu Passageiro” 1.11 – Truth Be Told”
Dexter: “Às vezes me pergunto se tudo que eu tenho oculto dentro de mim fosse revelado. Mas eu nunca vou saber. Eu vivo minha vida me escondendo. Minha sobrevivência depende disso” 1.12 – Born Free (Season Finale)
Dexter: “Todo mundo provavelmente me agradeceria se soubessem que fui eu que drenou sua vida. Na verdade, dentro de mim, eu tenho certeza que eles apreciariam muito o meu trabalho. Isto é o que deve parecer andando em plena luz do sol. Minha escuridão revelada, a minha sombra abraçada. Sim, eles me vêem. Eu sou um deles, em seus sonhos mais sombrios” 1.12 - Born Free (Season Finale)
Continuarei com os comentários sobre a série nas próximas semanas enquanto a 6ª temporada não chega, portanto, fiquem ligados.
Até a próxima!
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