Simplesmente brilhante!


Depois de uma primeira temporada que já mostrava potencial e uma qualidade acima da média, The Good Wife fechou nessa semana uma segunda temporada que chegou bem próximo do nível de excelência, o que é um feito incrível se considerarmos a quantidade elevada de episódios comuns nas séries de TV aberta. A série mostrou sem sombra de dúvida que o “good” do seu título não está ali por acaso.

Como resumir em um texto uma temporada quase perfeita? Eu escolhi focar em cinco personagens importantes da série e como cada um evoluiu e brilhou nesta temporada. Peço que vocês me acompanhem.


Alicia Florrick

A “boa esposa” foi praticamente uma montanha-russa emocional durante toda a temporada. Vimos Alicia ser tanto dura e fria enfrentando os mais ardorosos e fantásticos advogados e promotores nos julgamentos, como chorar e desabafar emocionalmente ao ser confrontada com segredos do passado.

A personagem construída pela Julianna Margulies ao longo dessas duas temporadas (que já lhe valeu um Globo de Ouro no ano passado e uma indicação ao Emmy de Melhor Atriz em Série Dramática) é magnífica de uma maneira que é difícil de descrever. O que mais surpreende é como Alicia Florrick é capaz de transmitir o que pensa ou sente apenas com um olhar ou gesto, o que mostra o quanto a atriz que a interpreta a incorpora de forma intensa e vigorosa, criando assim uma conexão única e profunda com aqueles que acompanham a sua história.

A encruzilhada que Alicia teve que lidar entre fazer o que era preciso para manter sua família unida, buscando ao mesmo tempo ser bem sucedida em sua carreira e, mais importante, conseguir ser finalmente feliz, mostrou-se uma jornada cheia de pedras e flores, mas que foi essencialmente marcada por decisões importantes para o futuro dela e da série.

Se na 1ª temporada, a personagem mostrava lampejos de ser uma mulher determinada, nessa temporada que se encerra ela não deixa dúvidas: cansou de ter que carregar o peso do mundo nas costas. Ela se deu conta que não cabia a ela sacrificar sua felicidade para satisfazer os sonhos, esperanças e felicidades dos outros. Alicia deixou toda aquela personalidade forte sair do casulo e teve a coragem de dar um basta a sua atual situação. Ela permitiu que aquela Alicia confiante e forte que conhecemos não apenas desse as cartas nos tribunais, como também em outras áreas da sua vida. Ela descobriu que podia ser permitir ser ela mesma, sem medo e sem pressa.

Estou ansioso desde já para conferir o que essa nova e ao mesmo tempo real Alicia irá realizar na 3ª temporada da série.


Kalinda Sharma

Se a Archie Panjabi levou o Emmy ano passado pela sua atuação como Kalinda, surpreendendo muita gente, dessa vez não há mais como ser pego de surpresa caso ela vença novamente. Sua personagem foi ao lado de Alicia uma das grandes estrelas da temporada, chegando, em vários episódios, a se tornar até mais atraente e chamativa com suas tramas do que a protagonista. Não tenho medo em afirmar que Kalinda é uma das personagens mais fantásticas e interessantes entre as séries em exibição da atualidade.

Na temporada estreante, não sabíamos bem quem ela era e quais eram suas reais intenções, mesmo assim simpatizamos com aquela mulher que em pouco tempo se tornou não só a melhor amiga de Alicia como uma das co-estrelas da série.

Hoje em dia é impossível comentar sobre The Good Wife e não citar (e elogiar) a personagem Kalinda. Justamente por isso foi triste o que vimos acontecer com ela nessa temporada. As revelações sobre seu passado, em grande parte por culpa do Blake, o outro investigador da firma, mostraram que o lado sombrio que a personagem parecia ostentar era bem mais do que simples aparência. O passado de Kalinda foi, na realidade, o grande fio condutor de uma parte significativa da trama principal da temporada. Ao descobrirmos que ela tinha mudado seu nome com a ajuda de Peter Florrick, fugindo de toda uma vida que ela tinha no Canadá, ao preço de uma noite de sexo foi chocante. Mais chocante ainda porque toda aquela confiança inabalável que ela transmitiu durante quase toda a série foi abalada de forma profunda com os acontecimentos finais vistos na temporada.

