“Você pode cozinhar a fórmula de Walter?”
Na primeira vez que fora mencionado “Bug” como título do episódio desta semana de “Breaking Bad” a grande maioria, logo de cara, optou por associá-lo a “Fly”. Em tese, não há razão para nomeá-lo desta forma, mas olhando pelo panorama geral, veremos que “Fly” marcou o início da decadência da relação de Walter e Jesse, enquanto “Bug” a finalizou de forma primordial.
A película que mantinha a relação de lealdade e companheirismo entre os dois, enfim, rompe-se. Personagens que antes compartilhavam de interesses em comum desde a 1ª temporada, mas com contrastes gritantes, viram-se um contra o outro no momento em que mais necessitam de ajuda mútua. E apesar de egocêntrico, devo confessar que tomei o lado de Walter neste episódio.
Este se encontra ao máximo sob pressão e por não poder ter o absoluto controle quanto as decisões de Jesse, torna-se o protagonista secundário. Walter tenta alertá-lo sobre a manipulação de Gus e Mike, mas Jesse parece não dar ouvidos. Ambos dialogam como se houvesse um muro de 5 metros que os dividisse. Note que a relação deixou de ser sincera, sendo enfocada na cena do estacionamento da lavanderia em que um pergunta o que o outro tem feito. Nesta sequência, devemos também pontuar como subjetivamente os roteiristas citam o câncer de Walter e como seu comportamento parece mais ameno desde a consulta do episódio anterior. A meu ver, a doença está em regresso.
Na trama, Jesse é convidado para jantar. Cego sob as intenções de Gus, assim como nós, questionou se enfim o momento havia chegado. Jesse teve sua chance de acabar de uma vez por todas com seus tormentos, mas falhou. “Você pode cozinhar a fórmula de Walter?”, eis a pergunta que coloca nosso protagonista na fila para o extermínio e todos a sua volta em linha de queda, como peças de dominó empilhadas em um padrão linear. Assim, Gus continua a usar dos seus artifícios para chegar até Jesse e conseguir que este ensine sua fórmula ao cartel no México.
As palavras deste foram mais que convincentes. Porém, viemos a conhecê-lo e sabemos do que é capaz. Diante disto, não acredito em uma única palavra do que disse. Afinal, o Gus que caminha entre balas na direção do atirador vai muito além do ser humano frágil que nos deparamos em “Hermanos”. A propósito que tensão inextricável aquele tiroteio.
Dito isso, cabe a eu elogiar a música e os tons da temporada, que primam pelo barulho de correntes e que dão textura a cenas sensacionais como a morte de um dos capangas de Gus acompanhada do choque de Jesse e o posterior resgate pelas mãos de Mike.
Quanto a Skyler, esta se encontra afastada dos demais personagens em grande parte de “Bug”, mas com grande destaque. Desta vez, para auxiliar o ex-amante Ted em suas discrepâncias com a receita federal. Um detalhe este que em meio às tramas da temporada passada poderia ter sido facilmente esquecido com coêrencia. Porém, sabemos das proezas de Vince Gilligan e da sua genialidade. O problema é que Skyler não pode e nem deve se envolver em suas sujeiras e cabe a nós questionarmos se ela pagará a dívida de Ted, ou não. Acredito que sim. Vale pontuar que Skyler mais uma vez se viu testada e forçada a manipular a lei. Sobre isto, se saiu melhor impossível no papel da contadora pirua do Ted, além de amante.
A cena final não poderia ser mais triste para os fãs da dupla. Com Walter acusando Jesse de assinar seu mandato de morte, os dois acabam lutando. Neste momento, recordei do diálogo do jantar na casa de Gus, onde Jesse defende Walter quando questionado a respeito da fórmula de crystal meth, assim como o sentimento de ‘lealdade’ mantinha-se vivo naquele ponto. Porém, as diferenças eclodiram no final de uma relação que outrora fora conhecida como amizade ou companheirismo para então contemplarmos em um plano afastado a cena de abertura do episódio, com Walter pegando seus óculos enquanto sangra.
Diante da perspectiva de que estamos a 3 episódios do final da temporada, acredito que é a partir deste ponto que as coisas começam a ‘breaking bad’. “Bug” deu o primeiro passo para os acontecimentos que o sucederão e talvez não tenha sido o melhor da temporada, ou um filler genial como “Fly”, mas um episódio sólido, preparatório e essencial.
PS.: Jesse é genial: "E se, tipo, todo o equipamento estiver em Mexicano, ao invés de Inglês?"
PS.: Jesse é genial: "E se, tipo, todo o equipamento estiver em Mexicano, ao invés de Inglês?"
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