Fato é que o futuro de Kalinda na Lockhart & Gardner fica um tanto confuso dado ao fato de que sua ex-melhor amiga agora se tornará cada vez mais poderosa dentro da firma e suas opções de trabalho não são de seu interesse. Veremos o que os roteiristas guardam para a personagem.


Eli Gold

Eis um caso curioso: se na 1ª temporada os roteiristas nos fizeram odiar o personagem, na 2ª temporada eles nos fizeram adorá-lo e amá-lo. A raposa sem escrúpulos, chefe da campanha política de Peter, revelou-se ser um homem de moral, de família e dono de um bom coração. Não que tudo o que tivéssemos visto até aqui dele fosse mentira. Na verdade, o personagem mostrou exatamente o nível de primor do roteiro da série. The Good Wife fez com que percebêssemos que julgamentos morais são uma questão de perspectiva. Ao brincar com esse jogo de ilusões e máscaras, os mocinhos se tornam os caras maus e os vilões os bonzinhos. Assim o foi com Eli.

O personagem conquistou o respeito de Alicia ao buscar sempre respeitá-la, especialmente indo contra os seus próprios interesses muitas vezes. Isso sem contar o fato dele se apaixonar por uma garota inteligente e esforçada, que produziu nele um conflito moral excelente durante um arco da temporada, e sua relação bagunçada com sua filha adolescente, que se preocupa com o coração do pai.

Sendo bem sucedido recolocando Peter de volta na chefia da procuradoria, depois de uma guerra intensa durante a campanha política, o personagem agora se tornará a ponte política da Lockhart & Gardner na 3ª temporada, criando infelizmente um forte conflito com a sua amiga informal Alicia. Só me resta bater palmas ao trabalho excelente do Alan Cumming com seu personagem.


Cary Agos

O oponente de Alicia teve pela frente o desafio de se tornar o maior contraponto dela dentro dos tribunais. Agindo como promotor, Cary mostrou ser sim um bom advogado e um oponente a altura do desafio, tanto que chegou a ganhar e/ou provocar feridas consideráveis em alguns dos casos da Lockhart & Gardner.

Mesmo parecendo um tanto perdido em alguns dos episódios e até mesmo subutilizado em certas tramas, não dá para negar que o personagem se tornou mais maduro. Agora ele não é apenas mais uma peça no grande jogo, e sim um jogador dele, algo que conquistou com perseverança e inteligência.

Espero que ele volte mais afiado ainda na nova temporada da série, especialmente agora que estará lutando contra a Lockhart & Gardner ao lado de Peter na procuradoria.


Will Gardner

Will lutou, ficou perdido, nervoso, triste, foi frio, desonesto, manipulador, brilhante e traíra. Sendo essa mistura contraditória e confusa, como pode Alicia ter se apaixonado por ele? Simples. Ao contrário do seu marido, Will usa máscaras, mas não esconde isso. Nota-se aqui que enquanto Peter Florrick buscava rendenção, Will foi apenas ele mesmo. Will não é um super-homem, ele é humano. Foi justamente essa sua humanidade que tocou Alicia. Toda essa contradição em ser um canalha frio num dia e no seguinte ser alguém altruísta e bondoso mostra que ele tem qualidades e falhas, e é a soma dessas características que o tornam admirável. O tornam apaixonante.

A briga dentro da Lockhart & Gardner, inicialmente pela sobrevivência da firma e depois pela sua expansão, foi bem atraente. Acompanhar as traições, maquinações, jogos de poder, interesses escusos e conflitos com a promotoria e outras firmas contribuíram com ótimos momentos na temporada, em particular as participações especiais de vários atores, incluindo aí Michael J. Fox.

Will tem podres a esconder, sendo seu passado tão sujo quanto o de Kalinda, e acredito que ele será confrontado por ele na próxima temporada. A questão agora é como ele lidará com seu passado ao mesmo tempo em que busca conseguir a confiança de Alicia, provando que ele a merece.

Considerações Finais:

Adorei essa temporada e definitivamente a série entrou para o “Top Five” das minhas séries favoritas depois dela. E que venha a 3ª temporada melhor ainda do que está foi. Até lá.

Até lá.

Por: @Adriel Santana

Postar um comentário Disqus

 
Top